Amor Artista

Tinha uma forte tendência ao drama, embora desta vez fosse diferente.

O coração pulsava num ritmo já conhecido, mas a sensação que vinha do eco de suas batidas era completamente desconhecida;

talvez por isso, fosse exatamente a primeira vez que temia tanto.

Ah, o medo...

Não sei se por coincidência, ma justamente neste dia, ouvira de alguém a seguinte frase:

"tudo que assuta é bom" a pessoa disse isso com tanta propriedade, que seria quase uma afronta não acreditar.

Acreditou.

Reservou um lugar seguro para trancafiar o medo toda vez que ele ousasse aparecer.

Vestiu-se da mais branca arma, despindo-se de toda e qualquer armadura; não queria ter defesas mesmo sabendo que precisava delas.

Tudo que tinha agora era aquela sensação desconhecida que o empurrava.

Ia chorando, mas não era um pranto triste. - muito acontecera para que sua face fosse banhada por aquelas lágrimas. Mesmo assim sorria abertamente logo em seguida.

Era inquestionavelmente feliz e vivia. E toda vez que lembrava disso, sorria como se fosse o último sorriso.

Iluminava tudo à sua volta.

Queria como outrora encontrou-se querendo, mas até esse estado de tanto querer trazia ares renovados.

Impressionate!

A alma não cabia dentro do seu corpo pequeno, aparentemente frágil, indefeso...

Corpo e alma típicos de quem sonha.

Era profundo conhecedor dos resultados de quem espera, e não suportava a idéia de colocar-se naquele papel.

Pensou quase nada. Atirou-se!

E seria estranho se acontecesse o oposto;

o amor artista se arrisca, por saber que a vida sem risco, é uma total ausência de arte.