O bicho-papão

— Não vá mamãe, tenho medo do escuro!

— Não tenha medo, meu amor, estou aqui!

— Mamãe?

— Sim?

— Como é o bicho-papão?

— Bicho-papão... quem te contou sobre ele?

— Na escola, meus coleguinhas me falaram que ele vem a noite para assustar as crianças que não querem dormir, que são malcriadas e se esconde de baixo da cama. Mamãe, ele está debaixo da minha cama?

—Hum! Deixa eu olhar... não, não está!

— Que bom, né mamãe?

— É sim.

— Como é o bicho-papão, mamãe, a senhora já viu ele?

— Venha aqui...deixa te contar a história do bicho-papão, quer ouvir?

— Sim, mas ele é muito malvado?

— Não, ele não é malvado. Na verdade é bom...

— Bom! mas ele assusta as crianças...

— Bem...há muito tempo atrás um menino fora abandonado na rua por seus pais. O sonho dele era ter um quarto para poder dormir e assim sair da rua suja e fria. Queria também um irmão para poder brincar ou ao menos um amiguinho. Este menino cresceu morando na rua, mas quando chegava a noite procurava um quarto de alguma criança para poder dormir. Como achava que ninguém gostaria dele, pois nem mesmo os seus pais o quiseram, então, entrava no quarto e se escondia em qualquer lugar: debaixo da cama, dentro do guarda-roupa, pois se fosse visto poderia ser expulso.

— Nossa, não sabia que ele tinha sido abandonado por seus pais, que triste!

— Triste, minha menina! Um certo dia, dentro de uma lixeira, encontrou uma roupa esquisita, mas bem quentinha, ótima para ser usada para dormir, a roupa era peluda, feita com lâ. Gostou dela, embora esquisita, pois não passaria mais frio a noite, e apartir daí passou a usá-la todas as noites.

— Mas então ele não é mau?

— Não, e nem quer assustar ninguém, mas sim ter um lugar para passar a noite e uma companhia, assim como você, também tem medo de ficar sozinho no escuro.

— Mamãe?

— Estou aqui!

— Se quiser ir, pode ir, não tenho mais medo, pois o bicho-papão vai me fazer companhia, e nem quero saber onde está escondido, vou deixá-lo quieto para poder ter um lugarzinho para dormir. Boa noite, mamãe!

— Bons sonhos, meu anjo!