Meganoipse e o monstro - parte 4

Conta-se que, certa vez, Meganoipse, ainda de tenra idade, circulando pelos arredores da caverna, durante um momento de intimidade dos pais dele, foi atraído por um som que, até então, desconhecia completamente. Tratava-se do relinchar de uma égua prenha, que se esgueirava pelos trilhos do precipício, equilibrando-se como podia, tentando, cuidadosamente, desvencilhar-se das irregularidades do terreno e chegar a um local plano.

Assim que avistou o animal, o menino foi tomado por um misto de surpresa e de medo, já que, para ele, aquela criatura inédita era o monstro do precipício. O medo, talvez, tenha sido em maior proporção, visto que os olhos equinos fitaram os olhos dele por alguns longos segundos, e, no imaginário infantil, tudo poderia acontecer: ele poderia ficar cego; ou virar um monstro como o que diante dele estava; poderia ainda ser abduzido para bem longe dos pais; ou ser devorado pelo ser relinchador do abismo, etc.

Meganoipse, então, não pensou duas vezes. Saiu em desabalada carreira, de volta para casa.