UMA GRANDE AVENTURA - VI

PARTE VI

Olhando mais fixamente ainda, pode ver num relance, a Lua. Sim... ele estava em uma espaçonave. Como estava meio sonolento, fechou os olhos, adormeceu. Ele tinha certeza que era tudo apenas um sonho. Lembrou-se vagamente de ver uma vez mais, a mulher que lhe sorriu quando começou a despertar.

Kauaka entrou na mata e pediu que todos ficassem em círculo, assentados. Disse que tudo ia terminar bem. Os pais dos garotos estavam apavorados com tanta história, bem como o professor, que, quando pensou nesse passeio, não imaginava nada fora do normal.

O cacique, juntamente com o pajé começou um ritual de perdão aos deuses. Pedia que nada de mal acontecesse com os meninos, que eles não sabiam das consequências, que voltassem logo e fossem encontrados. O temor do cacique era de que não os encontrar. Então, terminado o ritual, abraçou os pais, tranquilizou-os, que ninguém nunca havia se perdido ou se ferido naquele lugar. Hikita e Tituba, aos poucos, foram indicando o caminho, sempre dizendo que não era longe, era só até a cabeceira da queda d’água.

Pedro ouviu barulho de música e de festa. Quando percebeu, estava sentado num grande salão. De um lado todo, uma parede de vidro, donde se via o que parecia ser quatro luas, uma delas, gigantesca, parecia bem perto. Viu também objetos que pareciam carros que circulavam pelos céus. No salão, crianças pareciam aprender cálculos numa tela interativa, sempre acompanhados de robôs. O garoto estava confuso. Foi quando uma das meninas se aproximou:

__ Olá Pedro, já está melhor?

Era uma menina muito estranha. Aliás, estranha como todos naquele lugar. Eles tinham uma pele azulada, os olhos, eram um pouco maiores do que os dele. A cabeça era perfeitamente redonda, com uma leve alteração na altura do queixo, que era afunilado. Eram um pouco menores que Pedro, mais ou menos à altura dos seus ombros. Os braços um pouco mais compridos e possuíam apenas quatro dedos. Quando não estavam falando diretamente com o menino, pronunciavam alguns sons muito estranhos, que eram impossíveis de serem compreendidos. Continuou a menina:

__ Meu nome é Hartag. Você é de onde? Chegou hoje?

Muito confuso, Pedro e um pouco assustado, respondeu:

__ Onde estou, afinal? Que lugar é esse?

__ Calma Pedro. Vou explicar tudinho. Não tenha medo. Você está no planeta Angorum, que fica no sistema planetário de Sírius. Estamos bem perto, pouco mais de oito anos luz de sua Terra. Na verdade – meio sorrindo – não era pra você estar aqui. Quem precisávamos trazer era sua amiga Hikita, mas creio que os navegantes se confundiram.

__ Navegantes? Quem são?

__ São nossos soldados, como vocês chamam na Terra, mas preferimos esse termo para não assustar seu povo. Navegantes soa muito melhor, não é mesmo?

__ Sim, mas ainda assim estou meio assustado. Vocês vão me levar de volta? Meus pais devem estar muito preocupados.

__ Não se preocupe amiguinho, vou comunicar o engano ao nosso soberano, e certamente você será levado de volta ainda hoje.

__ Hartag, posso perguntar-lhe uma coisa? Por que vocês vão ao nosso planeta? O que fazem lá? E porque nós nunca soubemos que vocês existiam?

__ Calma, calma, uma pergunta de cada vez. Mas eu não posso lhe responder tudo isso. Aguarde um pouco que vamos levá-lo ao soberano.

E dizendo isso, afastou-se suavemente. Enquanto não voltavam, Pedro foi observando o lugar onde estava com mais detalhes. O céu não era tão azul quanto o da Terra, e havia um sol bem grande, mas com uma luz menos forte que o da Terra. Sim, era aquela estrela que Pedro tanto contemplava de sua casa, na calçada, nas noites frias de inverno. Sírius parecia ter o tamanho de um sol e meio visto da Terra. Sua luz, porém era branca, suave. Pensou que talvez pudesse ser efeito do vidro que cobria parte do salão que, percebeu, era uma escola. Bem diferente, mas uma escola.

Notou uma porta aberta. Saiu por ela e se expôs à atmosfera de Anglorum. Num primeiro momento quase desmaiou, ficou roxo e foi socorrido por um dos meninos que estudavam. Ele disse meio afobado:

__ Calma menino, vou lhe ajudar.

E soprou em sua boca um dispositivo que injetava oxigênio no seu corpo e pediu que respirasse profundamente. Algo em seus pulmões reconheceu aquele ar, e, em poucos segundos, Pedro já respirava na atmosfera angloriana. O menino, sempre muito curioso observava tudo. Do lado de fora, tudo parecia ainda mais intenso. No céu de Anglorum orbitava cinco luas, duas, gigantescas para os padrões da Terra e as outras pareciam mais distantes e um pouco ofuscadas pela luz da estrela.

O espaço onde ele estava parecia algo como uma redoma. Ao lado, uma natureza exuberante, de um intenso verde com quedas d’água que emitiam um som suave, rodeado de grandes pássaros.

Ao longe via o que parecia ser uma cidade, edifícios que pareciam torres que quase alcançavam o céu. Mas não se ouvia barulho, não havia ruído. Tudo era muito sereno, muito suave.

Pedro vivia um momento único de sua vida. Estava ali por acaso, abduzido por engano e contemplava a maior experiência de sua vida. Esfregava os olhos e estapeava-se para ver se tudo não passava de um sonho. Mas tudo parecia muito real. Foi quando percebeu que Hartag vinha a seu encontro. Sorridente, chamou-o.

__ Vamos Pedro, o soberano quer ver você. Vamos rápido.

Prontamente deram-se as mãos e foram até o soberano. O caminho era por dentro da redoma, onde estava observando as crianças aprenderem de tudo. Desceram por um elevador, quando foi percebendo que tudo escurecia, parecendo que entrariam num subsolo. Como o elevador era de vidro transparente, desceram bastante até que parou, tendo em frente uma espécie de corredor todo iluminado que conduzia à várias portas, sendo que um grande salão se via à frente. Hartag mostrou que o soberano trabalhava ali. O lugar parecia sinistro. Pedro sentiu um frio pela barriga ao caminhar pelo corredor.

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 14/01/2018
Código do texto: T6226021
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