Despedida

E, neste exato momento, ele observa que seus olhos refletem uma única verdade:

"Não consigo entender o que estou sentindo."

De maneira doce e calma, abre um sorriso e esboça um abraço que, mesmo inicialmente negado, quebra o clima tenso ali criado.

Vendo que estava forçando uma situação delicada que seria complementada com diversas perguntas predeterminadas com o seguinte início: "E se.."

Cansado de tudo isso, ele desiste de mostrar o quão o mundo pode ser perfeito e intenso (diferentemente de todos os anúncios de terceiros é duro e frio) e que sua companhia era, apenas, para trazer, despertar, a sua felicidade.

E como num estalo, o tempo parou.

Parou de pensar no presente e no futuro..

Lembrou de um passado bem distante, de um discurso bem antigo, de um pensamento tão certo e firme que parecia ainda mais que vivo naquele instante em sua mente:

"Não viva de dúvidas. A teoria é simples.. Quem não respeita a sua família, não é digno de conviver com a mesma. Essa é para você que não sabe valorizar quem está ao teu lado. Eis que uma pergunta surge: Do que vai adiantar viver uma vida sem qualquer demonstração de doação e de união?!

De nada vai servir se não sabes viver na união de seus irmãos.

Se não sabes ouvir e quando digo ouvir, estou indo além da audição.

Estou falando das súplicas de uma vida enclausurada que teimamos em não perceber. Se não sabes ouvir teu irmão, jamais irá prevalecer a base sólida e verdadeira de uma família. Forme e construa sua família na união. Conviva no que lhe é suficiente e verdadeiro. E, no final, nada mais importa. Lembre-se: União é o que importa."

E com um alívio no coração, percebeu que ele sim estava pronto para viver a mais simples forma de felicidade.

E ela?

Ela não tentou.

Não arriscou.

Não lutou mais para viver.

Ele percebe que ela ficou presa ao passado, que obriga a viver castigando o presente e tentando apagar o futuro.

E, neste momento, apenas ligou o carro e foi embora, juntamente com todos os seus sonhos de um rascunho mal feito de felicidade.

Augusto Maia
Enviado por Augusto Maia em 27/12/2013
Reeditado em 22/02/2014
Código do texto: T4626761
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