Velez

As manhãs não amanheciam nos céus de Velez. Há muito os fogos brilhantes do sol caíram pelos trilhos e sumiram das vistas da cidade.

Chegaram os ventos. Levaram os varais para dentro dos olhares, para o fundo das retinas. Então, em mais uma manhã fria, doente, Velez enxugou os coágulos do sereno. Misturou carne, músculo e laço. E do impreciso das horas povoou imagens com uma paixão repentina.

O poste de luz, silencioso em sua luz apagada, desprendia-se como pó em sua curva de metal cansado e velho.

Velez morria e não deixava lembrança. Os trilhos não iam para lugar algum, e a chuva molhava os restos dos ossos.

Velez estava dentro da sombra e a sombra era o furacão

fernandorozano
Enviado por fernandorozano em 31/05/2006
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