Tramas

As mãos teciam os fios. Ásperas, quase insensíveis ao toque, entrelaçavam cada um da trama. Tinha pressa. Marcava a passagem dos dias no calendário pendurado na parede, e as horas eram contadas pela sombra partida em pedaços no chão. Desconhecia a noite, uma vela brilhava na peça para trançar as fibras.

Vinte dias depois, olhou a janela. Sentiu o movimento do lado de fora sem mover os músculos da face. Até sorrir, quando retorceu ao máximo o que acabara de criar. Alcançou dois exatos metros. Estava pronta. Avisou que podiam buscar a encomenda.

Quando o sol se pôs, a porta abriu. Entre as paredes a corda sustentava o corpo do velho Barcellos.

fernandorozano
Enviado por fernandorozano em 14/06/2006
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