A MENINA SAPECA

Era uma vez uma menina muito sapeca que se chamava Tuca. Desde pequenina não se podia descuidar, e lá estava ela brincando na rua de bolinha de gude com a molecada ou de boneca e casinha com as coleguinhas. Quando não, de esconde-esconde, pular corda, amarelinha e muitas outras brincadeiras, mas, a mais divertida era a de rolar pneu que consistia no seguinte: enquanto uma das crianças, menino ou menina, entrava no pneu outra empurrava e lá ia rodando rua abaixo. Era um dos divertimentos preferidos da criançada e a disputa para a corrida era grande.

Os pais de Tuca tinham um bar que ficava na praça central da pequena cidade, e não queriam que a filhinha ficasse muito tempo na rua, então fechavam a porta da casa para ela não fugir, pois, não podiam descuidar um minuto sequer que ela saía para as travessuras.

Mas como o pai da Tuca era um homem muito ocupado, pois, além do bar, era Maestro da Banda Musical da cidade, e também tinha outras atividades no meio social e político, toda vez que ele ia ensaiar ou sair com a banda de música, ela também queria ir com ele, então para não a perder de vista, enquanto saia para desfilar com a Banda e seus músicos, deixava que Tuca ficasse agarrada no bolso do seu paletó. Ela o acompanhava marchando junto, com as mãozinhas grudadas no bolso do paletó do papai. Imaginem só o que acontecia: o bolso vivia rasgado de tanto ela puxar, e a mãe tinha que sempre o estar costurando.

Na sua casa sempre vinha muita gente e cada vez que sua mãe ia atender a porta, Tuca dava um jeito de escapar e ir brincar na rua ou passear na casa das pessoas vizinhas. Dava um trabalho danado para achá-la, pois depois que escapava dos olhos de sua mãe era preciso procurá-la em vários lugares. Uma noite, sua mãe a estava procurando, pois já era horário de dormir e nada da Tuca. Foi ao bar e perguntou para o seu marido se a Tuca não estava lá, ele disse que talvez ela estivesse dormindo embaixo da mesa ou em outro lugar qualquer, mas no bar não estava. A mãe se desesperou, pois já era um pouco tarde para uma criança estar na rua e ficou muito aflita.

Então alguém que tinha chegado ao bar àquela hora disse a ela:

-Tem uma menininha em companhia de um garoto da mesma idade mais ou menos tocando aqueles arcos de rodinha com uma espátula na rua depois da praça, e os dois estavam brincando bem tranquilos e felizes.

O pai da Tuca foi correndo para lá e trouxe sua filha. Aconselhou-a que não fizesse mais isso, mas a mãe que estava muito nervosa lhe deu uma boa surra. Tuca chorou muito e nunca mais se esqueceu da tunda que levou. Mas como ela era muito danada, ficava no bar de seu pai observando as pessoas que fumavam e começou a pegar as bitucas dos cigarros e amoitava no fundo do quintal. Fez um pequeno buraco onde escondia as bitucas, depois bem quietinha para ninguém perceber, levava uma caixa de fósforos e começava a fumar aquelas porcarias que catava do chão. Quando seus pais descobriram, falaram para ela que poderia ficar doente e a proibiram de fumar, mas ela já estava se tornando uma fumante, e seu pai resolveu lhe dar cigarros bem fraquinhos que tinha no bar até ver o que poderiam fazer para ela deixar o vicio. Mas ela queria cigarro bem forte e não aqueles cigarrinhos mais suaves.

Seu pai muito preocupado procurou o farmacêutico da cidade, pois o médico só vinha de vez em quando. Ele lhe aconselhou a fazer um cigarro de palha com fumo de corda e dar para a Tuca fumar. A mãe da Tuca não queria, com medo de fazer mal, mas seu pai não achava outra solução, pior seria se a filha continuasse a fumar, pois o fumo é muito prejudicial à saúde.

A mãe da Tuca nem quis ver, o pai fez o cigarro e deu para ela fumar. Fumou, fumou, mas, de repente tudo começou a rodar e a menina foi ficando com a cor amarelada e enjoada. Depois que melhorou e passou o enjoo, Tuca nunca mais quis saber de fumar, e se ela não deixasse de fumar com certeza hoje ela nem existiria mais.

Hoje ela diz para as pessoas que fumam que o cigarro faz muito mal, não somente para os fumantes ativos, mas também para os passivos, isto é, aqueles que convivem com os que fumam, porque muitas doenças são causadas pela nicotina e outros derivados nocivos do cigarro.

Agora Tuca é uma menina muito feliz, pois aprendeu que é muito importante viver sem vícios que estragam a saúde para ter uma vida longa e saudável!

There Válio – 11-01-2008