A HISTÓRIA SE REPETE

Vida presente, vida que segue, que prossegue e persegue sempre. Igreja da Libertação? Que igreja é essa que persegue os padres e cristão que não a seguem? Igreja da Libertação que não liberta nem nada, renegando o verdadeiro cristianismo proclamado por Cristo Jesus. Existe uma perseguição entre os religiosos: Papa no alto, cardeais impondo ordens, bispos contra bispos, padres contra padres. Será que a Igreja Católica se transformou na real prostituta preconizada pelos versículos antigos?

Este fato aconteceu em tempos áureos, quando a nossa religião ainda não havia se transformado nessa babel atual.

Tempos difíceis.

Estamos em guerra!

O inimigo robustecido pela ignorância, persegue padres, persegue freiras, persegue o povo de Deus. Igrejas destruídas, incendiadas, enquanto o oficiante da Santa Missa é morto por uma bala assassina...

O terror se espalhava pelas cidades, pelos campos e povoados. Muitos morrem sem abrir mão de sua fé.

Numa prisão, a pobre mãe estava padecendo de morte por professar a sua fé católica. Pedrinho, o pequeno filho, ali estava em sua companhia. Pedrinho, por ser menor, tinha passe livre, podendo entrar e sair sem nenhum impedimento.

Prisão úmida, pouca circulação, o mofo circundava todo o recinte e Maria Redentora, a mãe de Pedrinho, o exortava a nunca renegar a sua fé. Manuel, o esposo amado, morrera fuzilado em uma sangrenta investida da hoste inimiga que negava Deus, que hostilizava a fé. Chusma da pior qualidade, violentava mulheres e assassinava os homens. Maria Redentora sofrera todo tipo de violência em nome da fé porque naquele ambiente sanguinário não combinava o amor cristão ao implacável ódio dos ferrenhos sicários.

- Filho, estou prestes a morrer... - quero muito comungar o Santo Corpo de Cristo. - balbuciava Maria Redentora - filho, procure um padre entre os pobres ambulantes que circulam por vias e vielas. Dentre eles, você identificará um Servo de Deus que irá atendê-lo, filho meu! Vá Pedrinho, vá com Deus.

O pobre infeliz menino, face ao desesperado pedido da mão, atravessa os sombrios corredores da prisão indo ao encontro da multidão faminta à cata de um padre, Ministro do Senhor, Ministro do Altar. Missão difícil, missão quase impossível. Dentre tantos andrajosos, um meigo olhar atraiu a atenção de Pedrinho: sentada sobre um amarfanhado de trapos, uma pobre senhora o observava. Pedrinho com ar triste e súplice se dirige a ela exclamando baixinho:

- Nobre senhora, o seu olhar não engana, com certeza, deve professar a mesma fé que a minha.

- Fala baixo, filho - balbucia a nobre senhora - sou católica, sim e nesses dias sangrentos, professar a fé é suicídio! O que você deseja com tamanha ansiedade?

- Graças a meu Deus, encontrei uma alma fiel! - exultava o anjo Pedrinho - um garoto de nove anos de idade - Senhora, minha pobre mãe está prestes a morrer em meio aos horrores da prisão e manifestou o desejo de receber a sagrada comunhão. A senhora pode me indicar um padre para atender a esse ´´ultimo pedido materno?

A pobre senhora, com os olhos marejados, lançando o olhar para as sebes que circundavam a região, respondeu:

- O último padre que vi entre nós, foi morto a pauladas ontem depois de ter sido descoberto. Morte triste mas comum entre nós os cristãos. Antes, fomos lançados aos leões no Coliseu de Roma. Hoje, filho, somos lançados em valas comuns onde a podridão domina a região.

Compadecida com o drama de Pedrinho, ela não resistiu e indicou um padre, mudado em falso mendigo.

- Deus meu, perdoa-me em te indicar este padre porque pode ser uma cilada onde o padre e eu seremos sacrificados!

- Fique tranquila, nobre senhora! Deus lhe pague e haverá de libertá-la desse fardo de dor!

Pedrinho sorrateiramente se acerca do falso mendigo, um verdadeiro padre cuja missão era se imiscuir meio à multidão, levar o conforto da religião cristã. Por ordens superioras, ele estava proibido de se identificar diante dos algozes porque a Igreja padecia e sangrava através do sangue dos seus fiéis seguidores. Com certeza, se dependesse desse falso mendigo, o padre real, ele se entregava ao sacrifício. Para ele, esta missão era mil vezes pior que a morte.

- Padre - falou Pedrinho.

Um espanto seguido de arrepio apossou-se do padre mendigo. Com olhos lassos, o pobre padre murmurou:

- que fazes aqui menino? Como sabes que sou padre?

- Foi um anjo de Deus, nobre padre que me apontou a direção certa para encontrar o que procuro com avidez. . Estou desesperado, padre! Minha mãe está prestes a morrer, abandonada na escuridão da masmorra e manifestou o desejo de ter um padre ministrando-lhe os últimos sacramentos.

- Belo menino. Menino de Deus. O vivo olhar da criança, despertou a confiança daquele ministro do altar.

- Filho, infelizmente nada posso fazer. Seria morto bem antes de me aproximar daquele abatedouro de almas fiéis, restadas pelas frias e escuras enxovias... Uma coisa posso fazer: toma filho, minha santa criança, conduza entre as mãos o corpo sacrossanto do Senhor e satisfaça o último desejo de sua santa mãe...

Pedrinho, com muito respeito, escondeu por entre as mãos a Hóstia Consagrada, o Corpo do Divino Mestre. Lançando um meigo olhar ao padre e à santa anciã, atravessou becos e vielas, em contrita adoração ao sagrado tesouro, foi direto à escuridão de morte onde a pobre mãe respirava com dificuldade.

- Consegui, minha mãe. Consegui! Dizia exultante a pobre criança enquanto abria as mãos, o improvisado sacrário naquele recinto crucial. Maria Redentora, a filha da Redentora Rainha mãe de Jesus, sentou-se com muito sacrifício para receber a Santa Comunhão. Momento divino, momento de Deus! Uma auréola de luz em torno daquele sofrido corpo de uma dedicada mãe e outro halo da luz do sol incidia sobre o infantil menino. A divina paz dominou aquele ambiente de sofrido abandono. Felizes, a mãe e o menino Pedrinho adormeceram.

Contam, que ao romper da madrugada, quando na prisão entrara a sentinela, vira a pobre mãe por terra inanimada, e o filhinho morto ali, ao lado dela...

clira
Enviado por clira em 30/08/2021
Reeditado em 30/08/2021
Código do texto: T7331376
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