Bromélia rebelde

Abri a porta principal. Segurei a bolsa com o braço esquerdo. Os pacotes caíram sobre meus pés. Enxerguei açúcar derramado. Vi a bromélia estática no meio da sala, murcha, triste, morrendo. Gritei. Ninguém respondeu. Era hora de trabalho, fim de tarde. Senti um cheiro de terra molhada! Tremi de frio. Olhei para todos os lados, com medo de assombração. Entrei na cozinha, tudo vazio, armários sem nada. Todas as portas abertas. Voltei para perto da bromélia. Molhei os pés; meus sapatos saíram nadando. Caminhei pela casa orando, assustada, procurei entender. O bilhete dizia: “Senhora, obrigado pelo rancho. Não precisa procurar o livro de receitas.”

Abracei a bromélia com carinho. Ela voltou para o seu lugar. Reviveu.

Izabel Camargo
Enviado por Izabel Camargo em 02/03/2013
Reeditado em 08/03/2013
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