Era Uma Vez ...

Era uma vez uma moça que chegou a um lugar, onde goianos, nordestinos e mineiros eram a maioria.Esse lugar é nada mais, nada menos que uma das cidades- satélites do Distrito Federal.

Como Brasília havia sido fundada há apenas oito anos, aquela cidade onde viviam essas pessoas, que eram na maioria,

muito simples em usos e costumes,a paulista recém-casada com um baiano, sentiu o impacto das grandes diferenças, pois viera de uma cidade que,naquela época era a mais populosa do estado de São Paulo, e do bairro mais nobre dessa cidade.

Sendo baiano, seu marido que já havia residido em Goiás e em São Paulo, e lidava muito melhor com aquelas diferenças .Além disso,não compreendia a hostilidade dos outros habitantes e não tinha sensibilidade suficiente para sentir-se na pele de sua mulher.

Tendo sido educada de maneira tradicional,e sendo hiper sensível, ela foi vivendo entre trancos e barrancos, nesse local onde sentia o preconceito das demais pessoas, por ser paulista, o que na época significava ser mais civilizada.

Com o passar dos anos, foi sentindo que a melhor forma de viver nessa terra de ninguém, pois somente as ciancinhas haviam nascido alí,era "ficar na sua".E assim o fez durante anos, acostumando-se com esse comportamento estranho aos olhos dos outros, que tendo vindo de pequenas cidades, eram muito comunicativos.Uns a achavam fria e outros orgulhosa.

Após três décadas dessa vivência "esquisita", e, já aposentada como professora, resolveu por acaso, iniciar-se na carreira de escritora, pois sempre gostara de escrever. A princípio escrevia poemas, nos quais expressava toda a carência afetiva que sofrera durante esse tempo.Com esses escritos era mal interpretada por uns e apreciada por outros.

Sendo forte, seguiu em frente, com fé e coragem. Contraiu doenças associadas a essa carência, mas foi vivendo.

Aos poucos foi se soltando e seus versos tornaram-se melhores. Em seu coração foi despertando uma grande atração por nem mais nem menos que um nordestino do estado mais carente deste país. Talvez pela semelhança: estado carente e mulher carente.

Hoje ela vive bem. Todos comentam como ficou mais alegre e mais vaidosa. Ela que era antes tão oprimida, cheia de medos de se abrir,atualmente não se importa com o que os outros podem pensar ou comentar. Só sabe que é feliz, sentindo o despertar desse novo amor. Tornou-se uma adolescente, embora na idade madura, e segue sua existência cheia de amor pra dar ao cidadão a quem ama.

Até o momento traiu o marido somente em pensamento. Se tiver oportunidade de se relacionar com esse novo amor, pretende conversar antes com o atual companheiro, o qual considera acima de tudo como um grande amigo, pois é assim que convivem há muitos anos. Estimam-se e entendem-se como dois bons amigos.

marlene andrade reis
Enviado por marlene andrade reis em 29/07/2005
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