Tornando-me um vampiro - a loucura de drogas

Naquele dia acordei e fiz o mesmo que fazia todos os dias: acendi um baseado. Li até anoitecer, alternando mijadas e cigarros de maconha. Não comi nada. Eu era magro como um peso médio. Na verdade eu era peso-médio; minha única atividade além de ler e fumar maconha era apanhar na academia da esquina.

Minha renda era suprida por meu pai, que mandava dinheiro para a faculdade que eu havia largado há quase dois anos. Usava o dinheiro para as orgias de drogas e prostitutas no meu quarto. Eu vivia uma vida louca, solitária e destrutiva.

- Foi isso que me atraiu até você. - Disse a vampira que me criou.

- O que? - Perguntei. Estávamos na rua do Conic, em Brasília, um local com vários bares e boates com shows de prostitutas. Eu estava lá para contratar uma ou duas para passarem a noite comigo. Acabara de entrar numa viela para procurar um bar.

- Sua loucura. - Ela me olhou e sorriu. Notei seus caninos alongados. Lembro que não acreditei no que vi. A vampira estava excitada pela caçada. - Você quer ir ao fundo! - Ela falou e entrou na minha mente. Lembro da sensação; meus pensamentos se tornaram absortos, perdi a concentração olhando para o nada, sem me importar com a mulher na minha frente.

Ela pulou e chegou ao meu lado. Achei louco uma mulher pular mais de seis metros, mas eu estava tão alucinado pela maconha que nem me importei. Achei que talvez fosse mais uma das pirações que passavam pela minha cabeça. Eu nem tinha idéia do que é realmente uma piração.

Senti sua língua encostando em minha carótida. Ela aqueceu minha pele. Minha criadora era muito delicada e eu estava hipnotizado por ela. A caçadora havia jogado seu feitiço. Ela respirou no meu ouvido, continuei parado em pé enquanto ela me circulava e encostava seu corpo no meu. Fiquei paralisado de medo e tesão. Havia uma energia muito maligna saindo daquela mulher. Talvez ela estivesse absorvendo a luz ao seu redor, talvez sua beleza fosse excessiva, eu a olhava apaixonado e inseguro. Lembro que o terror que sentia enfraquecia minha vontade. Eu não conseguia me mexer. Queria que ela acabasse logo com aquilo. Preferia a morte àquela sensação!

- Sem pressa. - Ela me olhou e sorriu. Seus caninos pareciam maiores. Seus cabelos pretos e lisos estavam soltos sobre o vestido. Usava um conjunto claro, de um pano macio. Vi a forma de seus seios sob a roupa. - Você é realmente muito louco. - Ela falou, espantada.

- Como? - Perguntei.

- Você está com tesão por mim. - Ela riu e se afastou. - Você sentiu a morte! - Olhou nos meus olhos e sorriu. Não vi caninos salientes, apenas afiados. - Sentiu meu ataque. Sabia que iria morrer. - Fez uma pausa, olhou para o céu e virou de costas. O cabelo roçou a bunda. Era redonda e empinada, seguida por longas pernas. - O que fez então? Ficou com tesão por mim. - Ela virou-se num pulo. - Ainda está com tesão por mim!

Aquela era a minha mais deliciosa alucinação. Num breve momento de lucidez pensei que aquela mulher talvez fosse uma prostituta de luxo, perdida no meio daquela rua imunda. O local era freqüentado apenas por vadias de trinta reais, aquela mulher linda e clara como o luar só podia estar perdida.

- Tô cheio de tesão, gostosa. - Eu a enlacei nos braços. Ela não acreditou eu a abracei; uma vampira tão poderosa e antiga quanto ela nunca havia encarado uma vítima como eu, mesmo quando caçou em Paris durante a Revolução Francesa. - Você é linda. - Eu resmunguei em seu ouvido. - Quer sair comigo?

Minha criadora deu-me a mão e fechou os olhos.

Lembro da explosão em meu cérebro. Primeiro senti o terror de ser um caçador e depois o prazer de caçar. Vi imagens de lugares durante a noite e tive sensações aprofundadas de cheiros e gostos. Mas eram gostos estranhos, azedos e açucarados ao mesmo tempo. Ouvi vozes em diferentes pares da minha cabeça. Fiquei atordoado com tantas informações. Eu não sabia de nada ainda.

- O seu tesão é forte? - Perguntou, com o rosto no meu peito e ronronando. Esticou a pequena mão branca e vi uma gota de sangue. Apertei os olhos e percebi que era na verdade uma pílula vermelha, uma bola.

- Quanto? - Eu toparia tomar a bola com ela, mas temi não ter dinheiro para pagar. A mulher me parecia divina. E assustadora.

- Sua alma. - Ela continuou séria e seus olhos brilharam com a luz dos faróis de um carro.

Gargalhei. Afastei-me da prostituta e me abaixei, tossindo. Ri até a boca doer.

- Que clichê, minha filha, mas eu gostei. - Dei um tapa naquela bundinha gostosa. - Fala sério. Quanto?

- Se você fizer gostoso, só paga as bolinhas.

Um negócio da China! Uma prostituta e uma viagem por pouco mais de cinqüenta pratas. E que prostituta! Ela não tinha cheiro, apenas uma fragrância de capim fresco nos cabelos. Eu estava inebriado.

Apitei o alarme do meu carro e quando notei, ela já estava ao volante com o motor ligado. Ela adorava a velocidade. No pouco caminho até meu quarto fumamos um baseado.

- Você acha que isso faz a cabeça? - Perguntou. Eu estava sentindo o tampão da minha testa se descolando. "Acho sim", pensei. - Não faz a minha. Sinta o que eu vejo. - Virou-se para mim, sem desacelerar, e me beijou. Seu rosto quase tampava minha visão da frente do carro. Ela desviava dos outros sem parar o beijo. Flashes de visões com outras dimensões apareciam na minha mente. Lembro que não falei nada e quando dei por mim estava na frente do meu hotel. Eu havia sido expulso do antigo condomínio e agora vivia mudando de hotel.

Subimos ao meu quarto. Mal fechei a porta e ela me mordeu. Eu a empurrei e a mordi também. Começamos a tirar nossas roupas. Ela usava uma cinta-liga branca. O corpo firme cheio de curvas me fez perder a atenção na brincadeira. Ela segurou meu rosto e me beijou. Prendeu o canino afiado nos meus lábios e o cortou. Lambeu meu sangue.

- Ai, porra! - Reclamei, puxando a cabeça.

- Desculpe. - Seu hálito era estranho. Fiquei excitado com o cheiro, ainda que o achasse meio azedo. - Vingue-se. Morda minha boca.

Mordi.

- Mais força.

Apertei.

- Morde, porra! - Ela urrou. Eu gelei da nuca até os pés. Cravei meu canino no meio de seus lábios. Macios, eles se abriram com meus dentes. Ela não se mexeu de dor. Lambi seu sangue. Gostei do sabor. - Agora a gente não precisa usar camisinha. - Ela falou.

- O que? - Perguntei, assustado com o som de um sino batendo na minha cabeça. Ouvi um badalo tocando sem parar.

- Tome. - A pílula vermelha apareceu novamente na mão da mulher. Ela a empurrou na minha boca. A pílula dissolveu na minha língua como se fosse vinho. Eu a senti passando pelo pescoço e batendo no estômago. Pisquei os olhos e vi que a bolinha já estava fazendo efeito. Senti o estômago ardendo como se estivesse se dilacerando. Apertei a barriga e respirei fundo. Desmaiei.

Acordei com o movimento de um corpo sobre o meu. Eu estava nu e a puta estava rebolando sobre mim. Seu corpo esbelto e aveludado se contorcia e tremia. Olhei o rosto da mulher e me assustei. Ela estava impávida como mármore.

Olhei para o lado e vi a mulher deitada ao meu lado na cama. Ela estava profundamente adormecida. Era linda e sua nudez tornava a visão divina. Eu escutava sua respiração embora não percebesse o peito mexendo. Olhei a janela e vi a escuridão da madrugada. Consegui ouvir os pingos do sereno.

Senti que não estávamos sós no quarto. Procurei com os olhos e achei uma barata atrás da prateleira de livros. Eu vi suas patas e antenas com detalhes, mesmo à distância. Percebi que meus sentidos estavam aguçados. Eu já havia tomado drogas como essa, que alteravam os sentidos. Eu estava deliciado mas sabia que logo viria a paranóia.

Sentei-me na cama, olhei a prostituta e lembrei que não sabia seu nome. "Soraya", escutei. Não era um som, na verdade, parecia mais um sussurro. "Soraya". Um pensamento.

Vi que ela me olhava na escuridão.

Seus olhos negros realçavam a brancura da pele. Notei que seus lábios estavam rubros. Ela se curvou e procurou minha boca. Mordiscou meu queixo e foi para minha jugular. Senti que ela a apertou com os dentes. Eu fiquei parado, sentindo sua língua brincando na minha pele. Ela parecia passar a língua por todo meu pescoço sem abrir os dentes.

Fiquei excitado como nunca havia ficado antes. Eu queria possuir aquela mulher. Ela mexeu o corpo como se concordasse com meus pensamentos. Quando tirou os dentes da minha pele senti o pescoço queimar como se estivesse em brasa. A vampira me olhava diretamente. Não consegui desviar o olhar. Ela puxou meu corpo sobre o seu. Encaixei-me entre suas pernas. Sentia-me confortável e protegido. E morrendo de tesão!

Penetrei a vampira com apenas uma estocada. Ela gemeu e arranhou minhas costas. Eu mexi o quadril. Ela lambeu a ponta dos dedos, passou novamente as unhas nas minhas costelas e chupou avidamente as mãos. Olhei sobre meu ombro e tive a impressão de ver sangue escorrendo pelas até minhas nádegas. Ela me abraçou.

Colei meu rosto no pescoço daquela mulher maravilhosa e me mexi como uma cobra. Eu serpenteava no meio da coxas brancas e longas. Apertei um seio macio e firme. Cores explodiam no meu cérebro. Ela prendeu minha cabeça no seu pescoço segurando minha nuca. Ela apertou e eu abri a boca.

Mordi seu pescoço.

Senti que a machuquei. Ela se encolheu e contraiu a vagina. Eu quase me perdi nas brumas que aturdiram minha visão. No meio da névoa, pequenas explosões de cores formavam imagens magníficas; lindas mulheres e belas paisagens. Meu sexo estava em choque e minha razão havia sumido. Bebi o líquido que escorria pelo pescoço da prostituta; parecia suor mas não tão salgado. Era esmaltado.

Desmaiei. E acho que gozei.

Acordei como da outra vez, mas a mulher não estava ao meu lado. Havia apenas uma caixa com umas bolinhas cor de rosa. O sol estava a pino.

Meu quarto estava uma bagunça. De onde surgiram tantas garrafas e tantos copos. Quantas pessoas estiveram aqui? Olhei ao redor, procurando Soraya. Era mesmo esse o nome dela ou foi outro sonho? Havia um bilhete sobre a prateleira de livros.

"Tome a bola rosa se ficar mal.

Volto."

Porque eu ficaria mal? Pensei.

Meu estômago tentou sair pela boca. Eu o prendi na garganta e corri para o banheiro, levando as bolas rosas comigo.

Vomitei uma gosma vermelha. Não era bílis nem nada que eu já tivesse vomitado. Parecia uma espécie de menstruação. Lavei a boca com água e fiquei ainda mais enjoado. Joguei uma bola rosa pela garganta e ela logo me aliviou. Mandei mais duas para dentro e fui me deitar na cama.

Respirei fundo. O ar que entrou trouxe cheiros fortes que contavam histórias dos locais onde estiveram. Eu senti quem estava nas redondezas, identifiquei seus odores, soube o que estavam fazendo, além de sentir os cheiros dos animais e das coisas. Fiquei tonto com tantas idéias diferentes. Recostei-me na cama para ficar mais confortável. Empurrei meu tronco com os pés e senti minhas costas encontrando a parede. Ela estava fria e o toque agradava minha pele. Continuei me empurrando com os pés. Deixei a cama para trás, arrastando-me pelas paredes buscando locais frios para encostar. Minhas costas logo esquentavam cada ponto onde eu parava. Empurrei-me mais. Quando foquei os olhos, vi a cama à minha frente. Eu estava colado no teto.

Não me assustei. Pulei para o chão. Equilibrei-me novamente à gravidade e fui ao banheiro pegar outras bolas rosas. Engoli mais uma e rapidamente apertei um baseado. Queria esperar Soraya bem alto.

Algumas horas se passaram. Ao cair da noite, notei uma bruma cobrir meus olhos. Prestei atenção e vi que era uma fumaça negra entrando pela janela.

- Sentiu minha falta? - A doce voz atrás de mim me surpreendeu.

- Muita. - Falei. Olhei a mulher. Ela usava o mesmo vestido. A pele estava mais pálida e os lábios cintilavam. Colei-me neles. Mordi com força e lambi o sangue.

Soraya me empurrou com uma força inacreditável. Bati as costas na parede e escorreguei para o chão. Eu estava fraco, não havia comido nada. As pílulas rosas havia acabado e a maconha já havia arrancado o tampão do meu cérebro. Mal conseguia ficar em pé.

Ela me arrastou para a cama e tirou minha roupa. Subiu sobre minha barriga. Eu vi sua vagina encostada no meu peito, sentia seu cheiro entorpecente. Tentei me mexer.

- Quieto. - Soraya surgiu com uma taça na mão. Com a outra enfiou umas cinco bolas na minha boca. Bebeu um gole da taça, encheu a boca e abaixou-se até mim. Seus lábios úmidos despejaram um líquido delicioso na minha garganta. As bolas desceram junto. A língua de Soraya se aventurava pela minha goela. Senti-a entrando pela minha garganta. Fiquei enjoado. Um arrepio de tesão transformou-se em muita tontura e quase me fez perder os sentidos. Cada sensação parecia um choque.

Abracei aquela mulher deliciosa. Meus braços encostaram nas minhas próprias costas. Forcei-os para frente e minhas mãos alcançaram Soraya. Eu tinha cobras no lugar dos braços. Deitei-a sobre uma bruma e cheirei seu corpo, dos pés à cabeça. Cada curva com um cheiro, cada cheiro uma história. Passei pela vagina, lambendo-a levemente, mordisquei os mamilos e ataquei o pescoço.

Soraya não gostou do meu ataque. Empurrou minha cabeça e bateu no meu rosto. Foi apenas um tapa, mas foi a última coisa que me lembro. O som do tapa no meu rosto.

Não sei quanto tempo fiquei inconsciente. Quando acordei, eu estava debaixo da cama. O frio do chão tranqüilizava a ardência na minha pele. O resto de sol que se punha na janela doía principalmente nos meus olhos. A colcha deixava passar pequenas frestas de luz.

A escuridão fez-se absoluta. Levantei-me e procurei Soraya pelo quarto. Estava vazio. Procurei no chão por algumas bolinhas que pudessem ter caído. Nada. Respirei fundo. Queria sentir o ambiente. Eu estava fraco, apenas tossi de pigarro. Fumei um baseado para me acalmar. Eu estava apavorado. Senti muito medo de ter sido abandonado.

As luzes artificiais não me incomodavam, mas eu preferia ficar na penumbra. Dormi durante os dias e nas noites seguintes sai em busca de Soraya. Em cada beco, em cada casa de show, em cada bar. Nenhuma outra prostituta a conhecia. Eu não sabia mais o que fazer para conseguir aquelas bolinhas!

Usei várias outras drogas. Algumas injetáveis. Nenhuma tinha os mesmos efeitos.

Eu andava louco naqueles tempos. Vivia recluso no apartamento, saía apenas depois do anoitecer, procurando drogas. Usava tudo que encontrava. Acabei criando uma grande resistência, só o vinho ainda me entorpecia. Não me importava com minha aparência, pois minha barba não crescia e meus cabelos ficaram sempre do mesmo tamanho. As unhas eram as únicas que aumentavam; e como aumentavam! Eu andava sempre com grandes unhas.

Não comia nada, algumas vezes devorava alguma proteína para conseguir ficar de pé. Um bife bem mal-passado, carpaccio, sashimi, quibe cru. Quando ficava com muita fome bebia cachaça, que amortecia o estômago e as idéias.

Vivia cercado por prostitutas. Continuava tentando encontrar aquela que me criou. Somente depois de muito tempo comecei a pensar que talvez ela só estivesse no meio das putas para me caçar. Eu devia procurá-la em outros lugares. Mantive, contudo, a presença das putas. Elas me conseguiam drogas e sexo fácil, nessa ordem.

Visitei museus, desfiles de moda, bares de diferentes estilos. Meu dinheiro sempre acabava, mas eu descobri um fascinante charme que me abria as portas para todos os salões: simplesmente convencia as pessoas a fazerem as coisas por mim.

- Você gosta de viagens? - Perguntei para uma moça que conheci num show de rock'n roll. Eu era convidado do produtor, que era irmão de um maluco que eu conhecia.

- Gosto. - Ela respondeu e me devolveu o baseado.

- Venha a minha casa. - Pedi. Minha voz era na verdade uma ordem. A primeira manifestação dos poderes vampiros. Eu adorava aquela capacidade e ainda não sabia de nada.

Levei a garota a um quarto de hotel. Queria fazer uma putaria louca. Eu tinha bebida, baseados e muitas anfetaminas. Ela era loira e bem novinha; lembro bem, foi minha primeira vítima. Logo a seduzi e a deixei apenas de calcinha. Ela era bem gostosa mas isso pouco me importava. Eu queria mais.

Bebemos e fumamos. A garota era bem animada. Eu a enchi de anfetaminas. De todas as cores: vermelhas, fortes e explosivas; amarelas, lisérgicas e sensitivas e até as rubras, que alteravam a percepção. A garota dançou nua pelo quarto, movendo-se como uma gata no cio. Eu brincava de tentar segurá-la e ela fugia aos risos. Logo ela ficou apreensiva e até gritou de medo. Contive-me e continuamos brincando. Acho que me transformei.

Quando a segurei sobre a cama, penetrei sua vagina sem umedecê-la. Ela gemeu e levantou o queixo. Avancei em seu pescoço e mordisquei a jugular. Senti meus caninos crescendo e apertei a boca com delicadeza. Senti o sangue quente e viscoso jorrando dos ferimentos.

A vagina apertou-me com força. Parecia contrair os músculos no mesmo ritmo do coração. As jorradas de sangue escorriam para minha boca. Passei a língua pelas presas por puro delírio. Gozei sentindo meu pau eclodir como um vulcão. Minha visão estava turva, eu enxergava apenas um mar de cores flutuando ritmadas por um vento invisível. O sangue descia pela minha garganta trazendo cada momento da vida da menina. Senti sua infância na casa dos pais, os tempos no colégio, a educação religiosa e a revolta com as instituições. Deliciei-me ao vê-la trepar pelas primeiras vezes e também por usar uns bagulhos de vez em quando. Ela era bem protegida mas adorava o lado real da vida, não a prisão de um lar perfeito. Agora ela era minha.

Senti as últimas contrações de sua vagina. Olhei para a garota curioso. Eu sentia que ela iria morrer em dez, não, nove batimentos do coração. Retirei o pênis no oitavo batimento e parei de chupar seu sangue no quinto. Eu sabia que não devia sugar o sangue de alguém morto. Era o mesmo que o instinto do leite materno. Eu sabia o que me fazia bem e o que me fazia mal. Eu era um vampiro.

O coração da garota pulsou novamente. Olhei sua face atormentada de terror. Percebi o cabelo loiro pela primeira vez. Sua pele brilhava. Olhei novamente para seu rosto juvenil e perfeito. Descobri que a expressão assustada, na verdade, era êxtase. Notei claramente que ela estava gozando algum prazer cósmico em outra dimensão. O rosto torcido era o prazer máximo. Empurrei meu pau de volta à sua vagina.

Dois batimentos.

Uma contração.

Ela morreu. O último calor de seu corpo passou para mim. Minha pele, constantemente fria, aqueceu-se por alguns minutos. Descobri que aquele era o único calor que os vampiros gostavam de sentir. Muitos de nós nem se alimentam mais assim; preferem apenas o sangue. Eu ainda adoro sangue no meio de uma trepada.

Vivo agora nas casas das minhas vítimas. Saio com elas, aproveitamos as boas coisas da noite. Consigo tudo o que querem: de drogas a diversões. Em poucos dias consigo levar uma pessoa à loucura. Muitas festas, putarias, anfetaminas, maconhas, injetáveis, xaropes, químicos, sintéticos. Nenhuma dessas drogas, todavia, é tão potente quanto a que me transformou no que sou. Essa eu não passo para ninguém. Não quero dividir meu prazer.

Ao final, quando me canso das pessoas, eu as mato e bebo o sangue. Logo seduzo outra vítima e me mudo para sua vida, até que sua mesquinhez me entedie e me faça procurar outro pouso.

Sempre termino o dia, ou melhor, a noite, do mesmo jeito: acendo um baseado. Algumas vezes para apreciar o sabor do sangue nas presas, outras para tramar meus passos na noite seguinte, mas sempre para dormir durante o dia o sono dos malucos.

Giovani Iemini
Enviado por Giovani Iemini em 26/04/2005
Código do texto: T13145