O SAPO QUE QUERIA SER PRÍNCIPE

O SAPO QUE QUERIA SER PRÍNCIPE

DE NATAL F CARDOSO

Era uma vez um sapo que gostava de se sentir um príncipe. Seu nome era Xapinho e sempre ficava horas e mais horas com os livros de estórias infantil e a cada leitura soltava um suspiro. Sua mãe ficava preocupada e as vizinha começaram a falar que aquele sapinho era muito estranho. Enquanto todos os outros sapinhos adoravam uma umidade e uma chuva para se esbaldar na lama e no barro, o sapinho não gostava de se molhar e achava aquilo de muito mau gosto. E assim ele andava entre os outros sapos, calçado de botas e com capa de chuva. Quando passava todos tiravam um sarro dele. Mas ele não ligava. Achava que era um príncipe e que logo mais apareceria uma princesa para salva-lo. Sua mãe tentava falar com ele. — Meu filho. O que está acontecendo? Por que você não é igual aos outros.

— Mas mamãe eu sou diferente. Eu sou um príncipe, e a minha princesa virá me salvar.

Ele insistia tanto nisso que acabou convencendo sua mãe. Ou ela desistiu, pois tinha muito trabalho para fazer e cuidar de outros filhos. E toda a manhã lá ia o sapinho com seu livro até um local afastado onde seus irmãos não pudessem espirrar água e barro em sua roupa limpinha. O Xapinho era muito vaidoso parecia um príncipe realmente. Usava um chapéu com uma peninha do lado e a costa levava uma cestas com flechas para pegar seus alimentos, pois achava muito deselegante esticar a língua e agarrar algum inseto. Afinal isso não ficava bem em um príncipe. Imagine ficar por ai esticando sua linguinha. Enfim, o dia dele era de leituras e espera pela sua princesa. Um dia ele acordou assustado parecia que um terremoto estava acontecendo. Olhou para fora e foi coberto por um monte barro e água, sua caminha foi jogada longe e ele caiu estatelado no meio do brejo onde todos estavam caídos e sujos. Foi então que ele viu vários meninos e meninas correndo pelo brejo. Não ligavam para ele, nem para ninguém. Pareciam loucos e corriam para lá e para cá. Mal ele sabia que as crianças estavam de férias e ali perto de onde os sapos moravam ficava um local de piquenique e era isso, as crianças estavam brincando de algum jogo e é claro que eles não iriam olhar onde pisavam e assim invadiram o brejo, e destruído as casas dos sapos. O sapinho se afastou e ainda se limpando não notou que estava sobre uma linda toalha de linho com motivos primaveril. Foi então que ele a viu. Nossa era ela a sua princesa. Ela era linda. Ela ainda não o tinha visto apesar de ele estar ali ao seu lado enquanto ela conversava com alguém e comia algo. Ela tinha que vê-lo. Pulou pra lá e pra cá. Subiu na cesta de vime com alimentos, mas nada. Como de nada adiantasse ele tocou sua perna. A menina conversava com sua mãe e sentiu algo gelado. Levou a mão até ele sentiu algo mole e soltou um grito.

— Ai! Um sapo.

Levantou-se e correu. O Xapinho ficou ali triste sem entender. Começou a chorar.

A moça correu até seu pai ali perto e contou para ele. O pai dela era professor de biologia e disse:

— Onde está esse sapo? Eu preciso de um para levar até o laboratório. Vamos pegá-lo.

O pobre sapinho já estava saindo triste e cabisbaixo quando um vidro foi colocado em sua frente. Ele não entendeu o porquê de não conseguir andar, estava preso. Podia ver tudo, meio torto e mais brilhante, mas não conseguia se mover. Virou de um lado e do outro e sempre tinha essa parede invisível. De repente ele sentiu algo embaixo de si. Algo se movia por baixo e ele se elevou. Um rosto grande e gordo olhava para ele e lá de trás sua princesa. Também parecia quer vê-lo. Pensou então: Ela o descobrira. Finalmente iria ser um príncipe. Ela estava levando ele para o palácio onde iria beijá-lo e ele se transformaria em um belo príncipe. E assim Xapinho foi-se feliz por não precisar mais andar naquele brejo sujo e molhado. A noite chegou e na floresta grilos cantavam e sapos coaxavam. Sobre uma folha, um sapo perguntou ao outro.

— Você se lembra daquele sapinho que queria ser príncipe?

— Sim. O que será que houve com ele?

— Será que virou?

— O que um príncipe faz?

— Sei lá.

E assim eles caçaram mariposas e continuaram

sua vida calma e simples. E ninguém mais se lembrou do sapinho.

FIM

Natal Cardoso
Enviado por Natal Cardoso em 27/03/2018
Reeditado em 19/04/2018
Código do texto: T6291859
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