Acorde!

Foi então, que no momento em que ele se questionava a respeito daquele lugar abstrato e ao mesmo tempo tão desprendido de explicações, foi retirado de seu transe existencial com um som de uma colher batendo em uma taça de vinho.

- Plim! Plim! Plim!

Seus olhos voltaram a focar ao seu redor e ele se viu sentado em uma enorme mesa retangular de madeira lustrada, coberta por uma toalha tão branca de seda que incomodava sua retina. Havia xícaras, pires, bules e talheres de prata tão cintilantes que a luz em tom de sépia do lustre acima de sua cabeça refletia levemente neles.

Se viu olhando então para o final da mesa, onde alguém, possivelmente, estava sentado, com a cadeira de costas para a mesa.

A única silhueta que podia ser vista era uma cartola, tão negra quanto os cantos daquele salão de jantar, tão refinado, quanto vazio e sombrio.

- Estava distante, não!? - disse a voz no final da mesa de forma sutil.

- Ah desculpe! Foi apenas um devaneio - disse (???) em tom repentino.

- O tempo corre lá fora, sabia? - disse a voz no final da mesa, revelando uma silhueta de seu braço segurando uma taça entre os dedos indicador e médio.

- Assim como a Ordem, o Caos também se espalha e prevalece em sua jornada por transformar o fenômeno em sua mais pura essência, incompreensível.

- O que quer dizer? - retrucou (???)

- Só quero chamar sua atenção para um entendimento de que a existência sempre foi e sempre será uma extensão de um sistema de escolhas binárias. Escolhas essas que nos permitem manter a sanidade ou nos perder na complexibilidade da mente. - disse a voz rindo baixinho.

-Acorde...

Leoni Ferreira
Enviado por Leoni Ferreira em 29/01/2019
Reeditado em 05/01/2023
Código do texto: T6562306
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