Em algum rabo de cometa
" Representando a noite a lua sempre brilha sadia, pode ser pequenina ou enorme, magrinha ou cheinha, inspira fantasias em parceria com algum coração apaixonado e faz surgir no rabo de algum cometa olhos enamorados querendo cruzar o planeta".
Nunca esquecera esta frase que num dia qualquer leu em numa histõria qualquer, por isso, não se fazia de rogada, todas as noites debruçava na janela, contava as estrelas até encontrar um cometa e satisfeita promovia com a lua mais uma poesia.
Depois caminhava para a cama bem feita e delicadamente se desmanchava nos alvos lençóis de seda que insistia em acostumar seu corpo porque tinha certeza adormecida se mudava para um castelo encantado,
como acontecia nas histórias de fadas tão conhecidas pela sua infância.
Demorava propositadamente para pegar no sono, se imaginando ao lado do seu amado e em delírios agarrada ao cometa viajava nos costumeiros corpos que conhecia apenas por um bom dia.
"...Estar ao lado do seu Antônio, aquele da padaria ao lado, ou do
José, jardineiro da casa da frente. até mesmo do Joaquim, aquele descarado que levou a mocidade da menina da caso ao lado..."
Não desistia de sonhar acordada, isso lhe rendia inigualáveis momentos de prazer.
Dizia em voz alta, confirmando sua decisão de vida "...estes ninguém poderá tomá-los de mim. Não seria igual a vizinha, que de tanto insistir na realidade, acabou vertendo lágrimas com um filho para cuidar. Coitada..."
Decorava cada passo dos que pela janela passava, prestava bem atenção nos olhos e aqueles que não conseguia saber o nome os batizava
com nomes que emolduravam sua imaginação fértil e quase solitária.
Nunca chorava pela sua má sorte,como diziam à boca- pequena, tinha certeza que a inveja imperava naquelas bocas mal amadas.
Cantarolava nomes, idealizava momentos a dois e adormecia balbuciando sempre sorrindo algum nome.
Era feliz! ainda não tinha se deixado corromper pelo pecado de se apaixonar por apenas um ser. Todos eram dela e ela nunca seria de nenhum.