Et Verbo Caro Factum Est

Aqui está a transcrição, não fiel, do conto recitado pelo padre José María da Fraternidade Sacerdotal São Pio X na homilia da Santa Missa de Natal.

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A noite fria já ia às altas horas quando um vulto com proporções maiores do que as de uma pessoa comum, cruzava as ruas enlameadas da cidade. A mendiga andava devagar, por causa do peso da amargura, por isso escondia o rosto com um capuz velho e carcomido pelo tempo. Quem conseguisse enxergar suas feições se horrorizava com a feiura, até as crianças corriam dela com medo, após sua passagem, exalava um odor fétido. Ela, porém não se importava e seguia na direção da estrela que iluminava a rua do vilarejo.

Ao chegar no humilde estábulo os pastores que lá estavam voltavam-se para a figura repugnante parada à porta.

A velha caminhava lentamente até a manjedoura, ninguém ousou interromper seus passos, ao contrário, se afastavam. Uns com medo, outros com nojo. O pai, sempre zeloso, pensava em se colocar na frente para impedir que a velha chegasse mais próximo de seu Filho, mas a mãe do Menino o olhou com ternura e confiança, permitindo que ela viesse.

A velha se reclinou para o Menino e sussurrou algumas palavras, depois tirou de seus vestidos sujos um objeto vermelho e o depositou ao lado do Menino.

A criança a olhou dentro dos olhos, com sua pequenina mão segurou o dedo da velha e sorriu.

A mulher se levantou, agora já rejuvenescida, sem o peso da culpa e da amargura que trazia consigo por ter perdido a herança que seus filhos tinham direito.

Ela não mais andava curvada e nem fedorenta, mas ia embora em silêncio, com os olhos lacrimejantes.

Antes que ela saisse do estábulo, a mãe do Menino chamou:

— Mãe!

A mulher se voltou para Maria e respondeu:

— És tu a bendita por toda eternidade. Seu Filho me perdoou.

Na manjedoura o presente que ela deixou foi a maçã que carregava desde o Eden.

Autor Desconhecido