UM NOVO PAPAI NÖEL

UM NOVO PAPAI NÖEL

Clarinha, não entendia bem porque aquele Papai Nöel ainda não havia lhe perguntado sequer uma vez, o que ela queria ganhar como presente de Natal. Já estavam há quase duas horas juntos e ele pouco lhe dirigiu a palavra – na verdade somente falou por duas vezes:

“ - Fica quietinha, viu garotinha.. seja obediente e uma boa menina”

Com seus 5 anos de idade, ela ainda não tinha a exata noção do porque aquele Papai Noel entrara correndo na casa dos seus pais e a carregara para aquele local. Mas, não deixava de ser um Papai Nöel – e seus pais sempre a ensinaram que o Papai Noel era bondoso e dava presentes – por isso ela não estranhara e muito menos chorara durante o percurso.

A casa onde se encontravam estava silenciosa e escura. Papai Noel parecia apreensivo e olhava para fora, por detrás de uma velha cortina – era notório que estava nervoso e esperando por alguém.

Após mais de 6 horas sentada em banquinho manquitola, nos fundos de um pequeno cubículo, Clarinha começou a sentir fome e sede.

- Papai Noel, quero comer – pediu com uma voz cálida

O “bom velhinho” trouxe um quibe frio e gorduroso, junto com um copo d’água – comida não muito adequada para uma criancinha – mas que foi aceita pela menina devido à sua ansiedade em ter algo no estômago.

Era véspera de Natal. Clarinha não tinha a menor idéia que aquela seria uma noite longa e tenebrosa sem a presença de seus pais.

Estava em curso mais um seqüestro de crianças, na cidade de São Paulo. Novos tempos, novos Papais Noéis.