Amor Alucinante...
 
Encantado pelo todo dela,  se enganava.
Ora, é um fingidor quem ri diante do estado de solidão batendo. Desse amor aluciante por ela, somente por ela, que doi implacávelmente toda vez que ela vai embora.
Está cansado de se entranhar naqueles sertões que misturam dor e prazer.  
 
“Você não tem nada” ─ ouve-se dizer. ─ "Tarde demais para você, César".
Ele a amara desde que o irmão mais velho a trouxera para casa, há dez anos.
Enquanto Cecília e o irmão ─ ele, presidente da construtora da família ─  ela, uma CEO importante — contruiam uma família juntos, tinham filhos, envelheciam, ele não podia. 
A vida passava por ele. E ele, congelado no tempo feito uma estátua, esperava por uma coisa que nunca ia acontecer.
O irmão a amava.
E eles, tinham o que tinham. Negavam isso. Ah, eles negavam. Fingiam que não estava acontecendo.
Que eram adequados e honestos. E, enquanto isso, e de repente, Cecília e ele estavam transando no "closet"  no dia do jantar de noivado do seu irmão.
 
"Você não tem nada". ─ torna a se ouvir ─ "Tudo o que tem é só um monte de segredos e mentiras que ousa chamar de amor. Vivendo por momentos roubados em armários, de encontros furtivos em motéis, e fica dizendo a si mesmo que é real.
Acha que são momentos de uma coisa verdadeira, mas não são".
 
Furioso consigo mesmo, decide a dar um jeito na situação. Bate um fio para ela. Insiste que largue tudo, que venha com ele. Podem ir pra onde ela quiser. Ele tem dinheiro. Um pouco menos que o irmão, ainda assim, muito dinheiro. 
Cecília declina. Reafirma que não irá com ele a lugar algum. Que o ama, mas não vai largar poder e posição tão duramente conquistados.

A resposta da mulher por quem abrira mão de tudo, até da sua dignidade, abala-o. Ele insiste. Vai mais longe. Ameaça-a: 
─ Meu irmão vai adorar saber quem, de verdade, é a mulher com quem se casou. Onde e com quem ela vive se pegando por aí. As tardes que curte pelos motéis da vida.
Ela ri. O tom é carregado de amargura
─ Ele sabe, meu querido. Sempre soube. Mas em prol da sua maldita família e, muito a fim de evitar escândalos, tem se calado por todos esses anos. 
O maxilar de Cesar está rígido feito pedra. Os lábios, uma linha fina e dura , apertados  pela raiva.

Cecília, continua: 
 Por quê estragar tudo, César? A mentira não é nada se você se perdoar. Não permitir que ela o destrua. 
─  Quando foi que você se transformou nessa pessoa fria? A traição sempre tem um preço, minha cara. O preço é muito maior e vem com juros.

─ Parece solitário, e é  ─ admite, Cecília.  ─ Mas é isso que faz o mundo girar. Poder, dinheiro, sexo, ciúme, insegurança. A história está cheia de exemplos. 


Decepcionado, ele reafirma que se o poder é quem manda na vida dela, amanhã estará nas páginas de todos os jornais, nas redes sociais, no Inferno que seja, lances e fotos sensuais dela como o irmão caçula do poderoso presidente da CREG. 
─ Quero ver, pedra por pedra dessa maldita empresa cair. As ações despencarem. Será o caos! ─ E completando com amarga solidão: ─ Vocês dois se merecem. 

Tarde da noite do mesmo dia, quando Cesar entra em seu apartamento, uma inesperada e prazerosa surpresa fá-lo abrir um largo sorriso.  

 Um tiro com silenciador corta a pequena distância. Um corpo cai. Uma poça de sangue aumenta pelo chão de granito seguido da certificação de que a vítima está realmente morta.
─ Está feito!
Uma figura encapuzada, fina e delgada, deixa o apartamento desaparecendo  no  escuro silencioso. 
Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 03/03/2017
Reeditado em 04/03/2017
Código do texto: T5929788
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