UMA CASINHA VERDE.

Falta-lhe um jardim e tampouco possui se quer uma única árvore!

Todavia, tais ausências por mais incrível que pareça não tem impedido que um pássaro, ou talvez dois e às vezes mais de quando em vez pousem sobre a mureta de uma pequena área guarnecida suas paredes por um revestimento que traz à lembrança as ramarias de bambus, enquanto repousam seguen em alarido festivo, e se lhes pode ouvir o cantar, quem sabe, talvez estejam apresentando uns aos outros a mais linda canção do repertorio individual – Eu, com meus pés descalços sobre a cerâmica fria com desenhos de pedras entremeadas por gramínea, embevecida e sob o efeito da minha ilusão de óptica, no meu arremedo de quintal me ponho a admirar os passarinhos alegres que aparecem de quando em quando para me saudar o dia e vez em quando se despedirem de mim à noitinha.

Simplória assim é minha casa, porém, rica em janelas, por donde entra o sol, ou através delas se pode admirá-lo desde muito cedo a se espraiar sobre os tetos vizinhos despertando a gente sob aqueles telhados que trazem, tanto um como o outro, consigo as marcas do tempo – alguns estão envergados, e a cor telha se deixando encobrir pelo véu preto de poeira e lodo, contrastando com o branco dos cabelos dos donos das casas, negros como eu.

Por todos os lados da minha casa, janelas - Deixando ver as vidas sonhadoras passar lá fora, ou ainda a chuva a deslizar-se escada abaixo, degrau a degrau, até chegar à calçada por onde segue limpando os caminhos onde despertas passam àquela gente, cada uma vivendo o seu sonho ou sonhando a vida... Quando simplesmente as deixo de todo abertas o vento tal qual moleque levado entra por ali sem pedir licença, e põe-se como a brincar de esconde-esconde correndo pelos cômodos, depois sai levando consigo o calor e outras agonias, quem sabe!

É uma casinha verde sem quintal, sem varanda, sem lugar prá plantar..., Com certeza é uma casa brasileira.

É lá onde moro, onde por suas janelas poeto a vida, entretendo-me assim vou deixando a vida me levar, admirando as singelezas ao meu redor, apreciando minha casa com cheiro de esperança misturado ao das crianças...

Por conseguinte é uma casinha, simples e com algumas carências – que às vezes motivam o pensar em parar a caminhada - Mas, pela a autoridade da Fé se tem transformado minha casa, a mim me parece que tem anjos hospedados naquele lugar, com o jeitinho de um verdadeiro Lar.

Cláudia Célia Lima do Nascimento
Enviado por Cláudia Célia Lima do Nascimento em 14/09/2011
Reeditado em 15/09/2011
Código do texto: T3218947
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