CANTANDO MEU MEDO DE JAMAIS ENCONTRAR ZÉ.

Penso que se retorno a antes de encontrar que "já nem vale tanto a pena, tudo se repete" posso de repente tão logo, se me deixo ao fluxo, dizer-lhe: te amo, te amo repleto de amor vazio. Como antes: te amo com as palavras duras e fortes, no entanto apenas palavras. Te amo te querendo todos os dias e no dia em que não te tiver, não te quererei. Simples assim. Te amo com a força da dúvida esporádica e interna, te amo apesar. Te amo enquanto, te amo até. Te amo, nada mais, é tudo o que te ofereço. Aceita ou recusa.

Deixamos estar todas estas coisas bobas de amor. Não posso com ele, recuso, receio, afasto. Pouco a pouco é o que vem a ser: não somos assim como imaginávamos, não era assim como imaginei, passou a vontade, a tua, então prefiro que a minha nem chegue a passar e simplesmente apenas no entanto não chegue a existir jamais.

Eu quero o teu braço ao redor de mim. Eu quero teu sexo no meu. Eu quero ir ao cinema sábado à noite, e sexta um jantar e motel. Quero domingos vagarosos com quem ter conversas sobre os filmes que locamos e assistimos numa de noite de quarta-feira chuvosa e juras de amor eterno. Eu quero a falta da solidão, mas não te quero por inteiro, porque inteira não me posso dar: sejamos realistas, não suportamos deixar o idealizado. Que sejamos assim aos pedaços pelo tempo que possamos nos dar aos poucos e não surja a vontade louca de mergulhar.

Vou começar a duvidar, meu amor. Não entenda errado. É que te amo apesar, te amo até, te amo porque, te amo enquanto, te amo quando – e isso é bom, que não é de mim e fica pedindo apenas que atenda com atitudes. De mim é a obediência cega, feito animal bruto seguindo a própria natureza estúpida, irracional, e não consegui-la nunca pelas benditas atribuições de obstáculos intransponíveis. De mim é te amar hoje, não te amar amanhã e ponto: querendo um amor que me preencha mais. Quero dilacerar o meu amor vazio, o meu amor que é oco, de um oco repleto que preenche, para que você me tome enfim.

Não quero dar-lhe as palavras vazias, as palavras da esperança, as do conforto, as dos padrões. Sempre quis mais que tudo isso, tudo isso que é matemática, que soma e resulta, que segue uma equação segura. Mas não é de mim meu amor. A segurança, a assertividade, o seguro, o amanhã, o futuro, os sonhos. Tampouco as próximas horas, por agora, que falta tanto e sempre. Quero dar-te o meu: as palavras repletas de nada, as que vêm de repente e valem para o momento. Sei de algumas coisas que gosto, doutras que não gosto, e não sei tudo: não posso te dar o que não conheço, o que sou completa, desconheço. Meu bem: só me abraça e espera a vida passar.

Anna P
Enviado por Anna P em 16/06/2006
Reeditado em 29/07/2006
Código do texto: T176404