Confissões de uma morta viva

Como criou Flaubert em Madame Bovary, um dia quis viver o que lia em meus livros. Um dia quis fazer um grande drama, aqueles de jogar coisas, extravasar minha fúria, como um ser humano deveria, e aos poucos voltar a serenidade costumeira. Mas não fui assim, fui na maior parte das vezes, passiva, pacífica, mansa.

Não extravasei, guardava tudo para meus melhores poemas. But, unfortunately...não saiam os melhores, pois apenas encorajava meus leitores a serem como eu.

O ser humano é um equilíbrio entre animais selvagens, apenas com instintos e uma natureza racional sem empatia, claro que não podemos ser apenas um lado, isso causa graves consequências para alguém, porém, as vezes é muito valido abraçarmos nossos instintos, deixar nossa fúria, nosso amor, nossas lágrimas,se libertarem, isso faz parte de ser um ser humano, ao contrário, seríamos uma bomba pronta para explodir a qualquer momento.

E assim fui eu, até conhecer minha velha amiga, a que todos mistificam como sendo a personagem de capuz negro e então começou minha jornada, atrás de qualquer resquício de vida e felicidade. Em qualquer gargalhada, comemoração, viajem, eu estava lá. Carpe Diem, me disseram uma vez e eu não entendia seu completo sentido, até que aproveitei o dia,o momento, colhi os botões de flores.

Meu corpo pode não ser aquele esbelto e enérgico como antigamente, mas carrego uma alma jovem, cheia de sonhos realizados, memórias vívidas,sem arrependimentos e pronta para fazer tudo novamente, mesmo que em outra vida, pois os dedos que agora digitam já estão tremulous e os olhos já não capturam bem a cor da tela. E além de tudo, minha velha amiga me espera, para que eu possa acolhe-la e acompanha-la de bom grado.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 16/06/2018
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