Conhecimento comum

- Como é do conhecimento comum, a Terra é plana. E eu pretendo comprovar isso navegando até a grande barreira de gelo que os globalistas denominaram "Antártida" - afirmou Stuart Levinson numa coletiva de imprensa antes da partida de seu barco de exploração, o "Ultima Thule".

O que diferenciava Levinson de outros teóricos da conspiração, é que ele tinha dinheiro; não obtido por mérito próprio ou por especulação financeira, mas por herança. E, esquivando-se dos elevados custos da construção de um foguete que o levasse alto o suficiente para conseguir provas fotográficas da "planura" da Terra, concentrou-se num método mais seguro: navegar até o suposto "paredão de gelo" que circundava o disco terrestre.

A embarcação escolhida, um antigo quebra-gelo comprado de uma empresa russa, deveria ser suficiente para conduzi-lo ao destino desejado. Ele receava somente, conforme narrou aos jornalistas presentes à coletiva, que "forças internacionais" tentassem impedir que concluísse sua missão.

- As águas da suposta Antártida são patrulhadas justamente para impedir que alguém tente chegar à borda do mundo. Mas, esta expedição, com cobertura em tempo real pela internet, os demoverá de lançar um ataque aberto contra mim e minha tripulação. Ao menos, assim o espero - declarou otimistamente.

Questionado se a cobertura via satélite não contradizia a ideia da terra plana, já que os satélites estariam em órbita, no espaço sideral, Levinson argumentou que tudo era uma mentira deslavada.

- Os satélites são apenas balões que retransmitem as informações enviadas de terra. Não há como ultrapassar o domo que recobre o mundo - afirmou categoricamente.

Mas se os satélites eram apenas balões, insistiu um jornalista, seria fácil para as supostas "patrulhas da borda" derrubarem ou desviarem seu curso, cortando o sinal de internet da missão. Nem assim, Levinson abalou-se.

- Se a internet cair, usaremos o rádio. O mundo não deixará de saber a verdade!

A aventura do "Ultima Thule" transcorreu sem grandes surpresas e foi encerrada sem trazer qualquer prova conclusiva da existência da grande muralha de gelo.

Suspeitamente, aliás, a missão foi interrompida pouco antes de completar a circum-navegação do continente antártico, quando Levinson cruzaria novamente o local de partida. Questionado sobre este ponto, ele justificou-se afirmando que estava ficando sem combustível.

- Mas vamos empreender uma expedição maior e com mais recursos, para provar o que temos afirmado - prometeu ele.

A tal expedição jamais saiu do papel. No ano seguinte, Levinson vendeu o quebra-gelo para uma empresa petrolífera canadense.

- [23-06-2018]