Ana Maria foi uma menina muito ativa para sua época de infância; isto, no início da década de sessenta. No Brasil, neste período, predominava um modelo de autoritarismo que alcançava todos os ambientes sociais, desde a própria casa, a escola, até a igreja.
Por isso, talvez, Ana Maria teve que, mesmo criança, ouvir muitos NÃOS, poucos SINS e, repetidas vezes, NÃO PODE, É PROIBIDO. Essas situações a fizeram ser uma menina inquieta, porém decidida a lutar pelos seus ideais de liberdade, mesmo que, na sua inocência, não soubesse bem o que implicaria ser livre.
Certamente, o sentido de liberdade, para Ana Maria, era simples como andar de bicicleta pela pequena cidade e ir até o sítio de seus avós maternos. Nesses momentos, ela se sentia livre para sonhar, pensar no que queria ser e fazer quando crescesse.
Nas suas horas livres, depois da escola, das aulas particulares, dos deveres de casa, e dos ensaios para alguma programação cultural, Ana Maria incluía, nas suas atividades, subir em árvores do quintal de sua casa e escolher o melhor lugar para se sentar e ficar lá, ouvindo o canto dos pássaros, observando o movimento das galinhas ciscando no terreiro e lendo seus livros preferidos, que eram os de fábulas.
Entretanto, sua mãe começou a sentir falta de Ana Maria, no meio das tardes, e passou a investigar o que ela fazia quando não estava dentro de casa e nem brincando com suas amigas e vizinhas. Ao descobrir seu esconderijo no quintal, sua mãe quis saber por que ela escolhia ficar ali, no topo das árvores, sozinha. Ela lhe respondeu: – mãe, aqui eu me sinto livre para conversar comigo mesma, aprendo com o silêncio a ouvir os meus pensares e me oriento para tomar minhas próprias decisões.
Sua mãe, claro, decidiu conversar com o pai de Ana Maria sobre aquele comportamento. No entanto ele, sabiamente, tranquilizou-a dizendo-lhe: – Deixe-a, Ana é uma menina esperta; ela está, na verdade, tentando descobrir o que pode ser no futuro. Eu confio nela e sei que ela realizará seus sonhos, pois é determinada. Pode ficar tranquila mulher, ela tem direito de ter esses momentos para fazer companhia a si mesma. Já exigimos muito dela, deixe-a livre para sonhar todos os sonhos possíveis.

Iêda Chaves Freitas
13/10/2021
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 13/10/2021
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