o pássaro Belino

Minha casa era de campo,

Atrás da mesma

Havia um lago maravilhoso.

Num dia de belo amanhecer

Parecia que seria muito quente,

Peguei uma toalha

E fui tomar um gostoso banho.

Chegando no lago,

Estiquei a toalha na grama,

E da margem corri para mergulhar,

Nadei de todas as formas

E quando já vinha saindo da água,

Notei numa rústica cobertura a margem do lago,

Que eu mesmo havia construído para sentar,

Uma casinha de passarinho.

Ele não estava lá,

Mas chegou logo

E percebeu que eu o descobrira.

Fiquei maravilhado,

Porque ele era muito colorido

E diferente de todos os outros

Que eu já conhecia.

Acho que ele não ficou satisfeito comigo,

Porque começou a bicar-se violentamente

E atirou-se no chão.

Então fiquei atônito com o fato,

Mas tomei as providencias

Que a minha falta de conhecimento permitia.

Peguei-o em minhas mãos como concha,

Levei-o para o lago

E dei-o um banho com carinho.

Imaginei que do seu corpo,

Saía uma gosma venenosa,

A ponto de asfixia-lo.

Através do seu biquinho,

Introduzi pequenas gotas de água,

Depois deixei a brisa do ar,

Seca-lo abundantemente

E senti que a sua vida revigorava-se,

Porque ele começou a se mexer vagarosamente,

Porem eu queria realmente acompanha-lo

Por toda a sua vida

E quem sabe tentar entender

A sua súbita tentativa de homicídio.

Particularmente eu cuidava

Muito bem da natureza

E já tratava de animais sem defesas,

E nesse caso a minha emoção foi aguçada

Dum jeito que o sentimento de dor

Apoderou-se do meu coração

De forma muito compassiva,

Por isso não tive duvida nenhuma

Com relação ao ciclo da vida na natureza.

Rapidamente soltei um outro pássaro

Que estava recuperado de um ataque de gavião.

A gaiola era majestosa,

Toda feita de madeira pinho de riga,

Muito bem trabalhada.

Assim pus esse novo amigo para morar nela.

Fui acompanhando todo o seu processo de cura,

Vez por outra, trazia-o para dormir no meu próprio quarto,

Por tamanho amor que desenvolvi

Pelo passarinho.

O tempo foi passando, passando, passando...

E depois de dois meses,

Eu já dava comidinha para ele,

Na ponta da minha língua.

Assim construí uma enorme confiança

E ele me retribuía com um canto

Nunca ouvido antes por mim.

Ao final de seis meses,

Ele já estava totalmente recuperado,

E para eu tomar a decisão de saltá-lo,

Chorei por varias vezes,

Mas tudo um dia chega o dia,

Seria o fim de uma clausura para ele,

Jamais permitiria cercear a sua liberdade,

Porque o amor é justamente isso,

Saber respeitar a natureza

E todo amor que dela é produzido.

Sendo assim, tive o respeito,

De não saltá-lo onde se deu aquele fato triste,

Pois pensei que ele poderia se lembrar.

Então peguei a gaiola e fui para a varanda,

Abri a portinha e me afastei um pouco,

Fiquei por horas observando a cena,

Do vôo para a liberdade,

Mas por mais que eu quisesse,

Ele não saía e ficava,

Ate que o crepúsculo sobre nos,

Pleiteou a noite para chegar.

Novamente fechei a porta da gaiola

E a retornei para o meu quarto.

Na manha seguinte

Resolveria se faria tudo de novo

E fui dormir.

Era um sábado

O dia raiava bonito,

Os passarinhos cantarolavam como nunca,

Vi que era uma boa hora para soltá-lo

E assim repeti o dia anterior.

Ele cantava também,

Pulava,

Acho que era ordem,

Como dizem os passarinheiros profissionais.

A gaiola balançava com o vento,

A porta continuava aberta

E o passarinho não me cansava,

Mas, me instigava a cada vez mais...

Prestar muita atenção.

Minha cabeça já refletia pensamentos não compreendidos,

Ate que assumi espanta-lo para a liberdade.

Mas a minha surpresa foi tamanha,

Porque ainda assim o passarinho não queria ir embora.

Perdido na imaginação chamava-o pelo nome

Que eu o havia batizado e tudo ficava como um conto de fadas.

Finalmente ele voou par fresta do telhado.

Entrei em casa para beber um café,

Assisti televisão,

Fui ao banheiro

E ate uma cochilada dei no sofá da sala.

Acordei meio que sonolento,

Saí na varanda e o passarinho ainda estava lá,

Como se nada tivesse acontecido.

Resolvi então por comida e água espalhadas pela varanda

E já contava com o acaso para definir tal historia,

Se eu contasse talvez ninguém acreditasse.

O tempo corria sobre nos...

E todas as manhas eram alegrias sem fim,

O seu canto imaginário encantava-me,

Passamos a dividir muitos planos juntos

Ate porque eu confessava para ele,

O que faria a cada dia.

Condor Azul
Enviado por Condor Azul em 15/04/2006
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