Surrealidades hospitalares

– Por favor, você é médico?

– Sim, não está vendo? Isto é um hospital, e tenho uma prancheta.

– E daí que tem prancheta? Funcionários de almoxarifado também têm.

– Claro que têm. Mas não abrem pessoas, e eu abro.

– Ora, isso é muito relativo. Um funcionário de almoxarifado pode abrir pessoas em suas horas vagas se quiser. Pode ser um desequilibrado, um psicopata, um assassino em série.

– Concordo. Mas fazendo isso não estará agindo dentro da lei. Eu abro pessoas legalmente. Sou médico.

– E tem como provar?

– Obviamente. Não está vendo a prancheta?

– Falo de algo mais específico. Como seu registro no Conselho Regional de Medicina, por exemplo.

– Ah, só um momento... aqui está, veja.

– Que número é esse aqui?

– Qual?

– Esse, entre o 8 e o 5.

– É um 7.

– Parece um 1.

– Mas é um 7.

– Mas parece um 1.

– É um 7! Quer ver? Enfermeira, venha cá um instante.

– Sim doutor?

– Que número é esse?

– Qual deles, doutor?

– Esse aqui, entre o 8 e o 5.

– É um 1, doutor.

– Não falei? Impostor! Vou agora mesmo à secretaria do hospital denunciá-lo.

– Espere! O que diabos você estava querendo antes?

– Olha, pra falar a verdade, que me emprestasse a prancheta.

– Pois tudo bem, pode pegar... só não vá até a secretaria.

– Arrá! Agora o médico sou eu.

Damnus Vobiscum
Enviado por Damnus Vobiscum em 25/11/2009
Reeditado em 04/01/2012
Código do texto: T1943412
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