O Tesouro de Bersa

Sou do tempo em que vendedores de livros batiam à nossa porta para nos oferecer as mais diversas coleções. Não tínhamos a facilidade de hoje, que os encontramos até em supermercados, além de livrarias espalhadas por toda parte e ainda a internet, através da qual podemos comprar os que não estão disponíveis em nossa praça. O vendedor, com a sua habilidade, tentava nos convencer a comprá-los, descobrindo o tipo de interesse de cada um de nós.

Conta-se que na abordagem de um potencial comprador, o vendedor percebeu a sua ambição por riqueza material. Então, ofereceu-lhe um livro, com o título de “O Tesouro de Bersa”. Fascinado pelo título, adquiriu o livro e logo começou a ler. Com o pensamento voltado para a descoberta do tesouro, cada vez mais aumentava o interesse pela leitura. A cada página ou capítulo, percebia a necessidade de outros livros para melhor entender aquele, que exigia conhecimentos filosóficos, científicos e até outros idiomas. Levado pela ânsia de encontrar o tesouro, não arrefeceu o ânimo e procurou adquirir livros e mais livros, lendo-os compulsivamente, na esperança de encontrar o seu tesouro.

Algum tempo depois, eis que passa por ali aquele mesmo vendedor do livro “O Tesouro de Bersa”. E o comprador lhe diz que o livro nada tinha a ver com tesouro. Enumerou os livros que havia lido com o objetivo de entender o primeiro e disse não ter encontrado o seu tão almejado tesouro. Mas o vendedor já percebia naquele homem uma felicidade estampada no rosto, revelando uma pessoa diferente de quando o conheceu para vender o livro. Então assim lhe respondeu: “O senhor encontrou o verdadeiro tesouro. Para provar, basta inverter as sílabas de Bersa”. E aquele homem, agora muito culto, descobre o seu verdadeiro tesouro: SABER.