Dentes de Fogo
Ah, que tédio, que desgosto, meu livro chamuscando na fogueira, ardendo a noite inteira. Essa incandescência queimando meninos, crianças de treze anos que matam, enlouquecidas. Que sono.
“Não. Eu não queria matar. Foi um estalo que me deu. E esse tédio, essa fome”.
“Que tédio que nada, que fome que nada. Você matou, pivete. Estalo porra nenhuma. Porra, filho da puta.”
Os caninos da fogueira mastigaram um menino de treze anos de idade. Assim, mastigaram meus olhos. Fecho o jornal e durmo. Eu nada sei dos homens. Eu nada sei de Deus.