Nós é Mendigo?

Nunca sentimos prazer por estar pendurados numa paragem a espera de um chapa, pior ainda para fazer ligações, lembrando que os preços destes malditos chapas são altíssimos, parece que o espírito deles não esta mais entre nós, visto que nós estamos com os pés na terra e o coração mergulhado na pobreza, sempre choramos a falta destas moedas que por elas perdemos noites, tempo e ate comprometemos o nosso futuro só para ter uma moeda para puder locomover-se, estou a falar de dinheiro não porque tenho, mas porque sinto a ausência dele no meio no qual estou inserido, estava eu ali pendurado na Paragem bem antes da guerra popular, talvez porque estou habituado a ouvir dizer ou ouvir falar-se da liberdade efectiva, por isso evitei ficar na guerra popular, estacionei a minha ansiedade de chegar a casa na Paragem jardim (dos Madjermas) , aqui na capital, nesta cidade das acácias que parecem canhoeiros de tanto exigirem dinheiros para produzirem um ar fresco.

A paragem estava como sempre, cheia de gente desconhecida preocupada em chegar ao seu destino, tudo corria bem, os carros alguns corriam ate eu não conseguir ver quem estava ali empacotado passavam sem ninguém dizer nada, estavam escoltados e andavam bala-bala, só não sei onde parava aquela bala porque não era bala perdida, mas sim era uma bala de abuso ou gozo de poder, apareceu um mendigo em frente de tanta gente, o mendigo estava em missão de serviço, trajado de suas roupas de senhor da rua, desfez a barba para esconder a vergonha e aproximou-se, pedia a cada um que ali estava uma quinhenta, andava cheio de azar ou o cheiro nauseabundo dele não o ajudava, ninguém lhe dava nada, ele paciente andava de gente a gente, se fazendo de outra gente pedindo o que não sabe de onde vem, foi quando uma moça da idade dos sonhos de alguns homens para casar, aproximou-se depois de ter lhe recusado dar o que este pedia, tirou as moedas que lhe restavam daquela bolsa que não sei se e da marca cavalinho, o que supostamente levou a moça a ser cavaleira, ou outra marca de gente boa, entregou de uma forma gentil e educada as moedas ao mendigo, o mendigo sem antes agradecer, prontificou-se para verificar a espessura das moedas e deixava cair as moedas pequenas, como 1 metical e 2 meticais, lhe sobraram na mão moedas de 5 e 10 meticais, só ai parou de deitar as moedas e saiu-se sem dizer nada, todos ficaram pasmos, porque um mendigo vai deitar dinheiro? Alguns como alguns outros que são também alguns, riam-se outros que são outros também lamentavam, a moça que e a moça de bom coração não lhe restaram explicações e ninguém para lhe consolar ou ajudar a apanhar as moedas que o mendigo não quis levar, ela olhou o dinheiro e calou-se ninguém para dizer algo que prestasse, foi quando um Jovem da Idade das moças que acham que da para namorar, inclinou-se e apanhou as moedas, eu lembrava daquela brincadeira de ''Espanha moeda’ ‘o jovem arrumou o dinheiro no punho, não disse nada a ninguém e ninguém o dirigiu a palavra, chegou o meu chapa e tomei-o. (ponto final)

Célio Calvino Nhancale
Enviado por Célio Calvino Nhancale em 23/06/2018
Reeditado em 27/06/2018
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