SOBRENATURAL

SOBRENATURAL

ROCADO

Ao recobrar os sentidos, olhou para o teto, depois para as paredes. Concluiu que estava em um hospital. Os aparelhos que monitoravam seus sinais vitais denunciavam que se encontrava em uma CTI.

De repente tudo lhe vem à mente, o caminhão que surgira na curva, a tentativa de desviar o carro e finalmente a batida inevitável.

A cortina se abriu, viu o vulto de uma enfermeira que entrava no cubículo onde se encontrava, ela se aproximou do leito e segurou a sua mão e começou a acariciá-la. Ele nunca tinha visto uma mulher tão linda, e que, lhe causasse tanta admiração e ternura.

Sua pele angelical mais parecia uma seda, seus olhos pareciam duas esmeraldas.

À noite, acordou e lá estava ela parada ao lado da cama, tentou falar, mas a voz não saia, pois permanecia mais inconsciente do que consciente. Assim, ocorreu por diversas vezes, sempre que acordava, lá estava ela a beira da cama, passando a mão sobre a sua testa, ou segurando a sua mão.

Num determinado dia ele acordou definitivamente. O médico disse que ele estivera em coma por cinco dias.

Ele sabia que não era verdade, havia despertado do coma por diversas vezes, quando vira a enfermeira que não saia de sua mente.

Permaneceu no hospital, por mais três dias na CTI e mais 10 em um quarto em restabelecimento.

Durante todo este tempo, não viu mais a enfermeira que tanta admiração e ternura lhe tinham causado. Quando perguntou para as demais atendentes e lhes disse como ela era, ninguém conseguiu identificá-la pela descrição que fazia.

Deixou o hospital, e foi para casa onde vivia com sua mãe e sua irmã.

Ela não saia dos seus pensamentos, à noite antes de conciliar o sono, pensava nela, parecia até que a estava vendo. Como ela não lhe saia do pensamento, resolveu fazer plantão no hospital, inicialmente se dirigiu ao setor de recursos humanos e indagou o horário do pessoal da enfermagem.

Durante toda a semana esteve observando a saída de expediente das enfermeiras e atendentes, não a viu e, quando perguntava as pessoas diziam que não havia ninguém com tais qualidades e aparência física.

Resignado, tocou a vida para frente. Sua irmã baixara o hospital para dar a luz a sua sobrinha, o mesmo hospital em que eu estivera baixado quando do acidente.

Após o nascimento foi ao hospital, sua sobrinha uma bela menina, perfeita nos mínimos detalhes, sua irmã passara maravilhosamente bem no parto. Quando deixava o quarto, e ia pelo corredor da ala de neonatal. Viu passar por um dos corredores transversal, aquela que não saia dos seus pensamentos. Num impulso, correu e, ao chegar ao inicio do corredor onde a tinha visto. Não havia ninguém, parou e ficou imaginando, ela não teria tempo de cruzar todo o corredor antes que ele chegasse ao entroncamento. Havendo apenas a possibilidade de ter entrado em algum dos quartos.

Ficou parado a espera que ela saísse de algum dos quartos, esperou por mais de meia hora, e como ela não saia resolveu examinar cada um dos quartos a sua procura. Bateu na porta, pediu licença e disse que estava procurando uma das enfermeiras, olhava por todo o quarto agradecia e ia para outro. Assim examinou todos os quartos sem a ter encontrado.

Por impulso de desespero, dirigiu-se ao setor de recursos humanos do hospital:

- Bom dia senhorita, ou senhora!

Era uma jovem que estava vasculhando um arquivo de aço, a procura de algum documento. Ela parou o que estava fazendo, olhou-o e disse:

- Bom dia senhor! Em que lhe posso ser útil?

A jovem sorria, seus lábios entreabertos exibiam uma perfeita dentadura, seu sorriso fácil, não conseguia esconder um olhar vívido e contagiante.

- Eu estou à procura de uma jovem que a pouco passou por mim em um dos corredores, eu a estou procurando a mais, a mais de dois anos para agradecê-la por haver me tratado quando estive na CTI.

- Qual é o nome dela?

- Não sei! No entanto se me mostrar uma foto, pode ser a do registro de empregados.

- O senhor terá de me dizer o nome da pessoa que procura.

- Você não pode me fazer um especial favor, mostrar-me as fotos de todas as enfermeiras?

- Vou abrir uma exceção, pois simpatizei muito com você.

Examinou demoradamente todas as fotos das fichas de empregadas da enfermagem, nada, nenhuma era a pessoa que procurava. Agradeceu, e foi para casa.

Em casa desorientado, sem saber o que fazer. Sentindo-se frustrado por ter uma fixação em uma mulher a qual não conseguia encontrar em lugar algum. Sentia-se como um grão de areia, na imensidão da praia, com uma infinidade de iguais, mas ao mesmo tempo sozinho a mercê do fluxo e refluxo das ondas do mar, que a qualquer momento poderiam lhe sepultar nas profundezas do oceano, onde jamais veria a luz do sol.

Mas a vida em sua marcha inexorável, tinha de continuar. O tempo em seu avanço ininterrupto, passa, quer queiramos ou não. E, assim passaram-se dois anos.

Enamorara-se de uma colega de trabalho, que militava na justiça do trabalho, costumavam passar os finais de semana juntos, porém durante a semana cada um em seu trabalho, apenas se encontrando a noite para jantarem. Certo dia no jantar, ele tirou do bolso um par de alianças, e a pediu em casamento.

Absorto em seu trabalho, mas a noite, quando estava só, seu pensamentos, sempre lembravam dela.

Sua mãe morreu acometida de uma pancreatite, que já a estava perturbando há algum tempo. Sua irmã se mudara tempos antes com sua família para um apartamento. Com a morte de sua mãe ficou sozinho, habitando aquela imensa casa.

Certa noite de inverno, o frio intenso não deixara que ele saísse para jantar como fazia todos os dias. O vento bramia aos assovios. De repente, alguém bate a sua porta, ele estava defronte a lareira tomando um copo de vinho, de chambrão e chinelos de pelo, levantou e foi atender a quem batia. Abriu a porta, uma mulher com um vestido longo que alcançava o chão, com um chalé na cabeça, adentrou em sua casa, sem que a tivesse convidado. Quando passou por ele, que naquele momento estava petrificado, por tal surpresa, viu de soslaio que a mulher que acabara de entrar era mesma que a muito habitava os seus sonhos. Fechou a porta, e quando se virou para o lado em que ela havia seguido, não mais a viu. Procurou incessantemente por todos os cômodos da casa, ninguém, nada, voltou a procurar, e em desespero abria as portas de todos os roupeiros, nada não havia ninguém.

Agora ele tinha certeza de que havia algo de sobrenatural. Diante desse fato, resolveu procurar ajuda especializada.

A primeira coisa que lhe veio ao pensamento, foi buscar ajuda em um centro espírita. Mas sendo católico, isso não lhe era possível. Comprou todos os jornais do dia que se encontravam disponível na banca perto de sua casa. E, dirigiu-se para casa, naquele dia não iria trabalhar. Telefonou a sua secretária para que reorganizasse e reprogramasse as suas tarefas de advogado. Passou a ler os anúncios classificados, após varias horas de pesquisa, lá estava um anúncio que dizia:

Perturbações psicológicas, sobrenatural e fatos estranhos. Procure o Parapsicólogo Antenor Salgado de Alcântara. Consulta marcar pelo fone 051 3632 5092. Pegou uma caneta e fez um contorno no anúncio.

- Bom dia! Quem fala?

- Bom dia! Fala Altina Sobral, secretario do Dr. Antenor Salgado, as suas ordens.

- Eu queria marcar uma hora com o Dr. Antenor, é possível?

- Perfeitamente! Vejamos tenho disponível no dia 15 próximo no horário das 14 horas.

- OK para mim está bem.

- Nome, por favor:

- Gerson Justino da Silva.

- Idade?

- 38 anos.

- Profissão?

- Advogado. Qual é o endereço que devo procurar?

- Rua dos Salgueiros, 435.

- Estarei ai no dia e hora marcado.

Duas semanas o separavam da data marcada. Nesse interregno de tempo, buscou concentrar-se no trabalho, mas para aliviar sua consciência, resolveu procurar o padre da paróquia.

- Bom dia padre!

- Bom dia Gerson, como tem passado, veio se confessar?

- Não padre, o senhor sabe que eu não costumo cometer pecados, ao menos os que eu admito serem pecados.

- Entendo! Realmente você é um homem de bem. E, eu o conheço desde o seu batismo. Então em que posse lhe ser útil?

- Apenas ouça como um amigo não como um confessor!

Após haver contado toda a estória nos mínimos detalhes, ficou a espera de um comentário do vigário.

- Meu bom amigo! Eu sou apenas um padre sem qualquer dote especial da mãe natureza. Pelo que você me contou, eu acho que seja de bom alvitre que você procure um psiquiatra. O nosso cérebro é algo que desconhecemos, de vez em quando aparecem casos que o conhecimento científico não explica, a teologia duvida, e, assim, ficamos sem resposta.

Assim, Gerson resolveu esperar pelo parapsicólogo, até que o dia marcado chegara.

O homem era alto, seu cabelo branco penteado para traz, mostrava duas entradas profundas nas têmporas. Um par de óculos de grau lhe cobria o senho e se acamava sobre um nariz balofo e falcônico, seu queixo se destacava por ser quase quadrado com uma cova no centro. Seus lábios grossos denunciavam sua descendência africana remota.

Ouviu atentamente, tomando anotações de vês em quando. Ao final, levanta-se, e começa a caminhar, segurando os óculos com a mão direita, colocando uma das pontas no canto da boca, diz:

- Quando estamos em coma, parte do nosso cérebro pode estar em alguns momentos em atividade, e nessa condição passa a gerar imagens, como as que são formadas durante os sonhos. Isso explicaria a aparição durante o seu coma.

No entanto, quando há viu dois anos após, no mesmo hospital. A única explicação viável seria que você tivesse visto uma outra pessoa e seu cérebro ávido de vela projetou a imagem em um lapso de tempo. Provavelmente ao procurá-la no interior dos quartos, a personagem que serviu de espelho para refletir os seus pensamentos, estivesse lá, só que você estava procurando a imagem refletida pelo seu cérebro.

Entrementes, no caso ocorrido em sua casa. Onde a aparição adentrou em sua casa e desapareceu. A única explicação que podemos atribuir é o fato de você estar tomando vinho, não ficou claro a quantia de vinho que você tomou, nem os efeitos do vinho em seu cérebro, mas de qualquer forma esta e a única explicação viável neste momento.

Mas meu caro Gerson. Minha análise até aqui, foi dentro do natural. Agora iremos analisar dentro do terreno do sobrenatural.

Ao considerarmos os fatos narrados dentro do sobrenatural, podemos imaginar que alguém de outro mundo está querendo entrar em contato com você. Ou, que alguém dentro deste plano, o está procurando espiritualmente.

Há algumas narrativas dão conta de fatos ocorridos, em que duas pessoas a longa distância consegue se comunicar através de aparições. Os cientistas acreditam que quando há um desejo muito profundo de uma pessoa se comunicar com outra que se encontra muito longe, pode haver um contato por ondas cerebrais de grande intensidade, capazes de ao se somarem formarem nos cérebros uma aparição, que somente a pessoa que está no circuito é capaz de ver.

Estes fatos podem ser explicados pela radiestesia. Um radiestesista possui sensibilidade para captar informações das energias irradiadas por uma pessoa ou por uma área determinada da Terra. Ao receberem essas energias podem saber se estas são responsáveis por doenças ou limitações.

Algumas raras pessoas possuem um alto grau de sensibilidade para captar informações corretas das irradiações de energia. Eu sou uma delas. Mas para poder ajudá-lo eu necessito, estar junto com você quando você receber a aparição. Ai nesse momento eu posso localizar o local onde seu contato se encontra.

Além disso, podemos fazer uma regressão, para verificar se em vidas passadas essa enfermeira esteve a seu lado e o que significou para você.

- Acho que a regressão é muito interessante, eu sempre tive muita curiosidade sobre este assunto. Gostaria que o Senhor me falasse a respeito da hipnose:

- A hipnose é uma técnica de indução do transe (que é um estado de relaxamento semi-consciente) com manutenção do contato sensorial do paciente com o ambiente.

O transe é induzido de modo gradual e por etapas, através da fadiga sensorial, que geralmente é provocada pela voz calma, monótona, rítmica e persistente do hipnotizador e muitas vezes aliada a recursos óticos (pêndulos, luzes etc) que visam cansar os órgãos da visão do paciente. Quando o transe se instala, a sugestibilidade do paciente é aumentada. A hipnose leva então a várias alterações da percepção sensorial, das funções intelectuais superiores, exacerbação da memória (hiperamnésia), da atenção e das funções motoras. Estabelece-se um estado de alteração de estado da consciência, um tipo de estado que simula o sono, mas não o é (lembramos que a pessoa não “dorme” na hipnose.

- Mas, professor! Como podemos nos lembrar de vidas passadas?

- Antes de analisar os mecanismos pelos quais podemos nos lembrar de vidas passadas, vamos ver por que a maioria das pessoas, sob circunstâncias habituais, são impossibilitadas de se lembrar delas.

Primeiramente, as pessoas não são capazes de se lembrar da maioria de seus sonhos. Se isto acontece, como poderíamos esperar que elas se lembrassem de suas vidas anteriores? Fundamentalmente, as razões pelas quais as pessoas não se lembram de suas vidas passadas ou de seus sonhos são as mesma. Para entender completamente esta situação, vejamos alguns detalhes do conhecimento dos corpos sutis que constituem a totalidade de um ser humano.

Todo o mundo está familiarizado com o corpo físico o que os cirurgiões podem abrir e podem cortar. Este é feito dos nutrientes que nós comemos, a tradição Vedantica chamou-o de anna-maya-kosa, o envelope- feito-de-comida.

Além do corpo físico, existe o corpo etérico, feito de energia vital que é chamada de Qi na medicina tradicional chinesa, e de prana na literatura Sanscrita. Conseqüentemente, o nome prana-maya-kosa, significa envelope-feito-de-prana, dado a esta camada em Vedanta. Da mesma maneira que a água penetra uma esponja, assim o envelope de prana, ou corpo etérico, penetra o corpo físico por inteiro e também se estende um pouco além dos limites deste.

Uma vez que você esteja vivo, seu corpo físico e etérico nunca se separam. Então, podemos considerar a ambos como uma estrutura individualizada, que para nosso propósito será chamado de complexo inferior.

Além dos corpos físicos e etérico, está o corpo astral, camada de manas/mente, ou mente reacional, na qual as emoções e a maioria de nossos pensamentos acontecem.

Assim, podemos considerar as palavras Ego, (ou Ego Superior), Self (ou Eu Superior) e Espírito como sinônimos e se referindo à chama imortal que é o núcleo dos seres humanos. É importante notar que o corpo astral e o Ego estão muito juntos. Pode-se até dizer que o Ego está enroscado na rede do corpo astral. Por isso que, quando você fecha seus olhos, a menos que você tenha passado por um caminho de autotransformação, você não pode separar o que, em sua consciência, vem da mente e o que pertence ao Self. Você pode saber intelectualmente que você tem um Eu Superior, e que este Self é o pano de fundo de sua consciência, como uma tela branca na qual vários filmes são projetados. Mas na prática, o Self é escondido pela mente reacional, de forma que é impossível para você conectar diretamente com sua luz. Então, o primeiro propósito de um caminho espiritual é separar o Self do corpo astral.

Até que isto aconteça, citando uma analogia freqüentemente achada na literatura sanscrita, os dois permanecem misturados como leite e água no mesmo copo. O corpo astral e o Ego estão amarrados juntos. Por conseguinte, nós podemos simplificar nossa estrutura de quatro pavimentos dividindo-a em dois:

Um complexo superior, feito do corpo astral e do Ego, e que não se separam contanto que você não tenha achado seu Self; um complexo inferior, feito dos corpos físico e etérico, e que não separam uma vez que você esteja vivo.

No seu caso, podemos atribuir que a aparição seja apenas um corpo astral que se separa do corpo físico e vai ao seu encontro, na tentativa de se comunicar, só que não está conseguindo, por isso espera que você a encontre.

- Mas professor! E, a regressão, resultaria em quê?

- A regressão, apenas poderia identificar a mesma pessoa em uma vida passada, nada mais do que isso, além do mais você teria de identificá-la.

- Mesmo assim quero submeter-me a uma regressão!

A técnica que o Professor Salgado utilizou foi de fazer um exercício de relaxamento clássico e a partir daí, ele fazia-o imaginar que estava passando por uma porta e, que tinha de descer uma escada. Ao descer a escada que ele estava vendo, via-se na sua vida passada. O Professor lhe perguntava sobre o que ele estava vendo e ele ia falando.

Consciente e ao mesmo tempo vendo e vivendo aquilo (estando o tempo todo de olhos fechados).

Ele se viu em algo como uma grande caverna.

Sentiu que era bem mais baixo do que era atualmente. Era um tipo de homenzinho, o responsável por aquele lugar, um conjunto de cavernas no meio de um relevo muito acidentado e com pouca vegetação. "Sentiu" que seu mundo era só aquele lugar, nunca saíra dali. Tinha uma vida solitária, mas não se sentia só. Era auto-suficiente, de uma forma quase arrogante. Exatamente o oposto do que sentia hoje. Pois hoje para ele a coisa mais importante é não estar só.

Não viu nada de interessante naquela vida, e assim foi despertado.

- Meu caro Sr. Gerson! Não está ao meu alcance ajudá-lo, friso, no entanto, que se for possível eu estar presente no momento em que seja feito o contato, com toda a certeza eu poderei identificar o paradeiro do corpo físico.

Vendo frustrada a tentativa de solucionar o mistério através da parapsicologia, Gerson resolve procurar um detetive, como derradeira tentativa de achar aquela que não saia de sua lembrança.

Nos pequenos classificados se lia:

HERCULAN – O Detetive.

Especialista em desaparecidos.

Investigações de adultério.

Informações confidenciais.

Telefone 011.525.3333

- Alo é Erculan o detetive.

- Aqui é um futuro cliente. Quero marcar uma hora para encontrá-lo.

- Sim, sim, como está, como disse que é o seu nome?

- Gerson Justino da Silva!

- Mire Sr. Gerson. Meu escritório fica nos fundos da barbearia Central, na Rua Tiradentes n 110, fica no centro.

Herculan Decrois era um homem feliz. Holandês, radicado no Brasil desde a adolescência, pois seu pai era cônsul da Holanda. O grande detetive, pois tinha um metro e noventa e oito, seu pé calçava o nº 54, por isso tinha de mandar fabricar seus calçados sob medida, suas faces rosadas, com ausência de barba, mais parecia à face de um bebe. Nariz aquilino fazendo uma leve curvatura como o bico de um falcão. Seus olhos cinza claro eram sempre escondidos por um óculo espelhado. Pelo seu grande tamanho caminhava arqueado, nem gordo nem magro, com uma barriga de abundante dimensão dado ao hábito de tomar cervejas.

- Com escritório escondido no fundo da barbearia Central, que era sempre atravessada pelos seus clientes, que não raras vezes ficavam fregueses para o corte de cabelo e barba. Erculan dizia que o local era estratégico, pois seus clientes não tinham de se cuidar ao procurá-lo, pois poderiam apenas estar freqüentando uma simples barbearia, em fim, não causava suspeita.

Seu hábito de vestir era o mais normal possível, calça e camisa esporte, dizia que era para não causar suspeita.

O grande detetive careca estava sentado à mesa de trabalho, um charuto entre os dentes manchados, contemplava o livro de anotações à sua frente. Batem à porta. O pé grande ergue o enorme corpo, caminha até a porta e a abre já em posição de mesura.

- Bons dias, Sr. Gerson! Por favor, queira entrar neste humilde escritório.

Gerson entrou e se aproximou de uma cadeira localizada na frente da escrivaninha.

- Sente-se, e fique a vontade.

Gerson sentou-se e disse:

- Sr. Herculan Decrois! Eu sou advogado, e necessito dos seus serviços, como investigador. De certa forma entendo que após eu haver lhe relatado todos os acontecimentos, o Senhor poderá não aceitar o caso. Na verdade eu necessito localizar uma pessoa.

Gerson contou toda a história nos mínimos detalhes, incluindo a entrevista com o professor Salgado. O Detetive ouviu com uma atenção própria de um cão perdigueiro. Ao final disse:

- Mire Sr. Gerson, eu jamais esperei ser contratado como caça fantasma. Mas, va-lá, sempre há a primeira vez.

Diga-me Sr. Gerson! Entre cada aparição há um intervalo de 2 anos aproximadamente, não é?

- Sim, é mais ou menos isso.

- Duas vezes no mesmo hospital? O hospital municipal?

- Sim no hospital municipal.

- Começarei por lá as minhas investigações. Mire Sr. Gerson, como vou procurar uma pessoa que não conheço? Eu tenho de no mínimo ter um retrato para mostrar para as pessoas.

- Não Sr. Herculan, não temos nenhuma foto.

- Mas podemos fazer um retrato falado não é mesmo?

Decrois pega o telefone e liga. Alo é o Chibinha? Herculan Decrois falando. Tens 15 minutos para estar no meu escritório para fazer um retrato falado. Pronto vai esperar por 15 minutos.

Passados os 15 minutos, Chibinha adentra no escritório.

- Mire Chibinha, este e o Sr. Gerson, ele vai descrever um retrato falado.

Chibinha, um jovem de 23 anos, com grande talento para desenho e caricaturas, cabelos longos como de um ripe, com um lenço amarrado no cabelo, um brinco na orelha direita, vestia um conjunto de brim azul.

Em menos de meia hora Gerson identificou o retrato falado como sendo idêntico a suas lembranças. Chibinha foi dispensado. Os dois permaneceram acertando honorários e tempo necessário para as investigações.

O grande detetive, com suas faces rosadas e sem barba, exibia um sorriso angelical, quando chegou ao hospital municipal.

- Bons dias, bons dias!

Disse ao porteiro.

- Eu sou Herculan Decrois detetive particular, e, fui contratado por uma família que teve um de seus membros desaparecido neste hospital. Por isso preciso falar com o administrador.

- Um momento senhor, vou ver se o administrador pode recebê-lo agora!

O guarda pega o telefone e liga para o administrador, explica que está lá um detetive que procura um desaparecido no hospital. O administrador estranha, mas manda que entre.

- Bom dia Sr. Permita que me apresente. Sou Herculan Decrois, detetive particular. Como tem passado?

- Bom dia Sr. Herculano!

- Herculan Decrois as suas ordens.

- Desculpe Sr. Erculan, mas em que lhe posso ser útil.

- Eu fui contratado por um advogado para investigar o desaparecimento de uma dama, ela foi vista pela última vez neste hospital a dois anos atrás.

- Mas quem a viu pela última vez?

- Foi o próprio advogado, que a viu passar por um dos corredores do hospital.

- Mas de quem se trata? Era essa pessoa uma paciente?

- Não mas o que eu quero do senhor é autorização expressa para que eu fale com os funcionários, a busca de informações que me possam levar a desaparecida. Aqui tem o retrato falado dela.

Após examinar cuidadosamente o retrato falado, o administrador, coçou a cabeça, movimentou-a em sinal de negação e disse:

- Não, não, nunca vi alguém com este rosto!

Tomou um cartão e escreveu: O Sr. Herculan Decrois, está por mim autorizado a andar por todo o hospital e falar com qualquer funcionário. Assinou e entregou ao detetive, que nesse momento se levantou, fez uma mesura e disse:

- Muito obrigado Sr. Administrador, mantê-lo-ei informado das minhas investigações:

O grande detetive, dirigiu-se para o refeitório do hospital. Lá chegando pediu licença a uma atendente e exibiu a autorização do administrador. E, disse:

- Muito bom dia! Sou o investigador particular Erculan Decrois, e estou procurando uma pessoa que desapareceu neste hospital. Por isso vou fixar um retrato falado da desaparecida no mural deste refeitório, para que todos o vejam.

A atendente pegou a autorização do administrador, conferiu a assinatura e desse:

- Ta tudo certo, pode ficar a vontade. Aceita um café ou água?

- Os dois, por favor. Permite que eu tome assento em uma das mesas de refeição?

- Como já disse, fique a vontade.

Decrois arriou o pesado corpo sobre uma cadeira, tirou um lenço do boldo e passou sobre a testa, retirando pequenas gotículas de suor. Alguns minutos mais, a atendente lhe serviu um café e um copo com água. Ficou ali bebericando o café a espera que o intervalo chegasse, e que, as enfermeiras ocupassem o refeitório para a merenda das 10:00 horas. Enquanto isso pensava:

Não posso dizer a ninguém que estou procurando um fantasma, se não o próprio administrado teria me dado um corridão. Vou ficar aqui observando a reação de todos os que virem o retrato falado. Se alguém esboçar alguma reação eu chego junto.

As 10h:15min o pessoal começou a chegar, olhavam o retrato falado exposto no mural, e logo se dirigiam ao balcão do café, serviam e pegavam um pedaço de pão e iam sentar junto às mesas. De repente três enfermeiras adentram no refeitório e param à frente o mural, e começam a falar umas com as outras, referindo-se ao retrato falado. Nesse momento o imenso detetive levanta e se aproxima das falantes e diz fazendo uma mesura:

- Bons dias! Vejo que conhecem a pessoa do retrato, ou estou enganado?

As três traçaram olhares de admiração e, uma disse: Nos três conhecemos a pessoa do retrato falado, ela está na ala que atendemos, e mais, está lá a mais de 3 anos.

- Mire Senhoras! Onde eu posso encontrar a desaparecida?

- Ora meu senhor esta é a aparecida, é uma paciente deste hospital, que se acha em coma a mais de três anos!

- Mire senhora, poderá me levar a onde ela se encontra?

- Perfeitamente, logo após o café.

O Grande detetive acompanhou a atendente até um dos apartamentos. Ao adentrar no quarto, Decrois pode ver, no leito aquela pessoa que se assemelhava em muito com o retrato falado.

- Mire Senhor Gerson! Com apenas uma ida ao hospital, utilizando algumas artimanhas, nos conseguimos localizar a pessoa que o senhor procura. Trata-se de uma paciente, que se encontra em estado de coma a mais de três anos. De forma que o caso esta encerrado, agora caberá ao senhor, verificar se a pessoa que estou me referindo é realmente aquela que o senhor procura.

O advogado, agradece e diz:

Irei ao hospital imediatamente, qual é a ala e o número do quarto?

Ele chega afoito, adentra no quarto, olha e a vê, ali deitada, a mesma pessoa que povoava os seus sonhos, aquela que o tinha acariciado quando estivera em coma, aquela que passara no corredor do hospital e desaparecera, aquela que adentrara em sua casa e sumira. Ali inerte, mas, talvez como ele, estivesse sentindo tudo o que estava acontecendo ao seu redor, sem no entanto poder se pronunciar. Ele pegou a sua mão, como ela o fizera, passou a mão em sua face, como ela o tinha feito.

Ele cancelou todos os compromissos dos próximos dias, pois pretendia permanecer ao seu lado, pelo maior tempo possível. Ai ele notou que ela estava sozinha, lá de quando em vez, uma enfermeira, vinha e media os sinais vitais e, logo se afastava. De repente adentra no quarto uma enfermeira e pede para que ele se identifique. Pega o seu registro na OAB e o entrega a enfermeira, que o convida a acompanhá-la, alegando que o administrador o havia mandado chamar.

- Bom dia senhor, permita que me apresente: Sou Danilo Edvino Vogel, administrador deste hospital.

O senhor é parente da Aparecida?

- Não, não senhor, eu sequer a conheço!

- E como explica o interesse por ela? Hoje cedo esteve um detetive que a estava procurando, agora o senhor está interessado. E, ela se encontra a mais de três anos internada neste hospital sem que tenha sido procurada por qualquer pessoa.

- O senhor poderia me explicar melhor?

- A mais de três anos, houve um acidente entre um táxi e um ônibus, os acidentados foram encaminhados pelo corpo de bombeiros, a este hospital. As informações que temos é que o taxista, deu entrada no pronto socorro já em óbito, a passageira em estado de coma, por traumatismo craniano e foi enviada a UTI. Os passageiros do ônibus, foram atendidos com traumatismos e alguns permaneceram em observação por algumas horas e tiveram alta médica. A acidentada que se encontrava na UTI, não tinha qualquer documento que a pudesse identificar, a policia foi chamada a intervir, o resultado foi que ela teria vindo de avião para Porto Alegre, pois o táxi era do aeroporto. A investigação levou vários dias, pois tiveram que identificar todos os passageiros vindo nos vôos daquele dia, nenhum havia desaparecido, ou seja todos foram localizados.

O senhor sabe este hospital é particular, não podíamos permanecer com uma paciente em estado de coma indefinidamente. Chamamos a promotoria pública para resolver o caso. Eles instruíram um processo que ao final de um ano, o estado foi instado a satisfazer todos os custos até então e pagar mensalmente os custos de internação.

- Não senhor administrador, eu não sei de nada, mas vou lhe contar porque estou aqui!

Gerson contou a sua estória, finalizando-a dizendo:

- Como o Sr. vê, eu não poderei ajudar a não ser em visitá-la

- Pena, os familiares nunca foram localizados.

Agora tínhamos esperanças de que os senhores soubessem quem ela é. E, tudo o que aconteceu. Ele não sabia o porquê, mas sabia que deveria ali permanecer. Quando sozinho com ela, ele perguntava:

- Como foi que você fez aquilo, como consegui permanecer ao meu lado, quando estive em coma? Como foi a minha casa? O que é que você quer de mim, o que quer que eu faça?

Ele ficou estarrecido, uma imagem se elevava, deixando o corpo inerte, estático em cima da cama. A imagem ficou de pé e com um aceno, com a mão fez sinal para que ele a seguisse. Estarrecido ele viu a mesma imagem, que não lhe saia do pensamento por um longo tempo de espera.

Ele sem qualquer protesto a seguiu, ela passava pelas pessoas que pareciam não vela. Após uma longa caminhada, ela adentra em um supermercado, onde pessoas entravam e saiam com mercadorias, atravessaram um longo corredor, onde as gôndolas onde os viveres eram expostos, pararam, no final, onde havia uma grande porta vai e vem de borracha. Ela parou em frente da porta e, ambos olharam para a porta, esperaram por alguns minutos quando surgiu um rapaz, com o uniforme do supermercado, empurrando um carro com mercadorias, eles se afastaram e o rapaz passou. Ela apontou para o rapaz. Gerson olhou atentamente para guardar a fisionomia do indicado, quando voltou a olhá-la ela havia desaparecido.

A noite ele telefona ao detetive Erculan Decrois.

- Boa noite senhor Gerson! Em que lhe posso servir?

- Boa noite Sr. Decrois! Quero que continue o trabalho. Agora quero saber quem ela é? De onde veio. E, porque até hoje ninguém a procurou?

- Mire Sr. Gerson! O Sr.sabe por onde devo começar?

- Gerson contou-lhe o episódio do supermercado, ao final, Decrois disse-lhe:

- Bem vamos fazer uma visita a esse rapaz do supermercado.

O Grande detetive adentra no supermercado, através de seus óculos espelhados, tudo observa nos mínimos detalhes. Para diante da porta de saída do estoque, procura em pensamento reproduzir a imagem como Gerson lhe tinha descrito: Loiro, mais ou menos um metro e setenta, um ralo bigode e olhos azuis. Em alguns instantes, alguém rompe a cortina ou porta de borracha, de costa puxando um carro com mercadorias. Quando o rapaz cruzou por Decrois, este lhe segurou o braço, e perguntou:

Mire Mothiatho, onde posso encontrar erva mate?

O rapaz olhando-o, e respondeu:

- No terceiro corredor à esquerda, senhor!

- Muito obrigado. Não há duvida, é ele mesmo.

Às 20 horas, o supermercado fecha, e o detetive está à espera da saída do rapaz. Quando este sai, ele se aproxima:

- Muito boa noite, caro amigo! Podemos conversar por um minuto?

- O senhor já falou comigo antes, não é?

- Sim você me informou onde eu encontraria erva mate.

- Mas o que deseja agora?

- Como é o seu nome mesmo?

- Roger da Silveira, as suas ordens.

- Mire Sr. Roger! Eu sou um detetive particular, nada tenho a ver com a policia. Mas, eu tenho um cliente, que é um advogado, que por sua vez tem uma cliente, que diz que o senhor tem informações sobre ela.

- Eu não tenho nada a informar sobre ninguém. Estou atrasado para chegar a casa.

Eu devia ter jogado fora aquela bolsa, o melhor, deveria tê-la queimado. Pensou o rapaz.

- Mire senhor, isto é muito importante. A senhora, após sofrer um acidente, foi levada a um hospital, e lá permanece em coma desde então. Não se sabe quem ela é pois não portava nenhum documento de identidade ao dar entrada no hospital. Acontece que agora ela o apontou como sendo uma pessoa que sabe quem ela é. Por isso é que eu estou aqui.

O rapaz maneou a cabeça em sinal de preocupação. Passou a mão sobre a cabeça, e disse:

- Como posso saber se o senhor não é da policia?

- Aqui tem meus documentos, veja: Sou Erculan Decrois, sou cidadão holandês, naturalizado brasileiro. Aqui tem minha carteira de detetive particular. Mas eu posso levá-lo ao meu escritório, que, não fica muito longe daqui, lá poderemos conversar e você poderá certificar-se de que eu não sou policial.

- Está bem, vamos até o seu escritório.

Embarcaram na Brasília marrom de Decrois e partiram.

- Mas aqui é uma barbearia! Disse o rapaz ao chegar.

- Sim, mas meu escritório fica nos fundos, é melhor para as pessoas não serem observadas quando me procuram, isto é não causa suspeita. Mas vamos entrando. Sente-se por favor, você está em casa.

Como vê este é um escritório de um detetive, como lhe disse. Aliás um detetive que está pedindo a sua ajuda para resolver um caso.

- Tá certo o senhor me parece ser de confiança. Vou lhe contar tudo como se passou:

Eu estava passando, quando ouvi uma batida, de um táxi num ônibus, corri até o local e ajudei a retirar, um corpo de uma mulher, que estava com a cabeça ensangüentada, tentei, retirar o motorista, mas este estava preso nas ferragens, e estava muito machucado, a batida foi no lado dele. Quando os bombeiros chegaram, eu permanecia segurando a mulher. Eles a colocaram em uma maca, e levaram-na para a ambulância, nesse momento eu retornei ao carro e peguei a sua bolsa, para entregar aos bombeiros, mas estes partiram em disparada. Era uma pequena bolsa leva tudo. Os outros bombeiros, continuavam a socorrer os passageiros do ônibus. Em poucos instantes, os bombeiros partiram com as vítimas. Eu fui embora com a leva tudo da vítima. Entrei em um bar e fui ao banheiro, lá examinei o conteúdo da pequena bolsa. Havia dinheiro estrangeiro, e documentos. Apenas isso. Fui para casa e guardei a bolsa sem mexer em nada. Por diversas vezes quis jogá-la fora, mas nunca tive coragem. Isto é tudo.

- Bom meu amigo, se eu for digno de sua confiança, você poderá entregá-la a mim. Eu prometo que não revelarei o seu nome por nada deste mundo.

Ambos saíram do escritório ruma a casa do rapaz, lá chegando Decrois disse:

- Mire senhor, vou falar com o meu cliente para lhe fazer um agrado.

- Não será necessário Sr. Erculan, basta manterem-me longe de complicações e, eu lhe serei muito grato. Aliás você acaba de me tirar um peso das costas. Aqui está a bolsa não tirei nada de seu interior, tudo está como no dia do acidente.

- Muito obrigado, e seja o senhor muito feliz.

No dia seguinte, Erculan Decrois, liga para o Dr. Gerson:

- Bons dias Dr. Gerson!

- Bom dia Erculan! Como foram as investigações?

- Muito bem, o senhor só me dá tarefas fáceis de serem resolvidas. Já estou com a bolsa da aparecida, e, mais, como ela estava no dia do acidente.

- Já estou indo para ai!

- Mire Sr. Gerson. Aqui está a leva tudo.

- Você a examinou?

- Não! Deixei isso para o senhor fazer.

Gerson abre a leva tudo e começa a tirar de seu interior: Um maço de liras italianas, um maço de dólares e 1.250 reais. Um passaporte, que era o que mais interessava. Lá estava o nome da Aparecida: Franchesca Lichessi, cidadã Italiana, nascida em 07 de setembro de 1974, portanto com 30 anos de idade, naquele momento. Lugar de nascimento: Milão.

- Bom Sr. Erculan, sua missão ainda não está concluída. Agora que tem a identidade da aparecida. Convido-o a investigar de onde ela saiu, e porque não esteve em nenhum dos vôos, do dia do acidente?

O grande detetive, torceu o pesado corpo na cadeira de forma que a fez ringir, deu uma suspirada e disse:

- E, se eu tiver que ir à Itália?

- Pode fazê-lo se necessário for:

Passados mais de 15 dias, Erculan Decrois, adentra no escritório do Dr. Gerson.

- Bons dias, Dr. Gerson, como tem passado?

- Bom dia Erculan. Tem a conclusão de seu trabalho:

- Sim, aqui tem o meu relatório.

Erculan passou um envelope pardo, contendo um maço de folhas escritas e muitas fotografias.

RELATÓRIO DECROIS:

Após minuciosa investigação, as quais me levaram a uma viagem internacional. Como investigador convicto que sou, busquei a lista de passageiros, dos vôos vindos de Milão no dia do acidente de Franchesca. A empresa aérea Alitália, nos forneceu todos os dados constantes da aquisição da passagem aérea. Nos rol de dados constavam: Número do vôo, saído do aeroporto Dinatti, com destino à Buenos Aires na Argentina, com escala no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, nome completo, data de nascimento, profissão e endereço. A profissão da investigada constava como sendo a de uma executiva de uma empresa italiana, seu destino era Buenos Aires.

Quando cheguei à Itália, procurei a família no endereço que me foi fornecido pela empresa aérea.

Ela é solteira e vivia com seus pais em um apartamento. Seus familiares, a procuraram exaustivamente na Argentina, onde seria o seu destino. A empresa onde trabalhava, também entrou na procura. Nas investigações feitas na época do desaparecimento, encontraram sua mala, que não foi retirada no desembarque.

Após as investigações, a luz, das informações recebidas, pode inferir uma hipótese com grande possibilidade de ter sido a realidade. Esta é a hipótese:

Que Franchesca, ao chegar o avião em Porto Alegre, ela achando ter chagado a Buenos Aires, desembarcou e se dirigiu ao terminal de retirada de bagagens, quando se deu conta o avião já teria partido para Buenos Aires, onde finalizaria a viagem. Ela deve ter tomado o táxi, provavelmente para ir a um hotel, quando no transito sofreram o acidente.

- Muito bem Sr. Erculan! O que pretendem os familiares fazer com ela. Os pais, são idosos, e, por isso, enviarão um advogado da empresa onde ela trabalhava, para fazer o desembaraço e levá-la para Milão.

Dois dias depois, Gerson chega ao aeroporto Salgado Filho, acompanhado do advogado da família de Franchesca, do administrador do hospital e de Erculan Decrois. A aparecida deitada decúbito dorsal em uma maca, conduzida pelos já citados. É, embarcada na aeronave que a levaria para Milão. Já no interior do avião, antes da porta ser fechada, o corpo etérico de Franchesca aparece à porta e abana para Gerson. Este acena para ela, e lhe joga um beijo, ela responde com outro beijo soprado.

Os demais espectadores, nada entenderam, salvo o grande detetive que disse: Feliz retorno e também acena.

rocado
Enviado por rocado em 25/08/2018
Código do texto: T6429425
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