Meus Sonhos 2

Ontem tive um sonho de inquietar até o silêncio dos anjos. Falo em anjos por que de alguma forma eles estavam envolvidos naquela trama onírica. Estava num lugar escuro, seco, sem vida e luz tão vasto que me dava náuseas devido a sensação de profundidade, pois, cada passo que dava parecia estar descendo uma colina. Contudo no meio daquele caminho tormentoso, vi um pequeno fragmento de luz em algum lugar e depois mudava de lugar. Corri para ir atrás, mas parecia que não há merecia, pois, quando corria para um lado e luz mudava para o lado oposto, naquele momento não sabia por onde vim ou aonde estava, nem o que era norte, sul, leste ou oeste.

Escutava barulhos estranhos, como de feras a me espreitar, os ventos ora quentes ora gelados eram irregulares e roíam vozes estarrecedoras de sacrilégio, sofrimento e pesar. Estarrecido e cansado não pude suportar mais aquele sufoco, sentei no chão e comecei a chorar, de repente o chão no qual eu estava se abre sob mim e no desespero eu caio. E tentando me segurar bato minha cabeça em algum lugar e começo a desfalecer.

Mas antes de me perder por completo, sinto alguém me aparando, me segurando com força e gentileza, aquela teria sido a primeira sensação de paz que tinha sentido antes de chegar aquele lugar terrível, seu rosto era pura de luz e suas asas transpiram em segurança e esperança.

Abro meus olhos, mas ainda não acordei, eu bem percebi isso. Pois, estava numa cidade grande que cobria todo o mundo em todas as direções, desde do poente até o nascente. Andavam pessoas cegas, surdas e mudas pelas ruas da cidade, elas não conseguiam se ouvir e nem enxergar as outras pessoas e nem falar. Algumas tinham feridas, tumores e gemiam de dor, mas não eram escutadas.

Eram figuras fantasmas, nem estavam vivas nem mortas, perambulavam pelo dia e pela noite sem encontrarem sossego. Sentiam suas próprias dores, seus pesares mais obscuros, eram ricos e pobres, gente de todas as raças e religiões andavam numa marcha lenta pelos caminhos da grande cidade. Sem esperar aquela mesma figura, que me amparou, apareceu do meu lado. Primeiro senti receio, mas ele então disse: - Perguntes o que queres.

Então perguntei: - Quem são essas pessoas e porque estão fadadas a caminhar sem paz?

Ele respondeu: - Eles são aqueles, que puderam ouvir, ver e falar sobre os conhecimentos do paraíso e cumpri-los. Mas o rejeitaram e negaram e por isso estão desse jeito.

Voltei a questionar: - Quem construiu essa cidade?

Ele respondeu: - Eles mesmos criaram essa prisão fantasiada na procura incessante de satisfazer suas vaidades, paixões, desejos e ambições. Agora estão presos ao luxo e a grandiosidade que de nada lhes serve.

Ele continuou a falar: - Agora é momento de você ir e lembre-se do que viu aqui, pois, o tempo é curto e só ha um único caminho, mas são muitas as almas que estão ficando perdidas.

Ele colocou a mão nos meus olhos e disse: - Vai!

Eu acordei desnorteado e sem saber o que fazer, mas sei que aquilo foi muito forte demais. Tantas sensações e pensamentos que não conseguiria descrever aqui.

Ângelo Luz
Enviado por Ângelo Luz em 05/12/2019
Reeditado em 05/12/2019
Código do texto: T6811449
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