A MISTERIOSA VILA 8 - ENCONTRO COM O MALIGNO

Não sei quanto tempo passei desacordado, mas abri os olhos com dificuldade, minhas pálpebras pesavam uma tonelada, meu corpo doía como se tivesse saído de uma batalha. Olhei em volta e nada via, ouvia somente som do vento nas folhas das árvores. Estava deitado sobre o estrado de uma cama de palhas, em um quarto escuro e com teto muito alto. Não sei onde estou, ou quem me trouxe até aqui. Permaneci imóvel esperando que alguma coisa acontecesse. Então levantei-me, caminhei com cuidado até um gradeado que parecia ser uma janela, havia também, uma porta estreita e muito alta. Apoiei-me no peitoril de paredes largas, e pelo gradeado da janela, o que vi me deixou preocupado. Deitados sob as frondosas árvores da densa floresta haviam muitos cães, todos parecidos, dorsos negros e olhos cinza, pareciam ser de uma única raça. Não ouvi vozes humanas, eu estava em uma prisão guardado a sete chaves.

Preciso fugi daqui, chegou a hora da verdade. Em meu alforje carregava algumas coisas, entre elas havia uma que seria muito útil para aquele crucial momento, o afiadíssimo espadim que pertenceu ao meu avô, ele seria usado se necessário para salvar minha vida. Enquanto penso em uma saída, o estalar das folhas secas denunciam alguém se aproximando, permaneci imóvel, de repente a porta se abriu, surgiu uma figura alta de forma indefinida, meio homem, meio canina. Não entrou, ficou parada por alguns instantes entre a porta e a sala, não consegui ver seu rosto, mas, seus olhos cinza e opacos me fitaram. Segurei firme meu espadim e tive força e coragem para lhe inquirir:

- Quem é você?

Então uma voz grave e cheia de ódio ecoou pelos quatro cantos do recinto:

- O que você quer tão longe de casa? Respondo.

- Estou a procura de uns amigos.

- Você foi longe demais. Continua.

- Não haverá salvação nem piedade, o que você procura me pertence, e a quem você chama de amigo, é meu servo - Você é um tolo. Continuou.

- Amanha será seu último dia em vida, prepare-se para conhecer a dor e o sofrimento.

Naquele momento improvável, pensei em usar o espadim, mas ele desapareceu como fumaça. Quando percebi que não havia nenhum movimento, peguei a corda no alforje e comecei a jogá-la na viga do teto. Após algumas tentativas e consegui prendê-la. Então comecei a escalar a corda me apoiando nos nós de marinheiro que havia feito, mas para minha surpresa, a porta se abriu novamente e desta vez achei que seria o fim.

Porém, a figura que adentrou rapidamente, era familiar, sua voz estava trêmula e arrastada, reconheci de imediato. Seu estado era deplorável. Gritei:

- Asgard?

Ele respondeu.

- Não podemos perder tempo, vim ajudá-lo em nome da amizade do seu pai.

Respirei aliviado.

- Precisamos ser rápidos, a besta estará de volta a qualquer momento.

- Vou tirá-lo daqui, guiá-lo até o caminho fora da floresta e depois você segue sozinho. - Assim que chegar á Vila, corra até a taberna, encontre Isabelle e fuja de lá o mais rápido que puder, será melhor que cruze as montanhas ao Oeste, e siga de canoa até as pequenas ilhas. 

Colocou a mão no meu ombro e disse:

- Vamos, siga ao meu lado.

Quando saímos do quarto, pude ver que o lugar eram ruínas da torre de um templo. Os cães nos observavam atentos, sem nenhuma reação, exceto aquele que me olhava diretamente nos olhos. Saímos apressadamente através da floresta, e quando chegamos à margem da estrada, Asgard olhou para os arredores e disse:

- Siga rápido, você saberá de tudo na hora certa e desapareceu na mata. Agora eu corria como um felino a caça da sua presa, meu coração doía mas ao mesmo tempo transbordava de felicidade. Estaremos juntos muito em breve, nada entre o céu, o mar e a terra nos separará.