A MISTERIOSA VILA 5 - VISÃO MACABRA

Partir com o sol da meia noite tingindo de amarelo as encostas das altas montanhas, aos poucos diminuíam de tamanho atrás de mim. Quando passei pelo velho farol erguido sobre a maciça rocha emergida das profundezas do arquipélago, sabia que Faroé e suas ilhas há muito ficaram para trás.

Já era fim de tarde, as águas azuis começavam a escurecer, a navegação era relativamente confortável.

Navegando a dias próximo a Islândia, nada vejo além das criaturas do mar. Mergulhado em meus pensamentos, a solidão só é quebrada quando sou visitado por alguma ave cansada, que aproveita a hospitalidade da Gaivota.

Em uma dessas tardes de singradura,percebi a aproximação de um grande barco, lentamente ele passa a boreste. Sua aparência é sinistra.

Tão assustador quanto sua aparência, era seu nome gravado no pequeno mastro sobre sua cabine. As letras gravadas na madeira, diziam, Ondartet (Maligno), parecia terem sido talhadas com garras. Porém, ali residia algo imponente e ao mesmo tempo sombrio.

Num gesto cordial entre os homens do mar, cumprimento o capitão, ele acena para mim, mas não sinto a leveza e nem espírito de pescador naquela embarcação. O que vejo é algo estranho sobre o convés, sim, são cães grandes e negros latindo compulsivamente para mim.

Porém, entre eles há um sentado sobre suas pernas traseiras, orelhas finas e eretas e olhos cinza,os outros parecem ignorar sua quase macabra presença. A criatura se mantém na mesma posição até o barco desaparecer lentamente, anda posso ver a expressão maligna dos seus olhos. Um pensamento perambula em minha mente, a figura de Asgard, uma ligação sombria...

Entre dias calmos, ou de mar revolto, a solidão me faz refletir e voltar no tempo.

Sou filho único, meu nome é Aros, nasci na Noruega. Era um jovem que tinha sonhos, mas quando meu pai foi para a guerra tudo mudou. Minha mãe foi tomada por uma terrível depressão, a falta do seu companheiro a levou a completa loucura, e naquela noite ela atirou-se do precipício desaparecendo nas aguas entre as rochas das falésias.

Depois disso, deixei minha casa e sai perambulando pelo mundo para esquecer aquela trágica sombra. Na minha peregrinação, atravessei o Atlântico fui para Baltimore, lá trabalhei em um navio mercante de transporte de animais, mais especificamente cavalos. Apesar do trabalho duro, gostava, o mar era minha casa, já havia rompido relações com a terra.

Quando desembarquei, segui em direção ao Sul, levava meu alforje algum dinheiro que recebi do pagamento pelo trabalho que prestei no navio. Ali contrai uma arrebatadora paixão e jamais consegui me libertar. No infinito mar sou prisioneiro, por isso estou de volta, preciso resgatar meu coração.