Uma Vida Azul - Capítulo VI: Conversores

Deb e o homem colorido andaram alguns metros após descerem do carro. O guarda-chuva preto era incrivelmente grande e os protegia da chuva por completo. Chegaram numa casinha humilde, dentro do parque. Aparentemente o homem colorido era algum tipo de zelador; morava e trabalhava por ali.

Entraram na casinha e o homem apontou para uma cama velha, onde Deb deveria se sentar. Ele ligou uma das chamas do fogão e colocou água para ferver. Após alguns minutos usou a água para preparar café, serviu duas canecas, entregou uma à Deb e sentou-se à sua frente, num banquinho de madeira.

-- Escute, Deb, antes de mais nada, saiba que está segura aqui. Eles não enxergam essa casa, portanto não podem entrar.

-- Quem é você e quem são eles ?

-- São espíritos zumbis conhecidos como conversores; Seres de outro mundo que tem como único objetivo matar o máximo de criaturas que puderem para que se tornem um deles, aumentando assim seu exército. Foram criados por um demônio chamado Tenório para combater o exército de almas boas do paraíso. Se você é alguém de coração bondoso, então, Tenório busca te corromper para fazer parte de seus comandados, enfraquecendo a benevolência do universo e dando poder ao mal.

Deb não foi criada numa família religiosa e era cética a qualquer tipo de fenômeno paranormal. Ouvir o que o homem colorido dizia fez com que Deb sentisse pena dele e medo por estar sozinha na presença de um lunático.

-- A propósito, me chamo Thomas.

Deb soube na hora que ouviu o nome de Thomas que o conhecia. Não soube ligar o nome à pessoa, mas, a sensação de o conhecer que teve mais cedo foi reforçada naquele momento e, apesar de seu ceticismo, sentiu uma ponta de confiança nele.

-- Thomas, nada do que diz faz sentido! Mesmo que o que diga seja verdade, como diabos apareceu na minha casa? como sabia meu nome? Como sabia que aquela criatura iria aparecer?

-- Eu sobrevivi a uma tentativa de conversão, há mais ou menos quinze anos. De lá pra cá venho tendo presságios sobre as mortes causadas por eles. Presságios que me permitem saber os nomes das vítimas e local do ataque. Um a um, tentei salvar suas vítimas, mas, até hoje não tinha obtido sucesso. Até hoje, Deb, você foi a primeira.

Deb respirou fundo e se esforçou mais um pouco para acreditar naquela história maluca, deu um gole em seu café, já frio e engoliu com amargor.

Marco de Souza
Enviado por Marco de Souza em 11/12/2018
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