Uma chance a Deus

Há alguns anos, uma adolescente tentou se matar. Ela era muito sensível, frágil, mas também confusa. Solitária, fechava-se em seu próprio mundo. Desconfiava de todas as pessoas e não revelava seus sentimentos a ninguém.

Na verdade, ela queria descobrir o sentido de sua existência, pois pensava: "Se todos vamos morrer, para que lutar por um ideal ou alimentar qualquer crença que seja?" . Pobre alma, tão sedenta do amor de Deus! Nada para aquela jovem fazia sentido. Era solitária, vazia e cheia de medos...

Muitas pessoas buscavam a companhia dela, no entato, ela sempre se afastava. Todos a queriam bem, mas a melancólica adolescente fazia pouco caso disso. Dizia que as relações entre as pessoas eram superficiais.

Certo dia, quando viajava de ônibus, ouviu uma garotinha conversando com a mãe sobre Deus, Jesus e anjos da guarda. Questionadora e descrente, sentiu vontade de dizer que tudo aquilo era bobagem, entretanto, conteve-se. Enquanto isso, a pequenina e sua mãe conversavam animadamente, observando a beleza da paisagem e recitando seus versículos bíblicos favoritos.

Chegando em casa, o diálogo de mãe e filha não saía da cabeça de Dielle. Pensava consigo mesma: " Como são tolas, coitadas! O mundo parece voltar à Idade Média, ao teocentrismo cego. Como elas são ignorantes, elas nem percebem. São tolas, mas são felizes. Que pena que não enxergam o mundo injusto e cruel onde vivemos!". Seus pensamentos sempre a conduziam ao pessimismo, que ela dizia ser realismo.

Tão jovem e tão sem vida! Essa era a verdade sobre Dielle. Ela preferia a companhia dos livros a das pessoas. Conhecia tudo de filosofia, ocultismo, psicologia, línguas, literatura, alquimia, matemática etc. Seu coração estava ficando embolorado enquanto sua mente se perdia frente a tanta informação. Ela não conseguia ser prática, de tudo se questionava e não fazia nada. Considerava os outros superficiais e não se dava conta de que ela era justamente isso. Tinha medo de defender um ponto de vista, afinal tudo é tão relativo! Para ela, não havia verdade absoluta.

Cansada de tanto pensar e não chegar a respostas e sentindo-se condenada a viver num mundo que não era como ela queria, Dielle resolveu acabar com sua vida.

Não, amigos, ela não era incompreendida, mas sim nunca se deixou compreender. Era tão egoísta e vaidosa com sua "carapaça" de intelectualidade, que acabou virando uma múmia, sem vida, sem sentimento pelos outros. Sequer pensou no sofrimento de sua família e de seus amigos.

No dia em que resolveu cometer suicídio, lembrou-se da menininha, de Deus, de Jesus, do anjo da guarda. O chumbinho já estava sobre a mesa e o copo estava na mão dela. Foi quando, de repente, uma dúvida surgiu:" Será que Deus existe realmente? Por que não paro de pensar naquela menina?". A dúvida trouxe novas possibilidades... Dielle parou por um instante. Olhou para o copo, para o chumbinho. Então, se deu conta de que nunca dirigira um só pensamento a Deus. Chorou compulsivamente.

Em meio ao desespero, lembrou-se de que seu amado avô deu-lhe uma Bíblia de presente de 15 anos. Na época, ela não gostou muito e até comentou com sua mãe: "Papo de crente é muito chato. Gosto do vovô, mas ser crente é terrível, gente fanática e escrava dessas igrejas que lavam a mente das pessoas!". Ao lembrar aquele terrível comentário, o coração dela "deu sinal de vida". Ainda que batendo por remorso, parecia que finalmente Dielle tinha conseguido perceber alguém. A jovem nunca tinha lido aquele livro.

Quando finalmente abriu o presente do avô, para sua surpresa, havia uma dedicatória em forma de poema. O avô a amava e lhe deixou como herança a sua fé. Ele escreveu:

" Quando ainda nem existias

Deus te imaginou

E determinou os teus dias

E no livro da vida

Um poema escreveu

Foi então que você nasceu

Aos anjos deu ordem

Para sempre te guardar

E de todo o mal te livrar

Hoje, nos teus 15 anos,

Sofro muito, filha,

Pois não me engano

Em teu coração

Não vejo espaço para a fé

Tente entender o que Deus quer

Se um dia, cansada,

Pensares em desisitir

Se não quiseres te dar mais nenhuma chance

E a ideia da morte surgir

Como último desejo meu

Peço-te: Dá uma chance a Deus

Ele nunca desampara um filho seu

Ele tem propósitos diferentes dos teus.

Busque a verdade

Ela trará tua liberdade

Acabe com essa triste solidão

Encontre em Jesus a salvação "

Do vô que te ama: Asriel

Depois de 2 anos ler aquele poema, especialmente quando o avô já havia falecido, parecia um sinal. O interessante é que o nome do avô significa "Deus é minha felicidade". Asriel foi um homem sábio, que encontrou todas as respostas por meio da fé.

Dielle ficou triste por não ter agradecido pelo presente nem ter lido a Bíblia que ganhara. Então, pela primeira vez, ela orou a Deus: "Deus, se tu existes, mostra o que queres de mim. Minha existência parece não ter sentido. Sempre repudiei a fé e amei o conhecimento, a ciência. Ajuda-me, por favor!" . Dielle chorava e chorava, abraçada ao presente que ganhou do avô.

Minutos depois, a campainha tocou. Dielle pensou: "Será que não vão ficar na casa da vovó?", é que toda a sua família foi passar o fim de semana com a vó Celina, avó materna da jovem. E, como sempre, Dielle preferiu ficar sozinha para ler seus livros e ouvir música clássica (que o irmão dela dizia ser música para velório, principalmente quando ela ouvia Sonata ao Luar).

Depois de enxugar as lágrimas e lavar o rosto, ao abrir a porta, Dielle se surpreendeu com um grupo de jovens adventistas que, de casa em casa, faziam o convite para uma semana de oração. Ela foi cordialmente abordada por Angélica, que além de convidá-la para a semana de oração, perguntou se ela tinha interesse por algum estudo bíblico.

Dielle tinha preconceito quanto aos adventistas. Os considerava "espertalhões" que não faziam nada no sábado e queriam impor a sua maneira de ser aos outros. Mas nesse dia, que por sinal era um sábado à tarde, ela aceitou o convite, uma vez que sentiu o desejo de dar uma chance a Deus.

Angélica ficou muito feliz. Perguntou se Dielle sabia onde ficava a igreja, ao que ela respondeu que não. Então, a doce jovem convidou Dielle para o JA (culto dos Jovens Adventistas que é realizado nas tardes de sábado). O culto começaria às 16:30 e eram 15:00. Dielle pensou se deveria ir...

"Vamos, nós te trazemos de volta, a igreja é aqui pertinho!" , disse Angélica. " Vou me arrumar..." foi a resposta!

Ao chegar à igreja, Dielle perguntou por que não havia imagens de santos lá. Angélica esclareceu suas dúvidas, explicando que só Deus é digno de adoração, que Jesus é o nosso único mediador e que ambos devem ser adorados em espírito e verdade. Em seguida, mostrou a Dielle os dez mandamentos. A partir daquele momento, Dielle não seria mais a mesma.

A mensagem do culto falava sobre o poder da fé. Era tudo o que aquela confusa jovem precisava ouvir. A partir disso, uma mudança profunda ocorreu: passou a ser atenciosa com todos, procurando ser uma neta, uma filha e uma irmã melhor. Na escola, começou a valorizar os colegas e professores. Um sentimento de alegria e de gratidão brotava em seu coração.

Dielle fez amizades na igreja. Passou a frequentá-la todos os sábados. Participou de várias semanas de oração, concluiu o estudo bíblico e decidiu receber o batismo. Nesse dia, que foi o mais feliz de sua vida, todos os irmãos da Igreja Adventista do Sétimo Dia a receberam como membro com todo amor e carinho. "Houve grande júbilo no céu, minha amiga!", disse Angélica.

Dilelle, finalmente, compreendeu que "o realizar é de Deus" e que "para todo propósito há tempo e modo". No sábado em que sua vida poderia ter tido fim, Deus escreveu uma página de amor, fé e esperança. Hoje, ela é pedagoga e diretora de uma escola Adventista além de responsável pelo ministério infantil da Igreja. É casada com um pastor, tem três filhos. É uma pessoa exemplar, cumprindo com excelência suas responsabilidades como cristã, esposa, mãe, profissional e mulher.

Nossa própria vontade às vezes nos leva a caminhos perigosos, mas a vontade de Deus nos conduz à felicidade eterna. E foi assim que Dielle morreu para o mundo e nasceu para Jesus Cristo.

Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP)
Enviado por Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP) em 07/12/2011
Reeditado em 17/12/2011
Código do texto: T3377173
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