Glande Cilco

Glande Circo

Cebolinha não era um jovem de poucos fios de cabelos, pelo menos cada um arranjou três ou quatro companheiros, ao invés de engordar um pouco como todos achava, ele manteve um corpo visualmente bem proporcional em relação às tabelas tão exigentes dos nutricionistas.

Ainda corre da Mônica apesar de ele ter crescido e o coelho dela não, quanto ao Cascão, toma a mesma quantidade de banhos de sempre, de nenhum a praticamente nenhum mesmo, e a Magali, continua a mesma menina, faz de tudo por um pedaço de melancia, ajuda amigos nos estudos, vai à feira para as vizinhas, chegou ao extremo de passar roupas para a D. Laurinha que estrategicamente colocou uma melancia aparentemente suculenta na janela da sala.

Na pequena cidade Tauripe não há grandes novidades, de vez em quando um circo ou um parque de Diversões vem para a cidadezinha.

Mônica anda pela praça a procura de Magali que naquele horário estava acostumada a dar voltas a fim de manter o peso, estava preocupada com umas gramas a mais, senta-se sob uma bela árvore coberta de flores, a primavera estava muito amena, temperaturas ótimas para caminhadas. O coelho sentado em seu colo já não era tão assustador, a fase da adolescência de Mônica estava acabando, surgia então uma bela jovem.

Por trás de Mônica chega Cebolinha e lhe dá um susto.

Por costume, e sem nem pensar o coelho chegou à lateral do rosto de Cebolinha com muita rapidez.

Cebolinha: Poxa Mônica, foi só uma blincadeira.

Mônica: Reflexo meu amigo. Machucou?

Levantou-se e foi acariciar o rosto de Cebolinha que aceitou com um belo sorriso no rosto. Sentados, e conversando sobre os jogos do final de semana avistam Magali de posse de um grande pedaço de melancia.

Magali: Conversando sobre o quê?

Mônica: Olá, já conseguiu seu primeiro pedaço de melancia?

Dona Lia, ela sempre tem um pedaço reservado para mim, claro que tive que ir ao açougue para ela, mas tudo bem.

Cebolinha: Vocês sabem do cilco que vai se instalar no teleno do senhor João?

Magali: É lógico, já tenho até o dinheiro para comprar o ingresso.

Mônica: Também vou pedir para a mamãe, quero ir.

Vamos lá ver se já tem cartazes! Vamos, exclamaram.

Passaram na casa do Cascão e o convidaram, mas quando ele compra o circo perde de dez a quinze cadeiras, não sentavam perto dele, mesmo com o tempo ameno e as noites frias. Chegando ao circo que ainda estava sendo armado entraram e perguntaram aos funcionários sobre os cartazes com a propaganda do show.

Caio: Vamos lá jovens, vou mostrar para vocês, será um grande show, já vou adiantando. Avisa as crianças que os palhaços são muito diferentes daqueles que vocês já viram. Esticou o cartaz e o levantou até se distanciar um pouco do chão.

Todos olhavam atentos.

Um palhaço alto, aparentando uns 40 anos, outro que jovenzinho como eles, e quatro crianças pequenas, cartolas e sapatos gigantes.

Cebolinha lê os nomes: Xanti e Lee, Gan e Gun.

Diversão garantida para todas as idades.

Gostaram do cartaz, iriam avisar as crianças e adolescentes que conheciam.

Tiraram algumas fotos e logo que saíram, não sem dar uma volta ao redor para matar a curiosidade.

Logo que saíram foram ao encontro dos mais chegados, e ao mesmo tempo mandando as fotos pelo watzapp, todos ficaram curiosos, e ouviam as mães e pais apoiarem uns e dizer que não iam a outros. Uma hora depois era o assunto da cidade. Na padaria, no açougue, nos pontos de ônibus e no dia seguinte na escola.

Uns citavam o nome dos palhaços demonstrando gostar de Chantilly, o português da padaria disse que a procura por doces com chantilly cresceu muito.

Três dias de propaganda e fuxicos foi o bastante para a fila no dia da inauguração estar enorme.

Vendedores de pipocas, algodão doce, churrasquinho e tantos outros se instalaram próximo ao circo para ganhar um extra e dar alegria a tantas crianças.

Cascão foi o primeiro a sair de casa, queria um lugar especial, perto dos palhaços, não tanto quanto ele queria, pois, tinha consciência da dificuldade de estar perto dele, mas o bastante para vê-los e ouvir a voz deles com qualidade.

A fila era grande, três garotas da sexto ano, um espaço vago, Cascão, outro espaço vago, uma turma do sétimo ano e ai sequencialmente, Mônica, Cebolinha e Magali estavam atrás de uns quarenta, mas ninguém se preocupava, o circo era muito grande.

Ao começar a venda dos ingressos, as crianças e demais convidados corriam para escolher ótimos lugares, todos se instalavam rapidamente, mas havia muito espaço.

Todos esperavam pelo início. As luzes se apagam.

Refletores sobre o Xanti e o Lee

Boa noiiiiteeeee, fala Lee com uma voz jovem, mas que ainda estava se formando. Bá noite a todosssssssss, Fala Xanti com uma voz grossa.

Xanti e Lee se cumprimentam e se abraçam e pedem ao público que façam o mesmo. Um grande alvoroço e muita alegria movimentava a plateia.

Em seguida eles dizem que vão apresentar a todos os seus amiguinhos, os inimagináveis, carinhosos, Gan e Gun.

Silêncio geral

Eram apenas crianças e todos queriam ouvi-las.

Foco na cartola de Lee, ele retira da cartola um pequeno bonequinho que olha para ele e diz: Quanta criança linda Lee, vamos brincar?

Lee levanta-se, as luzes se apagam e em seguida um menino de seis ou sete anos cumprimenta o público. Voz infantil e olhos bem abertos.

Eu sou o Gun, a lado alegre e feliz do Lee, se ele ri, eu rio, se ele chora eu choro.

As luzes se apagam novamente.

Ao acender o foco de luz, mais um menino, com cores mais cinzas e vermelhas contras as amarelas azuis e verdes de Gun.

Olá a todos. Boa noiteeeeeeeeee. Todos respondem: Boa noite.

Eu sou Gan, o lado mais sério de Lee, se ele estuda eu também aprendo, se ele tem medo, eu também tenho.

Silêncio. As luzes se acendem.

Xanti gira o Lee, que dá vários rodopios.

Gan e Gun tonteiam e quase caem, são amparados por Xanti, que chama alguém da plateia para ajudá-los.

Lee bebe um grande copo de água, Gan e Gun torcem as perninhas e correm em direção a uma placa escrita WC.

Lee se diverte assistindo a TV (colocada no palco), Gan e Gun riam juntos.

A plateia se divertia de ver tamanha sintonia.

Segue o show sob muitos aplausos.

Antes de irem, todas as crianças iam conversar com Gan e Gun e nem queriam ir embora. Xanti e Lee se distraiam ouvindo as crianças rindo e se divertindo.

Cebolinha e sua turma foram os últimos a sair. Por Gan e Gun sentir tudo a partir do Lee, eles não tiveram dificuldade de brincar com o Cascão, pois eles mesmos não sentiam cheiro. Cascão teve um dos dias mais felizes de sua vida.

Fim

Sérgio Ricardo de Carvalho
Enviado por Sérgio Ricardo de Carvalho em 23/07/2018
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