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Sol vermelho

Uma estrada onde calor e poeira dominavam. Para nela seguir, era preciso tingir-se de luz brilhante, observando a intuição e a força do querer de Josué e Helena, que caminhavam nessa misteriosa estrada em busca de desvendar um mistério num lugar, ainda desconhecido. Caminhavam há dias, sentindo o corpo cansado, mas o coração banhado de amor e ternura. O calor aquecia o sertão, e para saciar a implacável sede, conduziam em seus matulões, depósitos d´água e outros recursos para alimentação. Esse misterioso casal se amava como se fossem um só coração, e esse amor o tornava pessoas bem especiais.

À margem da estrada de terra vermelha, entre folhas e galhos ressequidos, calangos e pequenos roedores, correndo se escondiam. Borboletas coloridas marcavam presença, sinalizando os encantos e belezas na Natureza. No alto, passarinhos em bandos, bem alinhados e trilando, voavam querendo encher o papo, e a Acauã distante gorjeava, triste. A cigarra cantando anunciava, mais um dia sem chuva, numa tristeza imensa. O Sol vermelho entre nuvens alvas, parecia uma manopla de fogo ardente. No céu azul celeste, nuvens formavam figuras engraçadas, desenhos infantis, talvez para amainar a intensa caminhada do casal.
Na estrada, chegando à singela casa de João, um morador do lugar, o casal pediu pousada e com as graças do Senhor, o venerável amparo lhe foi concedido e esgotados, Josué e Helena, dormiram quais crianças. O vento soprava manso, entrando pelas janelas da casa e o frescor acarinhava a varanda, ornada com uma roseira, e mesmo exaustos escutaram o piar característico da Coruja e o pranto de uma mulher, esposa de João, que estava afetada por uma patologia psiquiátrica.

Josué e Helena foram convidados a ficar no lugar por algum tempo, para somente depois seguirem a caminhada, embora, desconhecessem o destino da viagem. Gratos, aceitaram a oferta e sabiamente improvisaram uma casa para eles, próximo dali, numa trilha na subida da montanha, edificada entre pedras, com o teto feito de palha de carnaúba. Camas foram improvisadas, com ramagens de Aroeira. Na humilde cabana, nas noites enluaradas e céu estrelado, pelas fendas abertas no teto de palha, pingos de Luz estelar penetravam enfeitando o chão, carregado de beleza, trazendo às sombras a claridade, e uma indizível felicidade. Na base plana da montanha, misteriosamente havia nascido uma fonte d’água, formando extensa área de solo molhado e fértil, onde semearam sementes e com o passar do tempo alimentavam pessoas que por ali passavam.

Num belo dia, por inspiração, Helena conduziu a enferma mulher para beber água na misteriosa fonte, e com imensa alegria a senhora doente sarou, trazendo a todos, alegria, felicidade, nova perspectiva de vida e efetiva riqueza para os moradores do abençoado lugarejo. Inexplicáveis fenômenos aconteciam e o feliz e pródigo casal deveria levar boas novas à distantes lugares. Pela estrada empoeirada, seguindo na missão, o casal caminhava, ciente que no floral da vida não morremos em solidão. O misterioso casal deixou no enigmático lugar, fecundas lembranças de amor e progresso. O Sol vermelho, nascendo dourava o mar, rios e florestas, indicando: Eu Estou Aqui. Afinal todo lugar é aqui!!
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 29/04/2020
Reeditado em 03/05/2020
Código do texto: T6932241
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