A MISTERIOSA VILA 12 - CONHECENDO O MALIGNO

Uma divida cruel me invadia, onde iria procurar Isabelle, em Baltimore, em Kalle? Desesperado fui até Kalle pois ali houvera o episodio com Asgard, e somente ele poderia me ajudar. O porto na enseada escondia um ar sombrio, seus habitantes são muito reservados. Há dias não durmo, minha mente borbulha em pensamentos atrozes, meu coração queima de incertezas. Então, resolvi descansar durante o resto da noite e sair à procura de Asgard no dia seguinte. Ainda havia bastante alimento na dispensa, não havíamos consumido quase nada. Acordei com os Albatrozes e Gaivotas grasnando no mastro. O frio no Norte é intenso e o inverno inclemente. Tomei um café quente e rapidamente sai em direção ao estábulo.

Fui procurar o velho cocheiro conhecido de Asgard. No caminho não encontrei ninguém, quando cheguei em frente ao galpão, parei por alguns segundos, olhei em volta nada havia mudado.

Assim que adentrei no grande galpão, o velho estava sentado ao lado da roda de madeira da velha carruagem. Em uma das mãos segurava um formão na outra um martelo.

- bom dia senhor!

Ele não levantou a cabeça e continuou fazendo o seu trabalho.

- Senhor creio que não se lembra de mim, estou a procura de Asgard, preciso encontra-lo é uma caso de vida e morte, sei que o senhor o conhece, só preciso que me diga como chegar até ele.

Ele parou o de bater com o martelo no formão, olhou para o vazio e disse:

- Você conhece o inferno?

Acenei com a cabeça.

- Para encontrar Asgard você terá que ir lá.

Levantou o olhar para mim, pensou um pouco e disse!

- Levarei você.

Em seguida nos dirigimos a velha carruagem do lado de fora do galpão, nos acomodamos na cabine externa, e seguimos pelo caminho entre a costa de pedras e o despenhadeiro do mar. Aos poucos fomos entrando no grande desfiladeiro, sentia que o velho cocheiro ficava mais tenso a cada metro, seu olhar vasculhava as fendas dos paredões e o topo das escarpas. Quando entramos no estreito dos paredões do desfiladeiro, ele parou e disse:

- Daqui retorno, você segue sozinho, não posso ir mais nem um passo, você deve encontra-lo em breve, eles já sabem que estamos aqui. Siga em frente, e que os anjos tenham piedade de você.

Quando desci os surrados degraus de madeira descascados pelo tempo, me senti sozinho e abandonado. De pé em frente a muralha de pedras, íngremes e verticais, que pareciam se precipitar sobre mim, uma brisa fria soprava das entranhas do sombrio desfiladeiro.

A carruagem se afastou rapidamente. Não demorou muito e senti uma presença, alguém me observava. Apertei firmemente no cabo da arma quase sentindo a dor nas falanges. De repente surgiu em minha frente um enorme cavalo negro de olhos vermelhos, sobre seu dorso uma figura esquálida e sinistra, seu corpo estava encoberto por uma capa escura que se estendia sobre a anca do animal até quase o chão. Seu rosto envolto num chale o escondia totalmente. Olhou na minha direção e sem proferir nenhuma palavra fez um gesto para que eu o seguisse,

Tive que apressar o passo para acompanha-lo. Seguimos em direção ao paredão até entramos numa fenda entre eles, e tudo ficou escuro, o frio que brotava das entranhas daquele monótono lugar, me fazia tremer incontroladamente, o cheiro exalado era pesado e sufocante.

Continuei seguido o cavaleiro a minha frente, em passos rápidos desviávamos das tumbas e mausoléus. De repente, observei que entre as diversas construções, uma se destacava, era bem grande e tinha um portão em circulo formado por um letreiro de ferro com a palavra (kirkjugarður) Cemitério.

Ali havia os restos mortais de amigos, e inimigos.

O cavaleiro abriu o pesado portão com ajuda do animal, o ranger das dobradiças provocaram dor em meus tímpanos. Ele virou-se para mim e fez sinal ordenando a minha entrada. Naquele momento, eu estava em estado de torpor, todos meus nervos retesados, minha mente clamava por encontrar Isabelle.

Cruzei o portão de ferro e cheguei a um grande salão, iluminados por quatro grandes velas acesas em volta de uma cadeira, seu lume apenas transformavam a escuridão em penumbra. Fiquei parado bem ao centro, ansiava encontrar Asgard. De repente, atrás da cadeira uma porta se abriu, surgindo uma silhueta negra e disforme. Avançou em direção a cadeira e nela sentou-se. Em cada lado dois cães esguios e grandes, permaneciam sentados sobre suas patas traseiras. Seis pares de olhos brotavam uma luz cinza em mina direção.

Então uma voz grave e gutural soou.

- Aros?

Senti uma onda de terror, e ao mesmo tempo conforto, era a voz de Asgard!

Respondi!

- Asgard, o que aconteceu com você? Preciso desesperadamente da sua ajuda!