Tramas
As mãos teciam os fios. Ásperas, quase insensíveis ao toque, entrelaçavam cada um da trama. Tinha pressa. Marcava a passagem dos dias no calendário pendurado na parede, e as horas eram contadas pela sombra partida em pedaços no chão. Desconhecia a noite, uma vela brilhava na peça para trançar as fibras.
Vinte dias depois, olhou a janela. Sentiu o movimento do lado de fora sem mover os músculos da face. Até sorrir, quando retorceu ao máximo o que acabara de criar. Alcançou dois exatos metros. Estava pronta. Avisou que podiam buscar a encomenda.
Quando o sol se pôs, a porta abriu. Entre as paredes a corda sustentava o corpo do velho Barcellos.