Deserto do Tempo

Por quanto mais de tempo poderei imaginar o que é que rasteja toda noite pela escuridão?

Será que meus olhos serão capazes de um dia interagir entre o mundo da loucura e o mundo da razão?

Infinitas perguntas sem ao menos uma resposta, desintegram-se na frente de meus olhos como se corroídos por uma chuva ácida de um Dezembro noturnal.

O que seria mais dificil: as trevas abraçarem a luz , ou serem abraçadas por ela?

Vento frio que corta o meu rosto. Olhando ao meu redor, nada vejo... estou sozinho na luz, caminhando rumo à escuridão.

Quanta loucura e quantos segredos já passaram por essa planície ?

As areias do tempo são carregadas pelo vento. Eu caminho sobre elas. A cada passo, chego mais perto do meu próprio limite. Medo. Coragem. A auto-destruição pode ser uma saída. Talvez também seja uma nova porta de entrada. Tudo depende de seu ponto de vista.

O sol queima como ácido a descoberta pele desse meu frágil corpo, já destruído pela ação do chronos, impossivel de ser parada por mãos humanas. Pelo menos, até hoje foi assim.

Pedras machucam meus pés. Dor. Prazer da vitória. Indecisão.

Na minha frente agora não há mais nada. Apenas mais um passo e não restará terra alguma sob meus pés. Somente o talvez finito infinito. Rumo ao inferno? Rumo ao paraíso?

Meu sem me faz ficar longe do sol. Não existem asas de cera em minhas mãos mas, mesmo assim, prefiro não ariscar.

Os músculos se contraem. O ultimo passo é dado.

Cairei até o fim dos meus dias nesse abismo, talvez finito, talvez infinito chamado tempo, até que decidam me deixar cair ou anjos com asas de prata me levem pra conhecer e contemplar o rosto de Deus.

Alencar Moraes
Enviado por Alencar Moraes em 26/11/2005
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