Duas vidas em risco

As tonturas e dores abdominais foram ficando muito constantes, e sempre ao chegar no hospital, lá vinha o médico com aquele soro e o buscopan na veia para passar as dores. Depois de tomar o soro ia-se pra casa, repousava. E no outro dia começava tudo de novo. Uma pergunta se fazia: será que estou com problemas sérios?

Outra vez a mesma coisa, deve ser pedra nos rins, o médico falava, novamente ia para o soro com buscopan. Passados dois meses as dores eram intensas, quase não me levantava, outra vez ao médico, exames de todos os tipos e nada se achava. Até que pedi ao médico que fizesse uma ecografia para tirar as minhas dúvidas, eu me achava muito doente. Naquele dia fui a clínica fazer o exame, o médico examinou olhou para mim, e novamente examinou e exclamou, realmente você esta com algo grave, eu fiquei parada sem saber o que dizer, mas logo eu disse: pode falar doutor nada nessa vida já me assusta, ele abriu um sorriso e falou, você esta grávida mulher! o meu espanto ainda foi maior, eu grávida? sim, disse ele com todas as letras

chorei, sei que foi de alegria, mas tambem de preocupação, porque não poderia mais passar por outra grávidez, pois o médico havia dito que outra grávidez era eu ou meu bêbe. Tinha tido uma grávidez anterior e a pressão subira muito, levando no quarto mês de grávidez ao feto a óbito. Bem naquela situação pego o resultado e trago ao médico que pedira o exame, então ele me disse: a decisão é sua, esta em suas mãos a continuação dessa grávidez, se você quer esse bêbe nasça terá que fazer repouso absoluto por 4 meses, ou deixararemos as contrações ficarem normais até expelir o feto, você quem deve saber o que fazer, a grávidez pode levar você e até mesmo seu filho a óbito.

No mesmo instante eu disse ao médico vou arriscar, prefiro levar adiante a grávidez, diga-me tudo que preciso fazer. Então o médico parabenizou-me pela coragem. Fiquei muito feliz!

Cumpri a risca tudo, tomando os medicamentos que eram necessários para que o feto ficasse bem. Passaram-se os dias e eu cada dia mais apreensiva, mas graças a Deus, foi tudo tão belo, chegou o sétimo mês, e quiz viajar para a cidade de meus pais a 110 km de distância, pedi autorização para ir. Chegando na rodoviária, o motorista do onibus barrou dizendo, como a senhora vai viajar neste estado, eu pensei que estado, se para mim era normal, eu estava muito gorda, o repouso fez com que eu ganhasse mais dez quilos, e as pessoas pensavam que já estava na hora do parto. Mas assim mesmo fui viajar, e ainda faltava dois meses para o acontecimento do nascimento, no nono mês eu estava com vinte quilos a mais, pois não podia fazer nada de esforço, somente esperar a hora de nascer a criança, eu não sabia se era um menino ou menina, mas tinha intuição de mãe, pois já tinha tido várias gravidez, onde o segundo filho que se criou já estava com três anos de vida.

Estive ao médico e perguntei que data seria provável do parto, ele me disse ainda vai demorar mais de uma semana, e o Natal estava chegando, eu queria passar com meus pais, e falei para o doutor, irei viajar e volto para que o senhor faça o parto, ele autorizou que viajasse, mas a qualquer alarme fosse ao hospital. Outra vez a mesma coisa na rodoviária, um outro motorista barrou-me foi muito engraçado, eu passava pela mesma situação anterior. Eu logo falei para o motorista que não havia perigo de ele fazer o parto, eu iria, não tinha outro jeito, meu marido não acompanhou-me pois ele estava trabalhando, eu e meu filho viajamos e correu tudo bem.

Passou dois dias e aconteceu o nascimento, não tivemos tempo de voltar para a nossa cidade, e o Natal mais lindo da minha vida foi no Hospital com a minha filha Bárbara, um presente do Papai do Céu.