No sapato.

No sapato, era o apelido de um amigo,

que era um pouco mais velho

do que a rapaziada dos quinze.

A sua amizade era tão grande,

que todos brincavam sem preocupação nenhuma.

Só andava bem vestido,

pagava as coisas para todos

e em fim, era um cara dez.

Para ser enfático, soltar pipas ao seu lado,

era motivo de disputa acirrada,

pois quando voava

dava a linha para o primeiro que visse.

Jogava bola de tênis novo

e ao final das partidas,

jogava o tênis de avanço.

Assim na comunidade era difícil não ser amigo de todos,

a não ser por inveja.

Ninguém nunca procurou saber os motivos,

chegava a ser um deus para alguns.

No final do ano ele era uma espécie de papai Noel.

De repente uma noticia chocou a todos.

Era década de 80 e muitos leigos ao quadrado,

como eu também era,

no primeiro momento sentimos muito,

a sua morte súbita e horrorosa.

Mas as noticias de coisas ruins, que ele praticava

fora da comunidade, eram assustadoras e inacreditáveis.

O cara era ladrão de casas,

talvez assassino,

talvez seqüestrador,

e em fim, um bandido.

Isso particularmente me fez crescer muito,

já não acreditava verdadeiramente sem conhecer.

Hoje separo todas as coisas

e quando digo que a pessoa é amiga,

porque realmente ela é.

Condor Azul
Enviado por Condor Azul em 23/04/2006
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