Isabela
- Isabela!!!
O nome quase não saia de seus lábios trêmulos de dor e de descrença. Aquela mulher diante de seus olhos não poderia ser a mesma por quem se apaixonara no dia em que a viu pela primeira vez. Estava radiante e linda ao receber a faixa de rainha da festa anual do peão de Jauáteri. Cidade que só deixou para acompanhá-la em seu sonho de ser atriz. A mesma ambição que fez com que o deixasse meses depois.
Ali estava Isabela, naquele leito da clínica de recuperação para viciados em drogas que ele visitava todas as semanas para levar algumas palavras de esperança. Palavras que conhecera na igreja que o acolheu no desespero que se encontrava quando ela o deixou. Agora já não era sequer uma sombra da bela mulher que fora um dia.
Isabela estava morrendo e ele não podia fazer nada. Ou melhor, podia sim. Dizer-lhe tudo que tinha vontade. Tudo o que havia guardado em seu coração nesta década que vivera na solidão a que fora relegado. Ela estava morrendo, mas tinha que saber o ele sentiu e ainda estava se sentindo. Então se curvando, disse-lhe ao ouvido:
- Eu te amo. E sempre te amarei.
Uma ultima lágrima correu em seu rosto inexpressivo, mas ele jamais saberá se de alegria, tristeza, medo da morte ou arrependimento.