UM PEQUENO CAÇADOR

Zeca era um menino muito doce e amável, que adorava conversar com as pessoas. Ele era uma criança que se preocupava muito com os problemas ambientais. Em sua escola, ele estava sempre envolvido com projetos de proteção ambiental e com a proteção e conservação dos animais.

A sua maior luta e preocupação era com o destino dos animais abandonados. Para se ter uma ideia, se dependesse de Zeca, a sua casa era um verdadeiro abrigo de animais abandonados. Ele os trazia para sua casa, sempre que os encontrava nas ruas precisando de cuidados e alimentação.

O comportamento de Zeca deixava os seus pais muito bravos, pois já não tinham mais espaço e nem condições de cuidar de tantos animais. Quando Zeca entrava em casa com um animalzinho nos braços seus pais caiam em aflição. Entretanto, acabavam cedendo mediante os argumentos do menino. Pois o filho os comovia dizendo que era responsável por aquele animalzinho, já que foi ele quem o encontrou, não podia deixa-lo largado, abandonado nas ruas. Além disso, pedia com uma atitude de súplica, amor e carinho tão grande que era impossível recusar o seu pedido.

O pai de Zeca, ao contrário do filho gostava de caçar e decidiu leva-lo para caçar. Era um final de semana prolongado, e queria ensinar ao filho a arte da caça. O pai de Zeca acordou bem cedo, queria aproveitar o máximo e se divertir com o filho. Além disso, ele achava exagerado o apego de Zeca aos animais. Quem sabe depois desta caçada, o menino toma gosto e desiste de coletar tantos animais em casa. Pensou totalmente satisfeito.

Zeca não estava muito interessado em caçar animais. Ele queria mesmo era protege-los. Por isso procurou se demorar na cama, talvez assim o pai desistisse desta “tal” caçada. Mas dali a alguns instantes alguém bate à porta. Não precisa nem dizer quem é, não é mesmo? Você já sabe quem é? Acertou, é o pai do Zeca.

- Zeca acorda filho, já é tarde. Você já dormiu demais, estamos atrasados.

- Aaah não pai, ainda estou com muito sono, será que poderíamos deixar a nossa caçada para outro dia? Argumenta Zeca.

- Não, nem pensar! Hoje está ótimo, estou sentindo que teremos sorte. Você vai gostar, aproveitamos para nos divertir juntos, só nós dois.

- Está bem! Contrariado Zeca se levanta. Apesar de não demonstrar nenhum interesse pelo passeio, a ideia de passar o final de semana com o pai o alegrava muito.

O pai de Zeca pega o carro na garagem todo feliz. Ele tem a intenção de ensinar ao filho um esporte que aprecia muito, a caça. Depois de algumas horas dirigindo em caminhos bem sinuosos e pedregosos chegam finalmente ao seu destino. Tudo preparado, saem em busca de sua preciosa caça.

- Zeca veja, parece que estamos com sorte mesmo!

- Pai, não o mate, é um filhote de coelho. Ele é tão pequenino e tão bonitinho.

- Filho, fique quieto! O pai de Zeca se prepara para atirar, mas o filho o interrompe mais uma vez.

- Mas pai como pode atirar num bichinho tão indefeso como esse! Olhe, ele parece tão feliz.

- Coelho é assim mesmo, tem uma cara bem engraçadinha, mas é um excelente assado.

- Papai por favor, não faça isso, a mãe dele vai ficar muito infeliz sem o seu filhinho.

- Mas filho, assim não dar para caçar com você. Sempre que eu vejo uma caça você a defende. Assim vamos voltar para casa sem nenhuma caça.

- Pai você está caçando para comer? Não precisamos dele, o nosso freezer está repleto de alimentos.

- Filho eu gosto de caçar animal pelo prazer da caça, do desafio. Eu amo o desafio da caça. Responde o pai todo eufórico.

- Mas pai você gostaria que alguém ferisse o seu filho?

- É claro que não, mas que bobagem é essa?

- Então pai, os pais do coelhinho também não gostariam que alguém ferisse o seu filhinho.

- Que absurdo meu filho, como pode se comparar a um filhote de coelho?

- Pai é um animal, o senhor tem razão. Mas o senhor não me disse que somos todos animais?

- Está bem filho, vamos para casa, vejo que não teremos caça hoje.

- Verdade? Vamos para casa?

Zeca acompanha o pai de volta para casa feliz da vida. Pois naquele dia ajudou a salvar a vida de alguns animais. Mas ele sabe que existem outros caçadores que são implacáveis, impiedosos e vivem matando os animais pelo simples prazer de caçar. Zeca sabe que não pode salvar todos os animais da floresta, mas ele fez a sua parte. E você tem feito a sua parte?

Fim

Marsla Araújo
Enviado por Marsla Araújo em 11/09/2018
Código do texto: T6445816
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