HISTÓRIAS DE AUDITORIA - A AMEAÇA VELADA

HISTÓRIAS DE AUDITORIA – A AMEAÇA VELADA

Certa vez a auditora fiscal foi designada para fazer uma diligência, à vista de algumas denúncias anônimas, em uma indústria de porte médio às margens de uma rodovia muito movimentada da Cidade.

Apresentou-se e foi bem recebida pelo responsável da área de Recursos Humanos, que já a conhecia.

Começou normalmente o seu trabalho, como de costume, fazendo uma verificação física preliminar, conversando com alguns empregados, solicitando e verificando os documentos necessários.

De repente, o responsável pelo setor de RH se aproximou com um outro senhor, apresentando-o como o gerente da Indústria.

O senhor gerente com o rosto muito sério, após segurar a mão da auditora perguntou:

- A senhora está tratando bem a nossa empresa?

Ela respondeu:

- Não sei. Estou fazendo o meu trabalho; quando eu concluir o senhor verifica se tratei bem ou não.

Ele disse, em pé, à frente da auditora:

- Aqui quem não tratar bem a nossa empresa, hum, hum, hum...

A auditora, então, parando as suas atividades, voltou-se frontalmente para o gerente e perguntou:

- Hum, hum, hum, porquê? O que os senhores farão se eu não tratar bem a empresa?

Ele ficou olhando para ela, calado.

- Já sei... Prender-me-ão aqui. (Ela falou.)

O gerente olhou para ela, desafiador, e ela continuou:

- Bobagem! Trouxeram-me aqui, e se eu não retornar, este vai ser o primeiro local que virão à minha procura.

Mais uma vez o gerente olhou enviesado.

- Ah, já sei (continuou ela), receberei a oferta de um emprego aqui na Indústria. Não creio; não vão poder me pagar o que eu ganho como auditora. Hum! Será que me matarão se eu não tratar bem a empresa? Se me matarem, eu morro, e acabou... Qual a vantagem disso?

O gerente olhou espantado, mas continuou com cara de pouco amigo e disse:

- A senhora não tem medo de nada, não?

- Não. (Foi a resposta dela).

Ele retrucou:

- Eu não conheço ninguém que não tenha medo de nada.

Ela, de pé, estendeu a mão direita para ele e disse:

- Muito prazer, meu nome é 'Fulana'!

Os dois olharam para ela com ar de espanto - quem sabe pela ousadia - e o gerente deu as costas não mais aparecendo na sala.

A fiscalização continuou com todos os seus procedimentos regulares e, após a conclusão do seu trabalho, a auditora foi embora com a mesma tranquilidade que havia chegado.

Se o gerente demorou muito tempo trabalhando nessa indústria, é um fato desconhecido pela auditora, mas ela continuou sendo respeitada pelos representantes daquela Empresa que iam ao órgão público federal onde ela trabalhava.

Dalva da Trindade S. Oliveira

(Dalva Trindade)

08 de novembro de 2011