Quando souber eu Digo

Sigo balançando os galhos da macieira, quem sabe cai uma Eva (estou viúvo, minha mulher papagaio de pirata, vivia no meu ombro e morreu de desgosto) com carros importados, smartphones de última geração, televisores de 50 polegadas, home teather europeus, castelo em Atibaia com piscinas, grandes latifúndios com vigorosa boiada de corte, viagens ao exterior todo mês, triplex em São B. do Campo, de pernas abertas por R$ 1,99 (um real e noventa e nove centavos) para um Adão socialista que detesta trabalho. Aliás, cortei o dedo mínimo e montei os sindicatos no paraíso, precisamente, para não ter vínculo empregatício e atividade remunerada.

As abelhas só produzem mel e a cigarra estufa o peito cantando canta até morrer, porque não sabem onde fica a cidade de Brasília. Conheço uma formiga que carregou uma folha vinda de longe, aproximando do buraco deu uma paradinha para descansar e arriou o peso no chão, veio o vento e levou sua provisão para suprir o inverno e estação das chuvas. Coitada, tanto trabalho para nada. Mas eu não desamparo os meus e para assisti-la, recebe todos os meses uma bolsa auxílio, que todos pensam que foi instituída no país por mim, mas na verdade foi criada pela Ruth Cardoso e assinada em lei pelo FHC. Detesto esses dois. Humm, falei bobagem! Por favor, desconsidere o descrito.

Contrário da fome, que foi meu carro-mestre de campanha, em Brasília tem tudo a tempo e à hora. Comida boa, morada cinco estrelas, avião para qualquer lugar do mundo gratuitamente. Presentes finos em barras de ouro para a família e em prata para os entes em sexto grau.

Em 2003, enquanto as cigarras, formigas, abelhas, porcos, bois, cães, gatos e outros bichos bailavam conforme a música, chamei o PMDB para se juntar aos camaradas. Vieram todos arreganhando os dentes alvos como porcelana. Trazendo o partido para o meu lado, desarmei o inimigo. Com o tempo percebi que nem tanto, aliás possuíam um arsenal de armas. Assim como deram golpe ideológico, eles foram traidores e deram golpe político. Não esperava por isso, afinal, dei poder e asas para todas as serpentes que no passado eram minhas inimigas e fui picado. Quanta ingratidão desse fulano.

De qualquer maneira, juntos e misturados, mandamos e desmandamos. Criei cargos fantasmas. Avisei a vovozinha para tomar cuidado, pois nomeei Lobão, começa pelo nome, para Ministro de Energia. A tarifa foi às alturas. Meu inseparável amigo Mercadante, economista dos bons, botei na pasta da Ciência e Tecnologia. Não me decepcionou sabe tudo de recursos naturais. Dispensei a Marina que era bocuda em demasia e falava pelos cotovelos em defesa de matas, nascentes, animais, enfim, em nome da fauna e flora. Por que falar e preservar animais e florestas, sendo que não dão votos?

Despi a Erundina para todos verem o que ela tem debaixo da saia. Outra traidora. Descolei um favorzinho para o Haddad com o Maluf, (outro que detestava no passado mas hoje digo que é meu melhor amigo) ou melhor pedi votos para ele induzir o seu eleitorado a votar e ajudar a eleger o turco Haddad prefeito de São Paulo. Pintou ciclovia com o vermelho do socialismo. Fiquei imensamente feliz pelo apreço com os camaradas. E peço seu voto para voltar a balançar a roseira. Botar para... para... quebrar. Não ponha más palavras em minha boca honesta.

Aprovei o que eu bem entendi e quis. Copa do mundo; jogos Olímpicos, Olim-piadas para pessoas com pernas e braços e sem eles também. Se você não sabe quanto foi gastos com os mega-eventos, não será eu que vou saber. Até o Papa papai papudo, arranquei de Roma e consegui trazer para fazer folia aqui. Um auê dos diabos! Lúcifer deu risadas no inferno; porque o santíssimo Papa é argentino, nacionalidade que meu povo detesta, mas e daí? Para tanger boiada, ferroar manada de cegos, pode ser de qualquer nacionalidade. Por onde caminha a religião, sempre tem um séquito de seguidores esperando com fé e braços cruzados a chuva descer em goteiras do céu. Assistidos: assim criei e formei meu povo. E me retribuíram os donativos recebidos. Fui eleito e reeleito. Bato no peito e digo que sou o homem que mais viajou no mundo às custas da miséria dos analfabetos políticos. Enquanto existir bobos, os reis podem morrer de qualquer doença, exceto de depressão. Como sorri; viajei, comi; bebi; dormi; enganei; trapaceei e...; o resto mais não posso dizer. Compromisso assumido com o meu slogan: "não sei de nada; sou surdo, mudo e cego."

Eu e a minha patota P-emedebestas, que de besta não tem nada, fizemos e pintamos o diabo; para a minha traidora pedalar, pedalar e acabar com tudo; por isto, fiquei sem minha magrela. Nunca ouviu em magrela de aço: bicicleta ingênuo. Estou andando a pé. E você Recantista, acredita em minhas falácias. Eu, anarquista reacionário do mal?

Não, sou bonzinho e socialista do bem... talvez, o Jesus Cristo dos dias de hoje. Como Marx, Stalin, Trotski e o mais novo irmão de luta, Lula no Brasil, não socializo nada que é meu. Milagres? Faço sim: um deles, é a obra da hidrelétrica Belo Monte. Desmontei os montes, para a energia que move o país passar. Se o povo não vai à Belo Monte, a energia gerada pela hidrelétrica vai até o povo. Também faço chover no sertão... dentre outros, procure saber sobre a transposição do Velho Chico. Nem santo segura um socialista marxista, como eu! Êpa, respeito comigo, hein: charlatão socialista, não. Se continuar com gracinha, chamo o juiz Moro para você, Recantista!

Quem é que assinada por este e está procurando por uma Eva para trazer para o paraíso? Quando souber eu digo. Por enquanto, num sei de nada companheiros e quem sabia, morreu... como Sócrates, o que sei, é que nada sei; mas uma estrela vai brilhar em seu caminho. Tudo é luz e mistério. Entendeu ministério, pois então, vem comigo, camarada! É para o plano alto e silenciosos dos Ministérios na madrugada é que sua excelência está sendo convidado. Vem comigo... e deixa o resto por minha conta... é lá que os ratos trabalham incansavelmente para operar as vossas despensas; ambiente o qual guarda o queijo nosso de cada mordida. Se no seu meio tudo é mistério, lá tudo é às claras! Óbvio e enquanto todos dormem em noites breu soturno, no ministério, tudo é às claras. Gemas amarelas por dentro e cascas brancas feitas de calcário por fora. E tudo termina em ovos; quando não, em ovas.

Isso é a única coisa que sei, o resto mais, não sei de nada; mas quando souber, desde que com uns contos de Reais ou em centavos de dólar, te conto em outro conto. E de conto em conto, sobre o que não sei, fica o (e)leitor a ver navios e com o contado, engabelado.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 27/10/2017
Reeditado em 29/10/2017
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