Across: Um novo Mundo: II - Um poema

Depois de todo aquele momento de medo e angústia, ela apenas o observava dormir. Já era quase dia. Não que ficasse muito claro lá fora, mas parte da escuridão já tinha ido embora. E em alguns minutos tería água de novo.

Ele tinha aquele sono gostoso e parecia que sonhava com o paraíso. Já fazia muito tempo que não pensava nisso. Não havia muito o que fazer por ali, mas mesmo o nada já começava a tomar conta de seus pensamentos.

Abriu a janela e resolveu escrever alguma coisa. Sentou-se em frente ao velho computador e digitou algumas linhas, era um poema bobo. Apagou de novo e olhou para a página em branco, esperando alguma inspiração. "Ainda perde tempo com isso?!" Pensou no que o marido diria se estivesse ali. E sentiu a falta dele.

"Amor, meu amor

Estou aqui há tanto tempo te esperando

Sonhando ansiosamente com nosso reencontro

Tento não pensar que perigos ainda vais enfrentar

Não sonhar tem sido difícil pra mim.

Meu amor,

Nossa vida, que era tão sólida

Destinada à felicidade constante..."

Escreveu mais essas linhas e parou ali. Não acreditava em nada daquilo. Mas ainda sentia falta dele.

"Meu bem,

Sua cura desse mundo cruel

está em mim,

Está aqui, junto ao meu peito

No nosso aconchego

Daquele jeito gostoso que você me embrigada

Com seus beijos doces.

Ainda está em meus olhos sua direção

Seu conforto, no meu colo

Suas angústias guardadas em minha lembrança

Então, quando você voltar

Vou te curar de toda essa tortura

Da sua cegueira que te levou para tão longe."

Parecia, enfim, algo real. Era aquela dor que ela queria descrever. E algumas lágrimas rolaram por sua face. No fundo, culpava o marido por tudo. O menino acordou e a observou por um momento e então preocupado perguntou:

_ Mãe, porque está triste?

Ela rapidamente secou os olhos e se virou para o filho:

_ Não é nada. Apenas saudades do seu pai.

Jule Santos
Enviado por Jule Santos em 05/09/2009
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