Encabulado pergunta se me lembro...
 
Como esquecer àqueles finais de tarde?
 
Às vezes eu corria olhando o relógio e quando chegava o via na calçada...
 
Já me olhava sorrindo porque sempre eu me atrasava.
 
Então era a mesma pedida: dois cafés.
 
E antes mesmo que eu dissesse, você lembrava:
 
- O dela com um "pingo de leite". - tomando a frente do que eu sempre repetia.
 
E era assim que nossa noite começava.
 
A conversa era tão boa que o tempo passava sem que percebêssemos.
 
Você sempre ria de tudo que eu dizia. Às vezes escondia meu jeito de menina e aí então me cutucava, lembrando ser esse jeito que adorava.
 
Ficava olhando você falar.
 
Sua cultura me impressionava, aliada ao sorriso de menino,
 
era a mistura que me fascinava...
 
Nossa, como era delicioso aquele café.
 
Sentia-me uma menina, mas olhava-o como mulher.
 
 
Lembra quando me puxou pelas mãos e saímos correndo pra última sessão do cinema só porque achou que o filme "valia à pena?".

 
 
Eu não esqueço nada. Nenhum café teve o mesmo sabor.
 
 
Nenhum sorriso realmente marcou...
 
E nós sempre perguntávamos, o que tinha ali de especial.
 
Hoje sei que o sabor estava em nossa felicidade e acho que não pode haver no mundo um café com melhor qualidade.
 
Eu sei, sei que nunca esqueceu.
 
 
 
E agora devo admitir:  nem eu.

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 19/11/2009
Reeditado em 11/08/2019
Código do texto: T1933073
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.