O Meio e o Fim

A medida que as manhas chegam, o sol descortina seu olho nu acima das colinas, os condados chamam portas e janelas a responsabilidade, as crianças apressam os passos em direçao a escola, os homens honestos e dignos correm para o trabalho, as lavadeiras caminham nas trilhas sentido o riacho; ratos, baratas, pernilongos, sapos e demais insetos entocam e o silencio dá passagem para o progresso.

No outro lado do ocaso, chaminés cospem labaredas de fogo e sujam a atmosfera de cinza. Nao há sinal de chuva, motivo das nuvens clamarem por limpeza. Ontem, hoje, amanha: tudo aparenta ser igual. Mesmice rotineira.

O dia esvai-se, escapa por entre os dedos. Mais tarde, após a hora do angelus, quando a noite chegar serena e taciturna, todos que respiraram a correria do dia, inapelavelmente, pertencerao a ironia diminuta da sentença matemática do menos um.

A vida é uma reta numerada no início; que pode ser entendida como marco Zero. No entanto, sem meio e fim determinados por quem a criou; contraria os geometras que disseram que tudo, o sol, a lua, os homens, a Terra, o ar, a água, o fogo, o trabalho, as máquinas, sao governados pelos números.

Porém, um dia ou noite, uma manha ou tarde qualquer, o que a princípio era impossível mensurar, será medido e meio e fim deixarao de ser mistério.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 07/12/2018
Reeditado em 07/12/2018
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