Praia da Mariana - parte 2

Parte 2

O dia seguinte de Mariana foi menos divertido. Passou-o resolvendo as questões da compra da casa. Menos divertido, mas, não menos importante.

Estava de férias e aproveitaria para fazer a mudança. A casa não seria apenas de veraneio, resolvera morar perto do mar como uma escolha de vida. Seus filhos, ainda bem, gostavam da vida na praia, resolveram isso em família. Clara estava com dezoito anos e Rafael com dezesseis. Teve sorte como mãe, seus filhos eram pessoas do bem, se comportavam como qualquer outro em suas idades, mas, não lhe causavam problemas mais sérios. Sentiram muito a falta do pai, Roberto morrera num acidente de carro há sete anos quando ainda eram muito pequenos para entender o que acontecera. Fora uma época difícil, resolver todos os problemas e ainda estar sempre ao lado deles. Ficaram mais unidos a partir daí. Iriam até lá no dia seguinte para conhecer a nova casa. No próximo final de semana fariam a mudança.

Mariana passou o resto da semana embalando tudo que fosse possível, um caminhão viria no sábado de manhã para buscar os móveis. Teve que se desfazer de algumas coisas, a casa que morava era maior. Não teve remorsos em se desfazer de objetos que fizeram parte de tantos anos de sua vida, se iria começar um tempo novo, não poderia ficar agarrada ao passado, começaria por aí.

Sábado cedo, como combinado, o pessoal da mudança chegou no horário. Logo tudo foi colocado no caminhão e eles partiram. Mariana foi verificar se toda a casa estava fechada enquanto Clara e Rafael levavam para o carro algumas bolsas. Enquanto fechava a porta da frente, Mariana sentiu que ali se fechava mais uma página de sua vida e se abria outra.

O caminho lhe parecia ainda mais bonito do que na primeira vez, em seu próprio carro, podia diminuir a velocidade a qualquer momento e admirar melhor aquela paisagem. Na curva seguinte já pôde ver o pequeno lugarejo e sua praia. Sua praia, Mariana sente que pertence àquele lugar.

Quando parou o carro em frente à casa os rapazes do caminhão já haviam tirado quase todos os móveis e colocado para dentro. Tinha muito trabalho a fazer. A primeira delas seria instalar o fogão no seu lugar e fazer um delicioso café e só então pôr mãos a obra.

A mesma empresa onde alugou o caminhão oferecia também um montador para os móveis e ele já estava a postos esperando as ordens de Mariana para começar a montagem. Começaria pelo quarto de Clara, a filha tinha mania de organização e se achava nervosa por ver seus adorados pertences jogados dentro de caixas, se parecia muito com o pai, Roberto era a organização em pessoa; Rafael se parece mais com ela , é mais doce, bem humorado e fica feliz por qualquer motivo, é o tipo de pessoa de bem com a vida.

Enquanto pensava, ela ia separando as caixas cada uma para o cômodo em que fosse arrumá-la. E assim foi durante todo o dia. O montador foi embora já eram sete horas da noite, mas fez todo o trabalho. Prepararia uma refeição leve, tomaria um banho e deixaria o resto do trabalho para o dia seguinte. Estavam todos muito cansados. Rafael já cochilava no sofá.

_ Clara, Rafael! Acordem _ Temos muito que fazer!

_ Ah mãe, ainda é cedo _ Diz Rafael.

_ É cedo que se começa o trabalho, vamos lá, o café já está na mesa. Levantem!

Não demorou muito a chegar reforço para a arrumação, meia hora depois chegaram sua mãe e duas primas para ajudá-la. No final do dia tinham colocado muita coisa no lugar e o resto já estava todo separado.

Foram mais dois dias cansativos para ela, mas estava tudo no lugar. A casa, como previra, ficara linda, só faltavam algumas plantas e pronto.

Agora faltava fazer algumas compras e um belo jantar de comemoração.

Pegou o carro e se dirigiu ao mercado do lugar. Era um mercadinho pequeno, mas até que bem abastecido e limpo. Escolheu uma carne para assar, as crianças gostavam muito, faria também nhoque, Mariana adora massas, nem sabe como consegue se manter magra. Compraria também um vinho, merecia relaxar um pouco e vinho era a bebida que mais a relaxava. Chegou até a prateleira de bebidas e começou a procurar por um bom vinho.

_ Esse aqui é o melhor _ Disse próximo ao seu ouvido uma voz tão forte e máscula que a assustou _ Desculpe, não pretendia assustá-la _ Disse.

_ Estava muito distraída, por isso assustei-me.

_ Sou Fernando, o dono do estabelecimento, você é nova por aqui. Vai ficar muito tempo?

_ Espero que sim, disse Mariana sorrindo, mudei-me para cá este final de semana.

_ Então nos veremos muitas vezes. Seja bem vinda. _ Dizendo isso, se retirou.

Mariana pegou a garrafa de vinho, colocou junto ao resto das compras e se dirigiu ao caixa. Por algum motivo, seus olhos correram pelo pequeno mercado a procura de Fernando, mas, não o avistou e isso lhe causou certa decepção, não sabia por quê. Pagou as compras e foi para casa preparar o jantar. No dia seguinte iria pela primeira vez tomar banho de mar.