O MENINO DOS DENTES VERDES

Correndo atrás da boléia dos caminhões, nú da cintura para cima, descalço e com um badoque atirando nos passarinhos, às vezes empinando pipa, jogando pião e bolinha de gude, brincando de ciranda, gata pintada, seu Rei mandou dizer, pega-pega, pulando corda, esconde-esconde, passar anel, marré dc, tô no poço, esconder a peia, barra bandeira, arriscando uma partida de futebol no campinho, esporte não muito apreciado por ele,pois ele era tão franzino que os seus coleguinhas sempre o derrubavam nas peladas de fim de tarde. Fabrício Bento era o seu nome, o coroinha da capela de São Limoeiro, cidade onde vivia com seus pais, assim passava as tardes de domingos e feriados.

Tinha um temperamento impulsivo, agitado, quando alguém amolava seu juízo, ficava medonho, arretado, saindo soltando pala e labareda para todos os lados "chutando o pau da chola" contudo era um menino do bem, carismático e sensível a natureza humana e a ecologia, concentrado em seus objetivos, adorado por todos.

Fabrício Bento cresceu, ingressou na Universidade, e logo de início conseguiu seu primeiro estágio, daí foi um pulo para seguir sua carreira profissional. Usando um anel de ametista, pedra que representava a sua profissão, conseguiu um emprego à sua capacidade, e realizou seu sonho, que era colocar um aparelho ortodôntico em seus incisivos, molares e pré-molares com exceção do ciso que o mesmo já tinha extraído devido a sua idade, se tornando o menino dos dentes verdes, vale salientar que não é mais menino, porém tem nos seus olhares e no seu sorriso toda magia de uma criança feliz que continua sendo querido por todos.

Marcos Soares Mariá
Enviado por Marcos Soares Mariá em 14/10/2005
Reeditado em 08/11/2005
Código do texto: T59604