Pintando a Paz

Certo dia, peguei um lápis e desenhei o planeta Terra. Então, comecei a refletir sobre o mundo em que vivo e pensar em qual seria a melhor cor para pintá-lo. Imagens disformes começaram a passar em minha mente e lágrimas correram dos meus olhos inundando o papel. Pensei o quanto necessitava chorar para que a água derramada lavasse toda a sujeira provinda dos corações humanos, para que o meu desenho tivesse a cor do meu maior desejo: o branco da paz.

Individualismo, ódio, medo, ganância, inveja, separatismo, exaltação, guerra, fascismo, holocausto, “Apartheid”, “Domingo Sangrento”, Hitler, Nazismo, tumulto, impulsos, ditadura, mortes, ruptura, choro, desespero, fome, angústia, canudos, corpos pelo chão agonizando, torcedores feridos, violência, povos desconexos...Quanta dor e desilusão!

Como queria mudar este quadro...E como poderia mudar a realidade? Neste instante mais lágrimas jorraram para apagar a maldade, mas faltavam palavras que incitassem a prática da paz: Ordem, quietude, tranqüilidade, sossego, combinação, conciliação, amizade, acordo, pacificação, armistício, bonança, compromisso, liberdade, prudência, sabedoria, paciência, reconciliação, união, harmonia, viver em paz, muito amor...Quanta beleza e esperança!

A reflexão destruiu minha indiferença, praticava a paz, embora equivocadamente. Percebi que a própria artista necessitava mudar, pois o mundo não será diferente enquanto não formos diferentes, mudarmos o nosso caráter e aprendermos que: “A maior covardia é não saber dizer não há violência”.

Resolvi comprar uma tela, colocá-la no cavalete e pintar um novo mundo, bem colorido, pois assim que a Terra girasse em torno de seu eixo, a fusão das cores em movimentos, unindo-se à reflexão dos raios solares, resplandeceria a luz branca e imperaria a harmonia. O novo quadro ficou pronto, assim como este conto, que necessita ser lido, repensado e discutido, pois de nada adianta a letra, por mais expressiva e importante que seja, se ela permanecer intocável pelos olhos do leitor. Cada um constrói um texto ao lê-lo e o transforma, assim como é capaz de transformar o mundo se mantiver o controle, a consciência e atitudes de um pacificador.

Brenda Marques Pena
Enviado por Brenda Marques Pena em 21/05/2005
Reeditado em 21/05/2005
Código do texto: T18683